"Será, porventura, a falta de ciência que há
em muitos pregadores? Muitos pregadores há que vivem do que não colheram e
semeiam o que não trabalharam."
Quem
falou isso foi Padre Antônio Vieira, em Sermões
Escolhidos.
Padres
foram os principais homenageados do vereador Capela Novas (PPS). De fevereiro (janeiro não houve trabalhos legislativos
porque a Câmara estava de recesso) a agosto de 2.013, o vereador Capela
Novas (PPS), foi campeão na apresentação de projetos de lei para dar nome a rua. No total foram 24
projetos, e quase a totalidade deles com nomes de padres. São quase 04 projetos
por mês só de autoria do vereador Capela.
Após a repercussão desse levantamento (vide reportagem http://www.jornaldaclube.com.br/videos/10373/excesso-de-projetos-de-lei-para-nomea%C3%87%C3%83o-de-ruas-chama-a-aten%C3%87%C3%83o) o
vereador diminui significativamente sua iniciativa para projetos de lei para
nome de rua. Até o final da legislatura de 2.013 o vereador apresentou 10
projetos.
O ritmo de homenagens não foi muito
diferente para os a maioria dos demais vereadores. Dos 380 projetos de lei
apresentados por vereadores, mais de dois terços desse número se referem a
homenagens.
Da análise do exercício da função
legislativa por parte dos vereadores de Ribeirão Preto, constata-se que a
maioria dos vereadores exercem sua função legislativa, que também é um dever e
um poder, de maneira inútil e irrelevante diante das necessidades da população.
Isso porque a maior parte dos
projetos de lei apresentados pela maioria dos vereadores se referem a projetos
para dar nome a rua, nome a prédios públicos, fazer declarações de utilidade pública,
instituir datas comemorativas e conceder títulos de cidadania para pessoas e
empresas.
O restante dos demais projetos
apresentados, muito embora tratem de outros assuntos, não são menos inúteis e
irrelevantes para a cidade já que não podem ser aproveitados porque contém vícios
de ilegalidade ou inconstitucionalidade.
Ou seja, de que forma qualquer um
desses projetos contribui para melhorar a vida das pessoas e transformar a
cidade? De que forma qualquer um desses projetos contribui para erradicar ou
diminuir os graves problemas que o município ainda enfrenta, como é o caso do
grave déficit de vagas na educação infantil e o déficit habitacional?
Não contribuem em nada, ao contrário,
só retira mais espaço para se debater e refletir sobre esses assuntos, que
poderiam, estes sim, verdadeiramente melhorar a vida das pessoas e transformar
a cidade.
Esse levantamento leva ainda a duas
outras constatações; 1. essa maioria de vereadores não tem conhecimento da lei
e das funções que lhe competem como parlamentar para melhorar a cidade, ou não;
2. eles têm sim esse conhecimento mas preferem destinar seu tempo para
trabalhos inúteis e irrelevantes ao invés de destinarem para trabalhos úteis
que poderiam, de fato, melhorar a cidade. Qualquer dessas constatações, porém,
é grave, vergonhosa e abominável.
Diante desse quadro, todo discurso
de qualquer um desses vereadores que preferiu usar de seu tempo dessa maneira
inútil, se transforma em meras palavras. É isso que temos quando os atos não
são coerentes com as palavras. E se a ação começa incoerente é sequência normal
que leve à outras incoerências. E assim se verifica com as próprias homenagens
feitas pelo campeão de apresentação de projetos de lei para nomes de rua,
Capela Novas, que na grande maioria dos projetos que apresentou, os
homenageados para constarem como nome de rua foram padres.
Será que o verdadeiro padre, o
vocacionado, o que segue os preceitos que prega, concorda com essa atitude do
vereador Capela Novas?
Raquel Montero
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