Hugo Chávez vai e deixa saudades. Vai e deixa bons
exemplos. Exemplos de como resistir ao jugo do imperialismo, de como se
esforçar para ser uma nação soberana, de lutar para firmar a autodeterminação
de seu povo, de efetivamente querer viver o
socialismo. Com essas marcas, não vai sem também ficar no coração de todos
aqueles que souberam reconhecer seus esforços para o progresso legítimo de um
povo latino. Todo o meu reconhecimento ao trabalho feito, aos esforços
empreendidos.
E quando
falo de trabalho e de esforços, falo de algo que não foi nada fácil de ser
feito, diante da pressão do neoliberalismo. Mas, contudo, Chávez conseguiu
fazer muito na Venezuela. E muito não só na quantidade de obras, mas principalmente
o muito que ele conseguiu revolucionar no âmago das estruturas sociais.
Exemplos salutares do socialismo bolivariano de Chávez, são as comunas, unidades de administração
que reúnem conselhos comunais que são estabelecidos em bairros e regiões urbanas,
e funcionam desde a aprovação das chamadas leis
do poder popular, em dezembro de 2.010. Esses conselhos fazem suas próprias
eleições internas, tomam suas decisões e definem suas prioridades de
investimento na comunidade. Fazem parte do Poder Popular, onde o povo exerce a
soberania e o cidadão é parte do Estado. O Conselho Comunal é um dos mecanismos
que legitima os projetos enviados ao governo.
Um dos
aspectos muito interessante das comunas é o método de educação adotado. O
método Paulo Freire é admirado e
seguido pelos coordenadores de comunicação da comuna. Todos falam, todos trocam
experiências, todos ensinam, todos decidem.
Entre 2.002
e 2.010 a
pobreza na Venezuela caiu mais de 48,6% para 27,8% da população. No mesmo
período, a pobreza extrema foi reduzida de 22,2% para 11,5%. O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a qualidade de vida da população é o
melhor da América Latina.
Outro
instrumento que rendeu resultados positivos foram as missões, programas sociais que melhoraram as condições de vida da
população por intermédio de programas de saúde, educação e habitação. Com elas
o governo construiu 22 universidades, durante os quase 14 anos de governo. E,
em 2.005 o país foi declarado território livre do analfabetismo pela UNESCO,
após alfabetizar 1,5 milhão de pessoas, inclusive em línguas indígenas. Na
saúde, a missão conhecida como Bairro Adentro levou médicos para as
periferias e favelas.
As missões referentes às moradias entregaram casas populares prontas para entrar e morar, com móveis, fogão, máquina de
lavar e secar. Os edifícios são de tijolinho à vista, o piso dos prédios é de
ardósia, há plantas nos halls e
jardineiras com hortaliças nas entradas dos apartamentos.
Os conjuntos
habitacionais contam ainda com áreas de recreação, uma quadra de esportes e um
projeto de produção de vegetais orgânicos. Lá também funcionam conselhos
comunais e cada prédio tem seu porta-voz.
Além da
melhora das condições de vida, destaca-se o processo de amadurecimento político
do povo venezuelano durante os anos Chávez. Hoje os venezuelanos sabem que têm
direito a ter direitos. E uma enfática constatação da consciência
política dos venezuelanos se deu nas eleições de outubro, para a escolha do
presidente do país. Apesar de o voto ser facultativo o pleito teve a
participação de 80,94% dos eleitores.
E há o sentimento e a disposição de seguir aprofundando o que já está funcionando muito bem. O vice-presidente
da República, Elias Jaua, afirmou que o Estado deve seguir aperfeiçoando os
conselhos comunais, mediante transferência de poder e competência popular a
eles. Assim, foi determinada a transferência de recursos e competências para
que organizações de poder popular executem seus próprios projetos. Essas leis
dizem que qualquer grupo de pessoas que se organize de forma legítima pode ser
sujeito da transferência de poder. Nem sequer fala de legalidade, mas sim de
legitimidade.
Chávez foi um homem que não só falou de
socialismo, mas que também e principalmente, praticou atos de socialismo,
mostrando como é absolutamente possível estabelecer oportunidades iguais a
todos. As admirações que lhes são dispensadas, são irrefutavelmente merecidas.
Hugo Chávez vai e deixa saudades. Vai e deixa bons
exemplos.
Raquel Bencsik Montero
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