A notícia de
que o pastor Marcos Feliciano será o novo presidente da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados levanta
mais do que uma oportunidade para a defesa de grupos historicamente
oprimidos no Brasil. Ela clama pelo dever dos que têm respeito aos
direitos humanos, de se apresentar contra a ocupação de uma
importante instância de representação da população por alguém
que tenha se manifestado publicamente contrário aos mesmos direitos
humanos defendidos por essa Comissão, notadamente, direitos
referentes às minorias que ainda lutam para serem respeitadas e
terem sua participação assegurada igualmente, como a de qualquer
outra pessoa pertencente às maiorias.
O pastor e
deputado federal Marcos Feliciano se manifestou contraria e
ofensivamente aos afrodescendentes e aos homossexuais. Postura
incompatível com quem deve presidir uma das mais importantes
comissões da Câmara dos Deputados, que tem como função investigar
denúncias de violação aos direitos humanos e cuidar de assuntos
referentes às minorias étnicas e sociais. Ou seja, o histórico
pessoal de Feliciano indica posições diametralmente contrárias a
qualquer significação dos mesmos direitos a que a instituição
(Câmara dos Deputados) tem a missão de proteger.
Não estou
condenando a liberdade de expressão, que deve ser respeitada. Estou
protestando contra uma incoerência que afronta diretamente a atuação
combativa de uma comissão que tem sua origem e justificativa de
existência na defesa dos direitos humanos de todas as pessoas. E
como esperar essa atuação de quem já expressou, inclusive de
maneira ofensiva, repulsa aos direitos de homossexuais e
afrodescentes?
As denúncias de intolerância religiosa,
cresceram 626% no ano de 2012, principalmente as praticadas contra
cultos afrodescendentes como a umbanda e o candomblé, inclusive por
agentes do poder público, além do aumento do índice de crimes
praticados contra a população LGBT. O Relatório
sobre Violência Homofóbica no Brasil,
divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, informou que, de janeiro a dezembro do ano passado, 6.809
violações de direitos humanos foram relatadas ao Disque 100, à
Central de Atendimento à Mulher e à Ouvidoria do Sistema Único de
Saúde (SUS). Segundo a secretaria, tais violações envolveram 1.713
pessoas, o que deu uma média de 3,97 violações por vítima. Só o
Disque 100 recebeu 4.614 denúncias de homofobia em 2011.
Esses números, comparados às manifestações
do deputado Feliciano, e a indicação de Feliciano para presidente
da CDHM não só contraria a ideia de tolerância para com a
diversidade existente na sociedade, mas também contribui para o
enfraquecimento da ideia de que instituições criadas para servir
ao povo, não servirá a preferências religiosas em detrimento da
liberdade de todos.
Pensando nisso, vários protestos estão
acontecendo em todo o Brasil objetivando retirar o deputado Feliciano
do cargo de presidente da CDHM da Câmara dos Deputados. E aqui em
Ribeirão Preto, a indignação também ocorreu e levou muita gente
para as ruas para manifestarem indignação.
Veja foto abaixo feita pelo fotógrafo
Edson Silva, para o jornal Folha de São Paulo, no
protesto realizado dia 11/03/2013, na principal filial da igreja
evangélica a que o deputado e Pastor Feliciano, participa.
Foto linda, ação marcante e emocionante. Movimento social é isso. Não precisa ter nome, não precisa de nomenclatura, de estatuto ou carta de princípios, precisa agir quando a situação pede atuação, e união das pessoas para essa atuação. Eu vi e senti nitidamente ação e união nessa foto. Parabéns movimentos sociais que protestaram segunda-feira. São com ações como essa que realmente fazemos transformações políticas. São ações como essa que me dão orgulho dos movimentos de Ribeirão.
#forafelicianoRaquel Bencsik Montero
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1244583-pastor-que-preside-comissao-e-alvo-de-protesto-em-culto-em-ribeirao-preto.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário