Ontem foi realizado um encontro sobre
Segurança Pública, convocado pela Associação de Moradores do Complexo do
Mirante, composta pelos bairros Portal do Alto, Arlindo Laguna, Jamil Seme Cury e
Lacerda Chaves. O encontro reuniu a Polícia Civil através de um
delegado, a Polícia Militar e moradores.
Em minha fala manifestei
que responder à criminalidade com
encarceramento em massa não é solução. Enquanto faltar qualidade na educação e
oportunidade de trabalho, sempre haverá saída para a criminalidade e qualquer
outra medida será mero paliativo.
É
fundamental oferecer serviços públicos básicos que evitem que as pessoas
recorram à criminalidade. Havendo essa oferta, ainda é necessário investimentos
para que tenhamos uma segurança pública que tenha condições de prevenir o
crime. Porém, na prática, não é nada disso que verificamos em São Paulo.
O orçamento para a Segurança Pública em 2014 é de quase 18
bilhões. As secretarias de Educação e Segurança de São Paulo foram responsáveis
por apenas 2% dos R$ 10,8 bilhões gastos com investimentos pelo governo
paulista em 2013, segundo dados do Portal da Transparência estadual. Do
investimento total de R$ 799 milhões disponíveis para a secretaria de Educação,
o governo desembolsou somente R$ 110 milhões, até dezembro de 2013. Na
Secretaria de Segurança, a dotação atualizada era de R$ 458 milhões, mas foram
desembolsados R$ 108 milhões. O governo apresenta números muito mais elevados:
R$ 709 milhões na educação e R$ 406 milhões na segurança. Esses números citados
pela gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) são, na verdade, de valores liquidados,
mas não necessariamente realizados. Normalmente, o serviço é contratado e feito
o chamado empenho de despesa, a reserva orçamentária.
A
Polícia Militar do estado de São Paulo é a terceira pior remunerada, com um
vencimento de R$ 2.400,00.
Os
baixos salários, a precariedade das instalações e das condições deixam as
Polícias Militar e Civil do Estado de São Paulo desassistidas em um momento em
que as duas forças são peças fundamentais na luta contra o aumento dos índices
de criminalidade.
Viaturas
quebradas, coletes à prova de balas vencidos e armamento defasado, muitas vezes
em situação de inferioridade ao utilizado pelos bandidos, são alguns dos pontos
citados por policiais militares de São Paulo.
Na
Polícia Civil, os salários considerados baixos para delegados iniciantes (R$
5,4 mil) levaram a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo
(Adpesp) a iniciar uma campanha para incentivar delegados da ativa a fazerem
concurso para trabalhar no Paraná, onde o salário inicial é de R$ 13 mil.
Segundo
informações da ADPESP, a cada dez dias um delegado desiste do cargo. Em 2011, a média era de um a
cada 15 dias.
O
que vemos são profissionais que trabalham, mas o empenho poderia ser outro e,
com isso, a agilidade e o resultado da investigação seriam totalmente melhores.
A grande maioria não está feliz e muitos pensam em deixar a carreira porque não
vale a pena. E não é só a vida do profissional que está em risco e, sim, de
toda sua família, que acaba sofrendo ameaças e vinganças de criminosos.
Segundo
as entidades, o nível salarial da polícia civil paulista está classificado em
26º lugar entre os 27 Estados brasileiros. O empobrecimento da corporação tem
provocado uma enorme debandada de policiais, que optam por trabalhar em outros
Estados ou simplesmente mudam de profissão.
O
piso salarial do policial civil do Estado de São Paulo é de R$ 1.476,00. No
último concurso realizado para vagas para Polícia Civil o vencimento divulgado
foi de R$ 3.160,08.
O
vencimento médio de um Bombeiro no Estado de São Paulo é de R$ 2.000,00. Esta
em 8º lugar dentre os vencimentos de Bombeiros com relação aos demais estados e
o Distrito Federal, sendo que o mais alto valor é pago pelo Distrito Federal,
R$ 3.453,70.
Somos
o estado mais rico da federação, mas, no entanto, o que nosso estado paga para
profissionais que têm a função de salvar vidas, uma função altamente nobre
portanto, é vergonhoso, e está atrás de vários outros estados que, por sua vez,
tem menos condições financeiras que o Estado de São Paulo.
Raquel
Montero