As cidades, principalmente das grandes metrópoles, como de
São Paulo, não param de crescer. Ao mesmo tempo, a cidade parou... ...parou no
trânsito de carros, que, contraditoriamente foram criados (os carros) para
ganharmos mais tempo na cidade e assim sobrar mais tempo para fazermos mais
coisas.
Mas perceba como tudo ficou trocado. Hoje, em muitas
cidades, o uso dos carros faz com que as pessoas percam tempo no trânsito
truncado das ruas e assim, tenham menos tempo para fazer mais coisas. Uma
incoerência.
Mas não podia ser outro o resultado da ausência de
organização no trânsito e na mobilidade urbana. Não é de hoje que as políticas
públicas se voltam para o automóvel, e tão somente para ele, restando pouca, ou
nada, de atenção para os demais meios de locomoção que podem ser utilizados nas
cidades.
Os carros particulares, que transportam apenas 28% dos
paulistanos, ocupam cerca de 80% do espaço das vias. Enquanto isso, os ônibus
de linha e fretados, que transportam 68% da população, ocupam somente 8% desse
espaço.
Esses números só confirmam que, na verdade, a “má vontade”
de nossos gestores sempre se voltou ao transporte coletivo e quem sempre
usufruiu de “tratamento VIP” foram os carros, afinal, o transporte por ônibus
em nosso país sempre foi considerado “coisa de pobre” e, como tal, nunca
precisou ser eficiente, muito menos confortável.
Enquanto não se investe em meios coletivos de transporte e
em meios alternativos aos automotores, se tem uma estrutura capenga nesses
meios, sem investimento e isso se torna um grande estímulo para que as pessoas
busquem carros ou motos, alimentando esse consumo.
Por um lado muita gente lucrando com a precariedade, por
outro lado, muito mais gente ainda sendo prejudicada com a mesma precariedade.
A mobilidade urbana no Brasil não é um problema financeiro.
Em 2.012 o governo Dilma anunciou verba de 32 bilhões para o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) da mobilidade urbana. O foco para os
investimentos é a construção de metrôs, veículos leves sobre trilhos (VLT) e
corredores de ônibus em cidades que possuem entre 250 mil a 700 mil habitantes.
O orçamento federal de 2.012 já previa uma verba de 2,1
bilhões de reais para obras de mobilidade urbana. Deste valor, até o final do ano passado, foram gastos pelos municípios apenas
64,8 milhões. Daí se conclui que não há ausência de dinheiro para
investimento em mobilidade urbana, mas sim, ausência de prioridades.
E o que fazer então?
Especialistas em tráfego dizem que a saída é grandes
investimentos em transporte público coletivo.
O transporte público coletivo deve contar com todas as
comodidades que atraem as pessoas para o transporte particular, tais como ar
condicionado, rapidez, insulfim no lugar da cortina, limpeza,
número limitado de pessoas por coletivo, de maneira a não lotá-los. Se o
transporte público não oferece as mesmas condições que o transporte particular,
ele perde na disputa.
Devemos
fazer a defesa do passe livre para todos, para
concretizar o acesso das pessoas à cidade e, por conseguinte, aos direitos que
cada um faz jus, bem como, como medida indispensável para atrair as pessoas
para o transporte público coletivo, ciclovias com bicicletários espalhados pela
cidade e locais de trabalho preparados com vestiários em que os trabalhadores
possam tomar banho, integram um sistema organizado e sustentável de transitar
pela cidade.
Investimento e prioridade para transporte público coletivo
(ônibus, metrôs, veículos leves sobre trilhos, etc). No tocante à agilidade do
transporte público, ela vem com corredores só para ônibus nas vias e um sistema
como o de radiofrequência utilizada nos pedágios, para que os ônibus não tenham
que parar no semáforo vermelho, isto é, assim que o ônibus estiver se
aproximando o sinal automaticamente ficaria verde para o ônibus passar, Plano
Estadual de Mobilidade Urbana e Planos Municipais de Mobilidade Urbana, Conselho
Estadual e Municipais de Mobilidade Urbana, integração das políticas de
transporte público e uso e ocupação do solo, Plano Cicloviário. Assim poderemos
de fato ter mobilidade urbana nas cidades.
Raquel Montero