Todas as fotos são de Paulo Honorio, http://www.facebook.com/paulo.honorio.775?fref=ts, que
registrou atenciosamente a sessão de terça e a sessão histórica de ontem.
"As causas são
melhores que as pessoas, alertava Brecht, e se legitimam por abarcarem
multidões. Não é a promessa de campanha, nem o programa político que importa. É
o que profana a condição humana: a miséria, o desamparo, a dor inconsútil, essa
abissal desigualdade que nos condena à antinomia entre Caim e Abel. E ainda que
o terremoto abale os alicerces da casa e destelhe ilusões, ainda que as águas
do rio de Heráclito inundem o chão em que pisamos, ainda que a ambição
superlativa mergulhe do trampolim nas águas turvas de acordos espúrios e
traições deletérias, ainda assim o exercício perene de justiça se impõe - e por
isso se impõe -, e é esse sentido de perseverança militante que imprime à vida
sabor de felicidade." (Frei Betto em
"A mosca azul - reflexão sobre o poder").
O progresso não vem do
nada e não acontece em razão do acaso. É preciso fazê-lo. E fazê-lo pede tempo,
dedicação, engajamento. E são nessas circunstâncias que a militância encontra
guarida para continuar, perseverar, fortalecer. "Salva-me a genética
bíblica do grão de mostarda - a menor de todas as sementes engendra uma árvore
frondosa onde os pássaros se aninham", também disse Frei Betto, na mesma
obra.
O Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU) de 2.013 não foi revogado na sessão de ontem da
Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto. E a decisão por não revogá-lo, não
apresentou qualquer fundamento social, jurídico ou legal. Não foi revogado por
faltar sensatez em que votou contra a revogação. E votou contra a revogação do
IPTU de 2013 os vereadores André Luiz (PCdoB), Bebé (PSD), Capela Novas (PPS),
Genivaldo Gomes (PSD), Giló (PR), Maurílio Romano (PP), Paulo Modas (PR),
Rodrigo Simões (PP), Viviane Alexandre (PPS), Waldyr Villela (PSD), Walter
Gomes (PR). Voto lastimável desses vereadores e da vereadora.
Votando assim, esses vereadores e a vereadora, ainda excluíram a possibilidade de termos em Ribeirão o tão reivindicado IPTU Progressivo, que foi proposto mediante emenda por brilhante iniciativa do vereador Beto Cangussu (PT).
Votando assim, esses vereadores e a vereadora, ainda excluíram a possibilidade de termos em Ribeirão o tão reivindicado IPTU Progressivo, que foi proposto mediante emenda por brilhante iniciativa do vereador Beto Cangussu (PT).
Os vereadores Saulo
Rodrigues (PRB) e Samuel Zanferdini (PMDB), não compareceram à sessão.
Zanferdini pela segunda vez não compareceu na sessão referente à revogação do
IPTU.
Rodrigo Simões,
incoerente, assinou o projeto de lei para revogação do IPTU, todavia, ontem,
votou contra a revogação.
O projeto de lei que
estabelecia a revogação do IPTU, apresentou diversos fundamentos legais,
jurídicos e, inclusive jurisprudências do Supremo Tribunal Federal (STF), para
respaldar a constitucionalidade da revogação, exatamente como apresentamos no
documento que provocou a Câmara de Vereadores a se pronunciar pela revogação do
IPTU (http://raquelbencsikmontero.blogspot.com.br/2013/02/iptu-agora-e-com-camara.html). No mesmo sentido, estudo feito pela Procuradoria Jurídica da Câmara,
resultou pela constitucionalidade da revogação.
Por outro lado, o
parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, presidida pelo
vereador Walter Gomes, acerca da constitucionalidade da revogação do IPTU, não
mencionou qualquer jurisprudência dos tribunais e, principalmente do STF, para
respaldar o parecer contrário à revogação do IPTU. Contrariando também, o
estudo feito pela Procuradoria da Câmara.
Em outra insensatez, foi autorizada pela Câmara uma assembléia do
Sindicato dos Servidores Municipais (SSM), lá mesmo, no Plenário da Câmara,
durante a mesma sessão em que a revogação do IPTU seria discutida.
Lotou-se o Plenário com
servidores municipais, e muitos deles orquestrados com o pensamento de que para o reajuste do
salário deles acontecer, o IPTU não poderia ser revogado. Ou era uma coisa, ou
outra. Argumento pífio, que desconsidera toda a complexidade da situação e de
tudo que estava sendo decidido naquele momento. Disse Maquiavel que "o
povo se equivoca sobre assuntos gerais, mas age esclarecidamente quando se
trata de assuntos particulares."
E na defesa de
interesses particulares os funcionários municipais defenderam 130% de aumento
para o IPTU, para garantir nem 6% de aumento em seus salários. Sendo que, o
IPTU teve reajuste maior para os bairros da periferia e não da zona sul da
cidade. E os reajustes equivocados que ultrapassaram 130%, se deram, quase
totalmente, contra os menos favorecidos economicamente. E conforme muitos
funcionários nos relatou ontem, a maioria mora justamente na periferia ou zona
norte da cidade. Ou seja, defenderam prejuízos a si mesmos. Talvez hoje, após o
sono da noite conselheira, tenham adquirido essa consciência, porém sofrerão os
prejuízos pelos dias e noites que virão.
Prejuízos que contaram
com a determinante participação e deplorável conduta do Presidente do SSM, que
também é Presidente do PCdoB de Ribeirão Preto, Wagner Rodrigues, em sustentar tal discurso com
os sindicalizados. Com tal conduta mostrou ignorar todo a essência do
sindicalismo na defesa dos trabalhadores e de um trabalho efetivamente digno
aos trabalhadores. Mostrou ignorar que o sindicalismo é independente do Estado,
e como tal sempre deve agir, o que implica na incompatibilidade de o sindicato
jamais poder usar de teses do governo para buscar a defesa dos trabalhadores,
passando a ser utilizado pelo governo como instrumento do próprio governo, como
foi a situação em questão, isto é, o sindicato sustentou na Câmara a tese do
governo de que o IPTU não devia ser revogado, porque se fosse revogado os
funcionários municipais poderiam ficar sem reajuste.
O reajuste dos
servidores é uma situação, o IPTU é outra. O que compete ao sindicato é falar
de questões referentes aos trabalhadores. O IPTU não é da competência do
sindicato, mas sim do Poder Público. Portanto incabível ao Presidente do SSM
defender o IPTU como forma de defender os interesses dos servidores municipais.
Com todos os fatos
relativos ao IPTU de 2013, conseguimos nós, movimento social, que defendeu justiça social e tributária,
mostrar por três meses consecutivos as consequências nocivas da anomalia
praticada pela Prefeita Dárcy Vera e pelos vereadores que votaram a favor do
IPTU. Tudo foi explicita e publicamente revelado, para que ninguém alegue desconhecimento
e para que tal anomalia não se repita. E pela sessão de terça e de ontem, da Câmara,
pudemos ver o quão profundo nossas ações atingiram o Executivo e o Legislativo
Municipal. Por tudo isso, cada momento desses três meses, valeu muito!
Raquel Bencsik Montero
http://www.jornaldaclube.com.br/videos/8793/ribeir%C3%83opretanos-sofrem-nova-derrota-sobre-o-iptu-na-c%C3%82mara
http://gazetaderibeirao.rac.com.br/_conteudo/2013/03/capa/41835-base-aliada-barra-revogacao-do-aumento-do-iptu.html
http://www.jornalacidade.com.br/politica/NOT,2,2,829213,Base+de+Darcy+veta+revogacao+do+IPTU+em+Ribeirao+Preto.aspx
http://www.tribunaribeirao.com.br/materia/politica-base-impede-votacao-do-iptu/
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