Raquel Montero

Raquel Montero

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Audiência pública para qual público?

                               
 Repercussão no "Jornal da Clube" em 15/11/2.012;

http://www.jornaldaclube.com.br/videos/7613/proposta-do-orÇamento-para-2013



Essa semana, nos dias 12 e 14 de novembro foram realizadas audiência públicas pela Comissão de Orçamentos e Finanças da Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto.
Essas audiências ocorreram às 16hrs no salão nobre da própria Câmara.
Presentes, praticamente, tão somente os vereadores que compõem a Comissão.
A presença da população foi lamentada pelo vereador Bebé (PSD). Realmente é lamentável que uma audiência pública transcorra nesse vazio e muito lamentável também que ela tenha durando apenas 15 minutos. Isso mesmo, a audiência para tratar de algo tão relevante para o Município teve a "significativa" duração de longos 15 minutos. Fico imaginando quantas ideias e propostas os vereadores debateram em 15 minutos.
A lei orçamentária anual é importantíssima para os municípios. É ela que estabelecerá como se investirá a receita do Município para o próximo ano, de 2.013. Todos os projetos, programas, investimentos, obras, contratações, enfim, a gestão do Município para 2.013 deve estar na lei orçamentária elaborada, votada e aprovada no final de 2.012, ano anterior ao qual a lei se dirige. A Prefeita inicia a lei e após concluí-la, envia-a para a Câmara de Vereadores que irá votar a lei, aprovando-a ou não aprovando-a. Antes de votar a lei os vereadores podem fazer sugestões para essa lei, são as chamadas "emendas". Se forem feitas emendas, a lei volta para a Prefeita, que pode ou não acatar essas emendas. Se acatar, a lei é sancionada, se não acatar, a Prefeita veta as emendas e esse veto é votado pelos vereadores. Os vereadores podem acatar o veto ou não acatá-lo, "derrubando-o", e se derrubado o veto, permanece a lei inicialmente feita pela Prefeita com as emendas feitas pelos vereadores.
Assim, é muito absurdo saber que os vereadores discutiram a lei orçamentária em audiência pública, em irrisórios 15 minutos. Uma vergonha.
Em que pese a ausência da população, mais lamentável ainda é verificar como o Legislativo Municipal contribui, de várias maneiras, para esse esvaziamento da população, a começar pelo horário em que as audiências costumam ser marcadas pelo Legislativo.
Como o trabalhador e a trabalhadora, que saem do trabalho, em sua maioria, às 18hrs, podem comparecer em uma audiência marcada para às 16hrs em dia de semana?
Outro aspecto importante é a divulgação dessas audiências. Foi dada ampla e prévia divulgação dessas audiências nos meio sociais (internet, jornais, televisão, rádio, etc)? Não, não foi. Nem mesmo no site da Câmara de Vereadores há qualquer menção acerca dessas audiências.
Algo muito importante também é o investimento público em formação política de maneira a despertar o interesse dos munícipes pelos assuntos de interesse público da cidade. As escolas municipais deveriam investir em instrução política de seus alunos desde o ensino fundamental. E há esse fomento? Não, não há. Até hoje nenhum governo municipal se prestou a investir em formação política de seus munícipes. Como pode,  assim, o leigo saber que as sugestões ou emendas feitas para a lei orçamentária anual, devem estar coerentes com a lei de diretrizes orçamentárias e com o plano plurianual do Município, senão não podem ser aceitas? Fica difícil esperar essa consciência, se não houve a formação dessa consciência.
Ou seja, da análise das circunstâncias que permeiam a formatação e desenvolvimento das audiências públicas realizadas pelo Legislativo Municipal, pode-se concluir que essas audiências são feitas, propositadamente, para não contarem ou funcionarem com a participação popular.
Então, antes dos vereadores lamentarem a ausência da população e mais do que lamentarem, é necessário urgentemente, que a Câmara e o Governo, corrijam suas próprias falhas na elaboração e realização das audiências que promovem, já que essas falhas estão sendo determinantes para o desprestígio da população às audiências.
Cumprida a tarefa de casa, ai sim, podem nossos representantes lamentar a ausência da população, sem demagogia e hipocrisia.
Ficam as reivindicações, no desejo de que as próximas audiências públicas, possam realmente serem chamadas "'audiências públicas", e não mero encontro de vereadores para cumprir protocolos.
Raquel Bencsik Montero 

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