O que não é ocupado de
uma forma, é ocupado de outra. Para o que não se atribui função útil, inútil
ficará. O que não se faz produzir, improdutivo será.
Assim aconteceu com a Casa Amarela. Casarão pertencente à
antiga área da Fazenda Baixadão, localizada
na zona oeste de Ribeirão Preto, ao lado da área verde, também abandonada pela Administração Pública e
que o Governo Dárcy Vera denominou de Parque
Rubem Cione.
Ambas as áreas, Casa Amarela e Parque Rubem Cione, pertencentes
ao mesmo complexo, poderiam estar, há tempos, proporcionando atividades
culturais, esportivas e de lazer para várias comunidades de vários bairros da
região oeste de Ribeirão. Seriam milhares de pessoas atendidas naquela região,
e, por conseguinte, mais pontos de lazer, esporte e cultura ofertados pela
cidade aos seus moradores.
Mas não, o Governo não
agiu naquela área e o que ficou foi o abandono. Do abandono veio a depredação, dilapidação,
negação de direitos, mais pessoas deixando de ter mais uma área na cidade para
usufruir de cultura, esporte, lazer, meio ambiente.
E da persistência do
abandono e da inação do Governo em dar função produtiva e social às áreas,
vieram também as reivindicações. Moradores da região protocolaram diversos
pedidos de providências para a Casa
Amarela. Fizeram manifestações e mostraram a preocupação que o próprio
Governo não demonstrou.
Este ano, fizemos
também, junto com um movimento que criamos, vários protestos para reivindicar a
revitalização da Casa Amarela, que
estava incluída, desde 2011, no programa Governo
nos Bairros, criado pelo atual Governo em 2010 (Veja alguns dos protestos: http://raquelbencsikmontero.blogspot.com.br/2013/07/governo-nos-bairros-novamente-e-o-alvo.html http://raquelbencsikmontero.blogspot.com.br/2013/08/governo-nos-bairros-xeque-mate.html http://raquelbencsikmontero.blogspot.com.br/2013/08/velorio-do-governo-nos-bairros.html).
A revitalização
prometida dentro do programa Governo nos
Bairros deveria ter sido executada em 2012, porém, até agora, não foi, e
não há nenhum sinal de seu, sequer, início. Pelo Programa, um milhão deveria
ter sido investido naquela região.
E a continuidade do
abandono da área por parte do Governo, levou agora a um incêndio da Casa Amarela. Teto, assoalhos, portas e
janelas de madeira do prédio antigo da Fazenda
Baixadão, jazem como carvão. Só ficaram as paredes, agora de cor cinza,
para lembrar que ali, em algum tempo, o prédio estava a disposição para ser
utilizado com muitos benefícios para milhares de pessoas, servindo ainda para
integrar mais um patrimônio público da cidade.
Se o incêndio foi
criminoso ou não, compete à Polícia Civil agora descobrir, mas, já sabemos que,
concomitantemente à natureza criminal ou não do ato, está a culpa indisfarçável
do Governo municipal, que, através de sua inação em revitalizar a área, contribuiu indubitavelmente para a o incêndio
do prédio, porque se ocupado de maneira útil estivesse, estaria com pessoas o
utilizando e se beneficiando das diversas atividades culturais, esportivas e de
lazer que a área tem potencialidade para proporcionar. Estaria assim, com a Guarda
Municipal cuidando do patrimônio público e, principalmente, com energia de vida
produtiva na área, que cria outra atmosfera e atraí outras sintonias. É a
energia criadora que inspira e constrói, ao contrário da energia do abandono,
que destrói e perverte.
Mas, contudo, se houver
vontade política, podemos dar uma guinada nessa situação. Com vontade real,
tudo é possível de ser transformado. O incêndio que destruiu a estrutura
material, não conseguiu destruir a causa, que, imaterializada, consegue, também
por isso, ser mais forte e indestrutível.
A causa relativa a
conseguir a revitalização da Casa
Amarela, continua, e agora, com mais provas concretas do prejuízo que o
abandono do Governo pode causar à coletividade e como se faz imprescindível
combater este abandono por parte de cada um de nós.
Raquel Montero
Veja reportagem do Jornal da Clube:
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