Ontem concluímos as eleições municipais de 2012 para os cargos de
vereador e, em muitas cidades para os cargos de Chefe do Executivo.
Para os cargos de vereador do nosso Legislativo o resultado da eleição
decepcionou muita gente. Muita gente que acreditava na renovação e que os
escândalos protagonizados pela maioria dos atuais vereadores nas votações da
Casa de leis teriam despertado a população, ou a maioria dela, para a mudança.
Foram reeleitos os seguintes vereadores: André Luiz da Silva (PCdoB); Capela Novas (PPS); Cícero Gomes da Silva
(PMDB); Giló (PR); Gláucia Berenice (PSDB); Jorge Parada (PT); Bebé (PSD);
Bertinho Scandiuzzi (PSDB); Léo Oliveira (PMDB); Maurílio Romano (PR); Samuel
Zanferdini (PMDB); Saulo Rodrigues (PRB); Waldyr Villela (PSD); Walter Gomes
(PR).
Foram eleitos os seguintes novos vereadores: Ricardo Silva (PDT); Maurício Gasparini (PSDB); Marcos Papa (PV);
Genivaldo Gomes (PSD); Paulo Modas (PR); Beto Cangussu (PT); Rodrigo Simões
(PP); Viviane Alexandre (PPS).
Os atuais vereadores que não foram reeleitos: Coraucci Netto (PSD); Marcelo Palinkas (PSD); Nicanos Lopes (PSDB);
Nilton Gaiola (PSC).
Frustrados ficaram todos aqueles que perseveraram na ideia de que do
jeito que estava não poderia continuar e o rompimento disso viria, num primeiro
momento, com a não reeleição dos atuais 18 vereadores que se candidataram,
porque se tanta reclamação há da população em relação à cidade e às pessoas que
a administram e fiscalizam, condizente seria não votar nos mesmos que ai estão
para tentarmos, com novos representantes, inverter a situação que está
provocando tanta insatisfação.
De fato, pela totalidade dos votos de cada candidato eleito,
verificamos que poucos foram os votos e que se não fosse pelas coligações,
muitos não teriam sido reeleitos. E ai somado a isso temos a falta de
informação de muitos eleitores que na ignorância propositadamente produzida
pelo sistema, que sabe se aproveitar muito bem desse artifício, tivemos o
resultado catastrófico com que nos deparamos ontem.
Muitos eleitores sem acesso a internet, a televisão, aos jornais e
desinteressados da vida política da cidade e de nossos representantes, votam em
números, desapegados de qualquer significado ou qualidade do que esses números
representavam. Pessoas que são o produto da falta de investimento em educação,
em instrução, em análise crítica, porque, afinal, tem muito vereador que não
quer ser analisado, muito menos criticado.
Nesse submundo de conscientização, os viciados no poder renovam seu
vício, perpetuam seus currais eleitorais, alimentam com o mais pobre e atroz
assistencialismo almas que ao relento da sorte, admitem a mais fugaz oferta
para seus votos. Paralelamente, há aqueles que não carecem de dinheiro, mas
carecem de princípios e interesse no bem coletivo, votando como mais bem
aprouver seu interesse particular. E essa é a pior carência, porque não provém
da necessidade, mas do egoísmo.
Quanto ainda temos que melhorar, pessoas a despertar, vícios a curar,
males a erradicar, hábitos a condenar, sistemas a alterar, vidas a conscientizar...
Concomitantemente tivemos campanhas de pessoas e movimentos protestando
pela renovação, sendo a campanha do Movimento Panelaço, a mais enfática. Fomos às ruas, à Câmara de Vereadores, à Prefeitura, nas redes sociais e na imprensa,
manifestar a renovação que entendemos ser extremamente necessária. Tivemos
muito apoios na ruas, que se repetia e aumentava a cada ato. No último dia da
campanha "Não Reeleja", dia 06/10/2012, estávamos no calçadão e ruas
sob um sol de 40 graus. Ativistas que abdicaram de suas vidas na busca de uma
outra realidade, que possibilitasse o bem de todos e da cidade, algo bem
diferente das condutas que vivenciamos na atual legislatura.
Pedir a não reeleição não foi utopia, foi necessidade e coerência com o
progresso que queremos para a cidade. Utopia é imaginar que isso venha sem a
renovação dos atuais vereadores.
Mas enfim, o voto é individual e deve ser livremente manifestado,
independente da concepção de cada um e do candidato escolhido. Isso é
democracia, e respeitar esse ato é respeitar a democracia.
Mas respeitar a democracia também é possibilitar a todas as pessoas
acesso a educação, instrução e informações, de maneira irrestrita e
incondicional, para, dessa forma, as pessoas poderem formar suas opiniões e, ai
sim, votarem.
Simplesmente distribuir "santinhos", bolas, cestas básicas,
criar ong´s, casas assistencialistas, ser fiel participante de igrejas, não
ajuda em nada o processo político eleitoral, a democracia, a cidade e a vida das pessoas, pelo contrário,
agindo assim o candidato os desrespeita da maneira mais torpe e covarde.
Mas tudo isso também demonstra que muitas coisas precisam ser
corrigidas e melhoradas em nosso sistema eleitoral, na vida da cidade e em
nossos eleitores, e nada disso deve ser justificativa para desistência, pelo
contrário, deve sim ser estímulo para aumentar os esforços para a mudança
acontecer e já que essa mudança não se faz de um dia para ou outro, mas todos
os dias, é diariamente que devemos agir para o progresso, a renovação,
trilhando o caminho, fazendo a caminhada, colocando os tijolos.
Difícil? É sim, muito difícil, mas ninguém falou que ia ser fácil. E as
pedras no caminho, parafraseando Fernando Pessoa, servirão para construir nosso
castelo social.
Raquel Bencsik Montero
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