José Cruz/Agência Brasil
A presidente Dilma Rousseff (PT) (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
O processo de impeachment não é e não pode ser político, sustentam especialistas. Um pedido de impeachment só pode existir se houver a existência de pressupostos jurídicos previamente estabelecidos na legislação.
“Qualquer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento jurídico sabe que a presidente Dilma em nenhum momento praticou qualquer conduta que configure crime de responsabilidade. Diante da ausência de fundamentos, não há impeachment, nesta circunstância é golpe de estado”, diz a advogada Raquel Montero.
O sociólogo e cientista político Fábio Pacano também aponta falta de legitimidade para o processo. “Considero o governo Dilma muito ruim, mas o impeachment não é justo, principalmente pela questão da legitimidade. O voto popular, por mais errado que seja, tem de ser respeitado. Não me parece justo uma presidente ser julgada por uma corja de corruptos sem que hajam provas contra ela”, opina.
Em último caso, Pacano defende nova eleição para troca geral do governo.

11 motivos para não ter impeachment

Falta de dolo em
atos suspeitos
Apoiadores do governo entendem que, para serem enquadrados como crime de responsabilidade, os atos praticados por Dilma precisariam ser dolosos e com o objetivo claro de atentar contra a Constituição Federal. Neste caso, a suposta omissão da presidente, face a suspeita de irregularidades, não poderia levá-la ao impeachment.
Royalties para
a educação
A presidente Dilma Rousseff defendeu e conseguiu que 75% dos royalties do petróleo e 50% do chamado Fundo Social do Pré-Sal fossem destinados à educação. Para apoiadores do atual governo, Dilma garantiu centenas de bilhões a um setor essencial para o futuro do País.
Reprovação das contas
não é crime
Defensores da presidente Dilma Rousseff afirmam que, mesmo que o Congresso Nacional reprove as contas do governo, como recomendou o TCU (Tribunal de Contas da União), não há motivo suficiente para um processo de impeachment. O TCU é considerado somente um órgão consultivo, e a reprovação das contas ainda não ocorreu no Legislativo.
Dilma foi eleita
democraticamente
Para apoiadores do governo, Dilma deve ser mantida na presidência por ter sido eleita democraticamente nas eleições de 2010 e reeleita em 2014. Na recondução, a presidente teve 51,64% dos votos válidos – 54,5 milhões de votos. O segundo colocado, Aécio Neves (PSDB), teve 48,36% dos votos válidos – 51 milhões. O ex-presidente Lula foi o principal cabo eleitoral de Dilma. 
Brasil sem Miséria beneficia milhões no País
A implantação ou a continuidade de projetos sociais, como PAC, Bolsa Família, Mais Médicos, Prouni, Pronatec e Minha Casa, Minha Vida é suficiente, aos olhos de apoiadores, para que Dilma continue. As gestões petistas teriam tirado o Brasil do Mapa da Fome e reduzido à pobreza por meio do Plano Brasil Sem Miséria.
Mandatos
independentes
Apoiadores de Dilma defendem que os dois mandatos são independentes, embasados em diferentes eleições, e que não pode haver impeachment durante o segundo mandato por crime de responsabilidade – como no caso das pedaladas fiscais – praticado no primeiro. O ato não seria uma punição, mas uma garantia de que, diante de crimes, o mandatário pode perder o cargo. 
Lei anticorrupção
regulamentada
Com o objetivo de punir empresas envolvidas em corrupção, a Lei Anticorrupção foi regulamentada por Dilma em 2015. Para aliados, a presidente combate a corrupção ao transformar em crime o caixa 2 e a lavagem de dinheiro, além de prever confisco e devolução de bens obtidos ilicitamente. 
Contas de 2015 ainda
não foram julgadas
O TCU ainda não analisou representação do Ministério Público de Contas que afirma que o Governo Dilma também realizou pedaladas fiscais em 2015 – após a reeleição da presidente. O argumento é considerado frágil por apoiadores da presidente para abrir um processo de impeachment.
Marco Civil
da Internet 
Criado por lei, em 2014, o Marco Civil regula o uso da Internet no Brasil, por meio da previsão de princípios, garantias, direitos e deveres para quem usa a rede, assim como a determinação de diretrizes para a atuação do Estado. Para os apoiadores do governo, Dilma colocou o País na liderança dos esforços pela liberdade de expressão e pelo combate à espionagem indiscriminada.
Lei da Transparência foi sancionada por Dilma
Denominada Lei da Transparência, a Lei de Acesso à Informação (LAI) foi sancionada pela presidente Dilma com o objetivo de regulamentar o direito constitucional do cidadão ao acesso a informações produzidas ou detidas pelo governo. Apoiadores lembram que Dilma também criou o Portal da Transparência
Comissão da
Verdade
Para aliados, Dilma não deve sofrer impeachment por ter tirado do papel a Comissão da Verdade, cujo objetivo é apurar graves violações de direitos humanos ocorridos durante a ditadura. Até mesmo a ONU (Organização das Nações Unidas) elogiou a proposta de investigar e apurar a verdade sobre o que ocorreu naquela época. Dilma, que chegou a ser torturada na ditadura, não teria cedido à pressão e resistência de antigos torturadores e supostos assassinos.