Raquel Montero

Raquel Montero

sexta-feira, 15 de março de 2013

Feliciano não


A notícia de que o pastor Marcos Feliciano será o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados levanta mais do que uma oportunidade para a defesa de grupos historicamente oprimidos no Brasil. Ela clama pelo dever dos que têm respeito aos direitos humanos, de se apresentar contra a ocupação de uma importante instância de representação da população por alguém que tenha se manifestado publicamente contrário aos mesmos direitos humanos defendidos por essa Comissão, notadamente, direitos referentes às minorias que ainda lutam para serem respeitadas e terem sua participação assegurada igualmente, como a de qualquer outra pessoa pertencente às maiorias.

O pastor e deputado federal Marcos Feliciano se manifestou contraria e ofensivamente aos afrodescendentes e aos homossexuais. Postura incompatível com quem deve presidir uma das mais importantes comissões da Câmara dos Deputados, que tem como função investigar denúncias de violação aos direitos humanos e cuidar de assuntos referentes às minorias étnicas e sociais. Ou seja, o histórico pessoal de Feliciano indica posições diametralmente contrárias a qualquer significação dos mesmos direitos a que a instituição (Câmara dos Deputados) tem a missão de proteger.

Não estou condenando a liberdade de expressão, que deve ser respeitada. Estou protestando contra uma incoerência que afronta diretamente a atuação combativa de uma comissão que tem sua origem e justificativa de existência na defesa dos direitos humanos de todas as pessoas. E como esperar essa atuação de quem já expressou, inclusive de maneira ofensiva, repulsa aos direitos de homossexuais e afrodescentes?

   As denúncias de intolerância religiosa, cresceram 626% no ano de 2012, principalmente as praticadas contra cultos afrodescendentes como a umbanda e o candomblé, inclusive por agentes do poder público, além do aumento do índice de crimes praticados contra a população LGBT. O Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, informou que, de janeiro a dezembro do ano passado, 6.809 violações de direitos humanos foram relatadas ao Disque 100, à Central de Atendimento à Mulher e à Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a secretaria, tais violações envolveram 1.713 pessoas, o que deu uma média de 3,97 violações por vítima. Só o Disque 100 recebeu 4.614 denúncias de homofobia em 2011.

   Esses números, comparados às manifestações do deputado Feliciano, e a indicação de Feliciano para presidente da CDHM não só contraria a ideia de tolerância para com a diversidade existente na sociedade, mas também contribui para o enfraquecimento da ideia de que instituições criadas para servir ao povo, não servirá a preferências religiosas em detrimento da liberdade de todos.

  Pensando nisso, vários protestos estão acontecendo em todo o Brasil objetivando retirar o deputado Feliciano do cargo de presidente da CDHM da Câmara dos Deputados. E aqui em Ribeirão Preto, a indignação também ocorreu e levou muita gente para as ruas para manifestarem indignação.

   Veja foto abaixo feita pelo fotógrafo Edson Silva, para o jornal Folha de São Paulo, no protesto realizado dia 11/03/2013, na principal filial da igreja evangélica a que o deputado e Pastor Feliciano, participa.

    Foto linda, ação marcante e emocionante. Movimento social é isso. Não precisa ter nome, não precisa de nomenclatura, de estatuto ou carta de princípios, precisa agir quando a situação pede atuação, e união das pessoas para essa atuação. Eu vi e senti nitidamente ação e união nessa foto. Parabéns movimentos sociais que protestaram segunda-feira. São com ações como essa que realmente fazemos transformações políticas. São ações como essa que me dão orgulho dos movimentos de Ribeirão. 
#forafeliciano

    Raquel Bencsik Montero



http://www1.folha.uol.com.br/poder/1244583-pastor-que-preside-comissao-e-alvo-de-protesto-em-culto-em-ribeirao-preto.shtml

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