Raquel Montero

Raquel Montero

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

25 anos de uma Constituição Federal cidadã


 Neste 05 de outubro o Brasil completa 25 anos de existência da nossa vigente Constituição Federal (CF), considerada uma das Constituições mais avançadas do mundo, e por isso também é conhecida como Constituição Cidadã.
Depois de uma noite soturna que durou 21 anos, e que nos fez viver “anos de chumbo” com um golpe de Estado no Brasil de 1.964, os brasileiros, em um tumultuado processo e ao mesmo tempo tão esperançoso, protestaram pela volta do Estado de direito, cuja ausência deu margem a diversas barbáries.
O fim da ditadura em 1.985 se fez solene com a entrega da faixa presidencial a José Sarney, porém, a solenidade ainda não havia concretizado garantias para um porvir democrático. Os “anos de chumbo” registraram na memória, no emocional, no corpo e na alma dos brasileiros, que era necessário muito mais. Era necessário uma nova constituição brasileira, elaborada sob a inspiração da idiossincrasia das lembranças das amarguras e torturadas vividas pelo povo com a esperança do novo, e sacramentada com o peso de garantias que fincassem no texto supremo da nação, a liberdade, a dignidade e o respeito a todos os seres.
Assim, em fevereiro de 1.987, sobre forte comoção e mobilização nacional, foi convocada por uma emenda constitucional uma Assembléia Nacional Constituinte (ANC) com 594 deputados, e sob a presidência do então deputado federal Ulysses Guimarães (PMDB). ANC durou de fevereiro de 1.987 a 05 de outubro de 1.988, quando então foi promulgada nossa nova CF.
Na época da promulgação da CF vivíamos condições discrepantes das atuais; na época, uma inflação de 980,22%, já hoje é de 6,6% no acumulado de 12 meses; a expectativa de vida era de 65,8 anos, hoje é de 74 anos; o analfabetismo era de 17% da população acima de 15 anos, hoje esse índice é de 8,6%; a frota de automóveis era de 10 milhões, hoje é de 70,5 milhões; o PIB per capita era de US$ 6.600, hoje é de US$ 12,465.
Com a CF de 88 conseguimos inefáveis conquistas, dentre as quais; fazer com que todos os filhos, de dentro ou de fora do casamento, adotado ou não, passassem a ter os mesmos direitos; também passou a ter os mesmos direitos o trabalhador rural com relação ao trabalhador urbano; foi estabelecido o limite máximo de 44 horas para jornada de trabalho; criou-se o seguro desemprego; garantiu-se o direito de greve ; consagrou-se o concurso público para acesso ao trabalho no órgãos públicos; voto direto para a Presidência da República; pela primeira vez na história pessoas que não sabem ler passaram a ter direito de votar; reconhece-se a união estável como entidade familiar; atribuiu-se função social à propriedade, que antes era considerada um direito absoluto e inquestionável do proprietário; crianças e adolescentes que antes eram de responsabilidade exclusiva de suas famílias, passam a ser de responsabilidade de toda a sociedade; todas as pessoas passam a ter direito de serem atendidas num sistema público de saúde, antes o extinto INAMPS atendia somente pessoas vinculadas à Previdência, o resto da população dependia de entidades beneficentes; a censura dos meios de comunicação passou a ser proibida.
Melhoramos, melhoramos muito. E isso dá o crédito à nossa CF como uma das mais avançadas do mundo, e por isso também, chamada de Constituição Cidadã. E todas as conquistas registradas na CF de 88 deve nos fazer comemorar sempre a existência dessa carta de regras e princípios que nos permitiu e nos permite galgar caminhos mais civilizados, pacíficos, solidários e justos da formação humana.
Claro, muito também ainda temos que melhorar, sobretudo revisando a mesma CF de 88 que nos propiciou tantos avanços sociais e individuais. Mas é vivendo a história que conseguimos melhor visualizar, entender e sentir o que temos que aprimorar. Contudo, a partir de 88 tivemos condições e instrumentos para fazer as mudanças como em nenhuma outra fase da história tivemos. E é justamente com essas novas condições que podemos fazer muito mais pelo Brasil e por cada um de nós.
Os instrumentos foram dados, cabe a nos utilizá-los.

Raquel Montero  

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