Raquel Montero

Raquel Montero

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Menos homenagens e mais trabalho


"Será, porventura, a falta de ciência que há em muitos pregadores? Muitos pregadores há que vivem do que não colheram e semeiam o que não trabalharam."
Quem falou isso foi Padre Antônio Vieira, em Sermões Escolhidos.
Padres foram os principais homenageados do vereador Capela Novas (PPS). De fevereiro (janeiro não houve trabalhos legislativos porque a Câmara estava de recesso) a agosto de 2.013, o vereador Capela Novas (PPS), foi campeão na apresentação de projetos de lei para dar nome a rua. No total foram 24 projetos, e quase a totalidade deles com nomes de padres. São quase 04 projetos por mês só de autoria do vereador Capela.
Após a repercussão desse levantamento (vide reportagem http://www.jornaldaclube.com.br/videos/10373/excesso-de-projetos-de-lei-para-nomea%C3%87%C3%83o-de-ruas-chama-a-aten%C3%87%C3%83oo vereador diminui significativamente sua iniciativa para projetos de lei para nome de rua. Até o final da legislatura de 2.013 o vereador apresentou 10 projetos.
O ritmo de homenagens não foi muito diferente para os a maioria dos demais vereadores. Dos 380 projetos de lei apresentados por vereadores, mais de dois terços desse número se referem a homenagens.
Da análise do exercício da função legislativa por parte dos vereadores de Ribeirão Preto, constata-se que a maioria dos vereadores exercem sua função legislativa, que também é um dever e um poder, de maneira inútil e irrelevante diante das necessidades da população.
Isso porque a maior parte dos projetos de lei apresentados pela maioria dos vereadores se referem a projetos para dar nome a rua, nome a prédios públicos, fazer declarações de utilidade pública, instituir datas comemorativas e conceder títulos de cidadania para pessoas e empresas.
O restante dos demais projetos apresentados, muito embora tratem de outros assuntos, não são menos inúteis e irrelevantes para a cidade já que não podem ser aproveitados porque contém vícios de ilegalidade ou inconstitucionalidade.
Ou seja, de que forma qualquer um desses projetos contribui para melhorar a vida das pessoas e transformar a cidade? De que forma qualquer um desses projetos contribui para erradicar ou diminuir os graves problemas que o município ainda enfrenta, como é o caso do grave déficit de vagas na educação infantil e o déficit habitacional?
Não contribuem em nada, ao contrário, só retira mais espaço para se debater e refletir sobre esses assuntos, que poderiam, estes sim, verdadeiramente melhorar a vida das pessoas e transformar a cidade.
Esse levantamento leva ainda a duas outras constatações; 1. essa maioria de vereadores não tem conhecimento da lei e das funções que lhe competem como parlamentar para melhorar a cidade, ou não; 2. eles têm sim esse conhecimento mas preferem destinar seu tempo para trabalhos inúteis e irrelevantes ao invés de destinarem para trabalhos úteis que poderiam, de fato, melhorar a cidade. Qualquer dessas constatações, porém, é grave, vergonhosa e abominável.
Diante desse quadro, todo discurso de qualquer um desses vereadores que preferiu usar de seu tempo dessa maneira inútil, se transforma em meras palavras. É isso que temos quando os atos não são coerentes com as palavras. E se a ação começa incoerente é sequência normal que leve à outras incoerências. E assim se verifica com as próprias homenagens feitas pelo campeão de apresentação de projetos de lei para nomes de rua, Capela Novas, que na grande maioria dos projetos que apresentou, os homenageados para constarem como nome de rua foram padres.
Será que o verdadeiro padre, o vocacionado, o que segue os preceitos que prega, concorda com essa atitude do vereador Capela Novas?

Raquel Montero

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