Na sua grandeza de hoje,
repousam folhas, flores, frutos,
sombra, aves, crianças e balanços.
Assim devolve à vida tudo que recebeu.
Enquanto semente era só um grão,
dependente de um coração,
que enxergasse além da situação,
e vislumbrasse ali,
a nascente, crescente,
a vigorar em toda estação.
Doando flores, doando frutos,
se doando sem impor condição,
como filha autêntica da natureza,
que faz de sua proeza,
gratidão e recompensa
a todos que acreditaram
que na semente estava uma vida em potencial.
Cada ramo, cada galho,
hoje reproduz
afago e cuidado,
que no passado
foram à muda dispensados,
e no gesto creditado
como semeadura da crença
de que toda árvore não nasce sem semente
e cultivo persistente.
Na gênese da vida
outro minúsculo se constrói.
Vem do encontro, do êxtase,
da junção do prazer ou união de
cumplicidades.
Fecunda o porvir
e faz gestar o início de um novo fim,
que ao nascer concretiza uma vida nova
que ao crescer pode trazer também uma nova
vida.
Era um óvulo, um espermatozóide
hoje aquele, aquela
que reproduz, cria,
planta, renova e se renova,
sob a luz da lâmpada inventada
sob a luz da lâmpada inventada
por um ser fruto de idêntica reprodução
e da mesma espécie que
Jesus, Buda, Gandhi,
Madre Teresa, Tarsila, Olga Benário
o motorista, o jardineiro, o pianista
a senadora, o abandonado, a escritora.
e da mesma espécie que
Jesus, Buda, Gandhi,
Madre Teresa, Tarsila, Olga Benário
o motorista, o jardineiro, o pianista
a senadora, o abandonado, a escritora.
Todos que de uma partícula,
tornaram-se crianças, tornaram-se
adultos,
construíram sonhos ou pesadelos,
muralhas ou pontes,
diálogos ou discussões,
e foram até a morte,
muralhas ou pontes,
diálogos ou discussões,
e foram até a morte,
com ou sem lamentação.
Todos que, indubitavelmente,
se fizeram seres de igual semente
que não afirmou se seria
José ou Maria, cristão ou ateu
pacifista ou terrorista, nobre ou plebeu.
José ou Maria, cristão ou ateu
pacifista ou terrorista, nobre ou plebeu.
Só pôde afirmar
que da semente se faz vida,
a vida, criação,
de encantar e assustar
a vida, criação,
de encantar e assustar
os mais sensíveis e embotados sentidos.
Afirma e confirma então,
que da semente cultivada,
transformam-se sonhos em
realidade,
fé em certeza,
esperança em realização.
E sua pequenez
é para desafiar o incrédulo
e contradizer o preconceito.
Da árvore ao humano,
a energia que os alimenta
vem da esperança,
que germina a semente
e colhe os frutos da semeadura.
Sem a esperança
a semente seca e não se faz vida.
Ela explica os lírios do campo
e os órfãos de toda sorte.
Ela é a nascente, o poço e o poente.
Do pão que alimenta o corpo
para fugir da desnutrição,
ela é parte,
ela é parte,
que na sua metade,
alimenta a alma em perfeita união.
Sem esperança
só há um corpo que sobrevive,
mas não vive sem a outra metade do pão,
que não sua falta deixou de fazer
crescer a vida
e a transformou em decomposição.
Raquel Bencsik Montero
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