Raquel Montero

Raquel Montero

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pela libertação dos pássaros presos em gaiolas




Pela libertação dos pássaros presos em gaiolas




Pássaro voa.
Asas a natureza te deu.
E te deu para voar
e não para te engaiolar.


Pássaro voa,
que há tanta imensidão,
e privá-lo de conhecê-la,
é condenação.


Pássaro voa
e mostra toda sua exuberância.
Rodopia,
dança no vento,
toma banho na chuva,
bica a pipa,
compete com o avião,
come semente misturada com grão.
Viaja sob suas asas,
do sul até o sertão,
sem pagar frete nem poluir a nação.


Pássaro voa
e canta a alegria de viver livre,
podendo escolher onde quer dormir,
parar, observar, amar, voar.
Mostra que livre manifesta seu canto,
e na gaiola seu canto virá lamento,
grito de socorro,
choro de seu sofrimento.


Pássaro voa
e tenta escapar da gaiola que te aprisiona,
que te mutila as asas,
que te condena à solidão,
na mais fúnebre prisão,
que nem ao menos te permite bicar o chão.
Chão que tão longe está,
assim como longe está o céu, de sentir as batidas do seu coração,
que na gaiola já não bate porque perdeu a emoção.


Pássaro voa
e salva seus amigos das gaiolas
que lhes roubam as almas
e as comercializam para os homens sem compaixão,
que não enxergam o encanto de te ver voar livre
e cantar as letras que abriga seu coração.


Pássaro voa
e instiga os seres de bom coração,
à buscar a libertação
de todas as formas de opressão,
que dilaceram os sentimentos,
corroem os sonhos,
entristecem os pensamentos
e aniquilam com a essência da criação,
que te fez pássaro e não vegetação.


Pássaro voa
e ensina que sua vida é da natureza
que te gera, te protege e te cria
na mais sábia harmonia,
sem nunca te aprisionar nem impor carta de alforria.
Ensina que sabe viver sem precisar do alpiste humano
que te impede de trabalhar
no falso argumento
que faz isso por te amar.
Ensina que o humano que te ama,
 abre a gaiola para você voar,
e viver a vida com a liberdade que as asas do seu corpo
foram feitas para desfrutar.


Pássaro voa
e ensina que aquele que te mantém preso,
preso também está,
na ilusão de que se consegue engaiolar um coração,
quando na verdade o que se tem
é um corpo em destruição.
Ensina que para te ouvir cantar não precisam te prender,
basta uma árvore plantar ou o céu observar,
e assim, seu canto não será lamento,
mas expressão do seu contentamento,
pela liberdade que respeitaram
que fosse vivida como anseia seu sentimento.


Raquel Bencsik Montero
Dedicado à libertação de todos os pássaros presos em gaiolas 

3 comentários:

  1. Os Cardeais
    César Passarinho

    Não chora, menina, não chora por que foram-se os cardeais
    Se cantavam, na prisão campo a fora cantam mais
    Tanta gente, anda vagando sem saber onde pousar
    Mas as aves, só voando é que podem se encontrar

    (Você ainda não sabe o que cabe nesta paz
    Quando a gente, abre as asas nunca mais, nunca mais) Bis

    Era tão triste menina não tinha aceno este cais
    Na despedida eram dois depois, depois serão mais
    A gaiola abriu as asas por que até a prisão se trai
    E o campo se fez casa para o canto dos cardeais


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  2. Canto Livre

    Por algo sou pêlo duro
    e o campo é meu elemento
    na alma penas e vento
    nos nervos ganas de andar
    vendo os pássaros cantar
    entendi meu nascimento.

    há cantos que calam vozes
    e há vozes que calam cantos
    como calar no entanto
    o claro canto dos pássaros
    se para cantar nascem tantos?

    meu berço ninho de rama
    nas melenas de um umbú
    minha mãe uma torcaz
    meu pai o vento pampeiro
    meu destino ser herdeiro
    do descaso a minha raça.

    eu canto e brota no peito
    o livre canto do pago
    sou pássaro procurado
    não pelo encanto que tenho
    mas pelo canto que trago.

    quantos pássaros cativam
    porque encantam ao cantar
    ter penas não é ser livre
    nem nos pode libertar
    um par de asas apenas
    se falta o céu pra voar.


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  3. Os autores são Armando Vasques, João Chagas Leite, Colmar Duarte e Valdir Santana. Essa milonga foi apresentada pelo Cesar Passarinho Scout e Grupesquisa, na 11ª Califórnia da Canção, em Uruguaiana, RS.

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