O gráfico sobre
a participação do salário no Produto Interno Bruto (PIB) é fundamental e pouco
discutido pela sociedade brasileira. Nele se pode ver a verdadeira distribuição
de renda.
Um dos indicadores
sociais mais utilizados é o índice de Gini.
É um índice muito divulgado pela imprensa. Mas não é o mais fidedigno na
demonstração da distribuição de renda. Esse índice mede quanto trabalhadores
estão mais iguais ou desiguais do ponto de vista da renda.
E quando nós
fazemos a análise da participação do salário no PIB nós analisamos quanto de
renda possui os trabalhadores no PIB e quanto de renda no PIB possui os
empresários, empregadores e donos do capital de uma forma geral. Por esse
ângulo podemos ver melhor como está a distribuição de renda, melhor, portanto,
do que pelo índice de Gini.
E verificamos
assim que durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) houve um aumento
e concentração da renda do capital no PIB e diminuição da renda do trabalho dos
trabalhadores no PIB. E a partir de 2004 houve uma reversão desse aumento onde
todos os anos seguintes a participação do salário no PIB aumentou. Isso
comprova a verdadeira distribuição de renda. E nesse caso é importante destacar
que não foi necessário haver enfrentamento porque o que houve foi um
crescimento total da renda, e neste crescimento trabalhadores se apropriaram de
uma fatia maior do que capitalistas. Ambos ganharam, mas os trabalhadores
ganharam mais, e isso prescindiu de enfrentamento.
E pelo enfoque
do índice de Gini ainda assim
verificamos crescimento. Conforme divulgou o Instituto de Pesquisa Econômica e
Aplicada (IPEA), a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (PNAD), entre 1995 e 2002 (08 anos), durante o governo FHC, a
concentração de renda no Brasil caiu 1,89%, já de 2003 a 2011 (09 anos),
durante o governo Lula e Dilma, a queda foi de 9,22%.
E na pesquisa recente do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil,
lançado em julho pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
verifica-se o crescimento alcançado pelo Brasil nos últimos dez anos; 74% dos
municípios brasileiros, ou 4.122 deles, se encontram nas faixas de médio e alto
desenvolvimento humano. Os demais municípios, 26%, ainda se encontram na faixa
de baixo ou muito baixo desenvolvimento humano. Em
1991, 99,2% dos municípios brasileiros estavam nas faixas de IDH de Baixo e
Muito Baixo desenvolvimento. Em 2000, 71,5% dos municípios, bem mais de dois
terços do país, encontravam-se na mesma situação. Dez anos depois, esse número
havia baixado para 25,2%, porcentagem menor do que a dos municípios no extremo
oposto, de Alto e Muito Alto Desenvolvimento, que faziam 34,7% do país.
As informações afirmam
a evolução apresentada pelo IDH do Brasil nas duas últimas décadas, ao sair da
faixa de Muito Baixo (0,493) em 1991 para Alto (0,727) em 2010. E também afirma
que o país está conseguindo reduzir as discrepâncias históricas de
desenvolvimento humano entre os municípios das regiões Norte e Nordeste e
aqueles localizados no Centro-Sul.
A Educação no Brasil foi
o indicador que mais evoluiu, aproximadamente 128%. Pelos dados, em 1991,
apenas três municípios (de um total de 5.565) estavam acima da faixa mais baixa
de desenvolvimento humano em educação. Em 2000, a situação havia
mudado sensivelmente no Sudeste e no Sul, mas continuava idêntica na maior
parte do Brasil. O mapa de 2010 mostra a mudança em todas as regiões do país,
puxada principalmente pelo aumento do fluxo escolar de crianças e jovens (156%).
Alguns dados
de educação (entre 1991 e 2010):
- População adulta com ensino fundamental concluído passou de 30,1% para 54,9%
- Crianças de5 a 6 anos frequentando a
escola passou de 37,3% para 91,1%
- Jovens de11 a 13 anos nos anos finais do Ensino Fundamental
passou de 36,8% para 84,9%
- Jovens de15 a 17 anos com ensino fundamental completo
passou de 20% para 57,2%
Porém: 40% dos jovens nesta faixa ainda não têm ensino fundamental completo
- Jovens de18 a 20 anos com ensino médio completo passou
de 13 para 41%
Ou seja: a maioria destes jovens ainda não possui médio completo
- População adulta com ensino fundamental concluído passou de 30,1% para 54,9%
- Crianças de
- Jovens de
- Jovens de
Porém: 40% dos jovens nesta faixa ainda não têm ensino fundamental completo
- Jovens de
Ou seja: a maioria destes jovens ainda não possui médio completo
As
pesquisas corroboram então, que o Brasil viveu grandes progressos em qualidade
de vida, distribuição de renda e educação nos últimos dez anos. O Brasil deixou de
ser um país só para as elites, e a doméstica, assim como a patroa, pôde ter carro, a filha da doméstica pôde fazer medicina e o filho do pedreiro pôde
fazer engenharia, como nunca antes se pôde fazer na história do Brasil.
Raquel
Montero
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