Ontem, dia 25 de abril de 2014, realizamos no Diretório do PT de
Ribeirão Preto a etapa municipal do 5º Congresso Nacional do PT, que será realizado entre
os dias 11 e 14 de junho de 2015 em Salvador (BA).
O evento foi aberto a
filiados, simpatizantes e cidadãos interessados em construir um debate políticos
com as lideranças do Partido, visando ampliar o canal de diálogo com a
sociedade, com os movimentos sociais, setoriais e com a militância partidária
para aprofundar a análise da atual conjuntura política do País e do Estado.
Em minha manifestação,
dentre todos os temas relevantes a serem colocados e debatidos, dei ênfase a
reforma política e, dentro deste tema, ao fim do financiamento privado de
campanhas eleitorais.
Falei que o Congresso Nacional tenta a reforma política sobre o
financiamento privado de campanhas há 18 anos, no entanto, o que ele conseguiu
até agora foram reformas fatiadas, como os showmícios, que embora aperfeiçoem o
sistema não atacam o problema central e o cerne de todos os demais problemas,
que é exatamente a maneira como as campanhas eleitorais são financiadas.
E todas as alterações fatiadas que já ocorreram, apesar de aperfeiçoarem
o sistema, como não chegaram ao problema central, acabaram ainda contribuindo
para aumentar o custo das campanhas eleitorais.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre 2002 e 2010,
por exemplo, os gastos declarados nas eleições gerais do Brasil cresceram
exponencialmente, passando de 827 milhões para 4,09 bilhões. Um aumento de 591%
no período.
Em média um assento de deputado federal custa 2,5 milhões. Esse valor é
bancado por empresas que têm interesses particulares e querem que esses
interesses sejam defendidos pelos deputados. As empresas, então, cobrarão
dos deputados, através da defesa parlamentar de interesses, e acaso eleitos, as
doações que fizeram para suas respectivas campanhas.
Os recursos empresariais são a principal fonte de financiamento das
campanhas no Brasil, tendo representado 74,4% de todo o dinheiro aplicado nas
eleições em 2010 (mais de 2 bilhões). Quanto mais cara a campanha, mais o
processo democrático é deformado.
E o candidato que foi financiado por empresas e teve mais dinheiro para
investir em sua campanha eleitoral, acaso venha a ganhar a eleição, pode não
representar o candidato mais bem preparado e mais competente para a prestação
do serviço público, mas sim, o candidato que teve mais dinheiro para investir
na sua campanha, em detrimento de outros candidatos que não tiveram a mesma quantidade
de recursos para investimento.
E ter pessoas que não tem preparo e competência para ocuparem mandatos
políticos e prestarem serviços públicos, é ter a origem da maioria dos
problemas sociais que ainda enfrentamos até hoje.
O financiamento de campanhas eleitorais por parte de empresas causa
desequilíbrio na disputa eleitoral, fazendo com que os candidatos não disputem
mais entre projetos e idéias, mas sim, entre mais recursos financeiros para
mais propaganda e marketing eleitoral.
A representação política não deve se nortear pelo poder econômico. É
saudável manter um sistema que cada vez mais é regido pelo dinheiro que cerca
de 400 executivos de empresas privadas escolhem os eleitos e assim influenciam
decisivamente os rumos do país?
Não é melhor termos um sistema em que a disputa eleitoral se dá de
maneira paritária e igualitária entre os candidatos no campo das idéias e
projetos que melhor beneficiem toda a sociedade?
O fim do financiamento privado por parte de empresas para campanhas
eleitorais ataca o problema central do sistema político, chegando ao cerne das
más representações e corrupções em mandatos. O financiamento deve ser público e
exclusivo de pessoas físicas dentro de um conjunto de regras defendidas
legalmente e que estabeleçam igualdade na disputa eleitoral.
Raquel Montero para o 5º Congresso Nacional do PT
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