Neste domingo, 28 de outubro de 2.012, ficou definido o cenário
político do governo municipal para os próximos quatro anos.
Com menos de 4% de diferença, a Prefeita Dárcy Vera (PSD) venceu a
disputa do 2º turno com o candidato Nogueira (PSDB).
Mais da metade do eleitorado de Ribeirão Preto não votou na candidata
reeleita.
Ribeirão tem 419.435 eleitores. A Prefeita foi reeleita com 155.265
votos. Os votos válidos, que se referem só aos destinados aos candidatos,
totalizaram 298.781. Os demais votos, 120.654, se referem aos votos em branco
(8.031), nulos (20.062) e abstenções (92.561).
264.070 votos, resultantes dos votos válidos dirigidos ao candidato
Nogueira, e dos votos em branco, nulo e abstenções, não foram destinados para a
reeleição da Prefeita, ou seja, quase 63% dos eleitores de Ribeirão, não
votaram pela reeleição da Prefeita Dárcy Vera.
Mas enfim, como só se computam os votos válidos, na análise desses a
Prefeita conseguiu a maioria, com uma diferença inferior a 4% do candidato
Nogueira.
Repito aqui, o que eu já disse acerca da democracia nas eleições dos
candidatos à vereança de Ribeirão.
Ainda não podemos dizer que o resultado de nossas eleições municipais
foi democrático em razão de vários fatores que restringem ou impossibilitam a
democracia. Reitero;
·
a
falta de acesso a internet, a jornais, a televisão para instruir as pessoas;
·
a
ausência de escola de qualidade para a educação e formatura das pessoas;
·
o
desinteresse das pessoas pela vida política;
·
a
barganha que se faz com o voto, seja por interesse particular egoísta de
alguns, seja por necessidade financeira de muitos;
·
a
disparidade econômica dos candidatos que concorrem às eleições. No Brasil
o financiamento de campanhas políticas pode ser de fundos públicos e de
origem particular, e, dessa forma, candidatos que podem contar com particulares
que queiram financiar suas campanhas políticas, tem vantagem sobre os
candidatos que não podem contar com tal medida. Nesse sentido sabemos que a Prefeita
reeleita teve gastos de campanha eleitoral bem maiores que a maioria dos demais
candidatos ao Executivo Municipal, situação que a coloca em condição de
superioridade sobre os demais candidatos e ratifica desigualdade de condições
na competição eleitoral. Poder contar com mais instrumentos para a campanha
traz sempre mais chances de sucesso nos resultados, isso é óbvio;
·
a
enorme coligação que o partido da candidata fez, contando com 17 partidos
coligados e, no segundo turno ainda contou com o apoio do PT;
·
a
condição de estar a candidata no controle da máquina pública, o que a favorece
na influência das decisões de votos dos servidores públicos e os familiares e
amigos destes.
Todos esses fatores contribuem não só para a reeleição mas
também para um voto desapegado de significado e que não representa a vontade
legítima do povo, e a porcentagem de votos não destinados para a reeleição da
Prefeita corrobora essa afirmação (63%).
Por derradeiro, esse é o resultado que temos e, pela lei atual que temos, democrático ou não, temos que aceitá-lo.
Além de reeleita a Prefeita quebra mais um paradigma em Ribeirão; já é a primeira mulher eleita prefeita de Ribeirão, agora é a primeira Chefe do Executivo reeleita na cidade.
Críticas, há e houveram várias, desde o financiamento da
campanha da Prefeita reeleita até o resultado efetivo que ocorreu no domingo.
Mais críticas ainda houveram quanto ao governo da Prefeita nesses quatro anos
que nos antecedeu. Aqui mesmo eu teci várias dessas críticas.
Críticas procedentes, críticas improcedentes. São críticas
que devem ser analisadas e aprofundadas, principalmente pelo autor da crítica
porque é a partir disso que podemos corrigir o que, eventualmente, se considera
errado.
A crítica inclusive, reforça a fiscalização que deve ser
feita sob a gestão pública e os gestores públicos. Se a eleição tem que ser
respeitada, a fiscalização, principalmente para aqueles que discordaram do
resultado, tem que ser reforçada.
Não há tempo para lamentos, muito menos para desistências.
O tempo é de trabalho, de ativismo, de militância, de identificar os erros e
aprender com eles. É tempo de CIDADANIA.
Passemos a exercer nossa cidadania rumo ao que queremos de
melhor para a cidade, para o país, e assim, quiçá, conseguiremos fazer também a
reforma política que pode estabelecer a real democracia nas eleições futuras e
assim, um resultado que agrade, senão a todos, à legítima maioria.
Raquel Bencsik Montero
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