A promessa de campanha
eleitoral da, agora reeleita, Prefeita Dárcy Vera, se concretizou. Passe livre
para todos os estudantes do ensino básico, fundamental e médio, das redes
municipais e estaduais.
Bom se o benefício só
trouxesse benefícios. Mas não foi o que ocorreu. Aliás, foi bem diferente.
A isenção de tarifa
para os aludidos estudantes ocorreu concomitantemente com o aumento da tarifa
do transporte público, passando de R$ 2,60 para R$ 2,90. Assim, o pai e a mãe
do estudante estão recebendo a isenção de tarifa relativa aos seus filhos
estudantes porque estão pagando mais pelas suas passagens do transporte
(passagem do pai e da mãe). Mais uma vez, a população é majorada sob pseudo
benefício.
O Passe Livre não é uma promessa,
não é uma proposta de campanha eleitoral. Ele é sim, antes de tudo isso um
direito social; o direito de ter transporte para acessar aos demais direitos
sociais e para acessar a própria cidade. E ele tem que existir para
todas as pessoas, sem distinção. Assim como tentou Luiza Erundina na Prefeitura
de São Paulo, quando a Secretaria de Transportes fomentou o Projeto Tarifa Zero, que garantia passagens subsidiadas
pelo governo e pela iniciativa privada. A ideia era que uma parte dos impostos
pagos pelas empresas que dependiam da locomoção de seus trabalhadores, fosse
para um Fundo de Transporte.
O projeto foi rejeitado pela
Câmara de Vereadores, mas continuou a ser discutido por movimentos sociais que
deram mais repercussão ao assunto. De certa forma, muito se pôde aproveitar com
o citado projeto nas discussões que ele rendeu e ainda está rendendo.
Mas a ideia proposta pela
deputada e reiterada aqui, vai além. Vai além de distinções. Não se trata de
isenção de tarifa só para estudantes, ou só para idosos, ou só para
trabalhadores. Trata-se de isenção de tarifas para toda e qualquer pessoa que
queira usar o transporte público da cidade para transitar pela cidade e assim
ter acesso a todos os demais direitos, tais como, cultura, esporte, saúde,
educação, etc.
Essa proposta inclusive, tem
embasamento legal, principalmente, constitucional A Constituição Federal em seu
artigo 5º diz que "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes..."
Pois bem, como falar no
direito à vida e à liberdade, sem ter condições de acessar os meios, de ir até
os locais que nos fazem viver ou termos liberdade para escolher viver, sendo
estes meios a cultura, a educação, o esporte, a saúde, a maternidade, etc?
No artigo 6º da Constituição
Federal está expresso que "São
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição."
Como falar em qualquer
desses direitos se a pessoa não tem dinheiro para pagar a tarifa do transporte
público para ir até os locais que propiciam tais direitos?
É triste ver que ainda
existem governantes que não enxergam ou relutam em enxergar esse direito das
pessoas. Lastimável Prefeita.
Raquel Bencsik Montero
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