Raquel Montero

Raquel Montero

domingo, 11 de agosto de 2013

Dez anos de profundas mudanças

O gráfico sobre a participação do salário no Produto Interno Bruto (PIB) é fundamental e pouco discutido pela sociedade brasileira. Nele se pode ver a verdadeira distribuição de renda.

Um dos indicadores sociais mais utilizados é o índice de Gini. É um índice muito divulgado pela imprensa. Mas não é o mais fidedigno na demonstração da distribuição de renda. Esse índice mede quanto trabalhadores estão mais iguais ou desiguais do ponto de vista da renda.

E quando nós fazemos a análise da participação do salário no PIB nós analisamos quanto de renda possui os trabalhadores no PIB e quanto de renda no PIB possui os empresários, empregadores e donos do capital de uma forma geral. Por esse ângulo podemos ver melhor como está a distribuição de renda, melhor, portanto, do que pelo índice de Gini.




E verificamos assim que durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) houve um aumento e concentração da renda do capital no PIB e diminuição da renda do trabalho dos trabalhadores no PIB. E a partir de 2004 houve uma reversão desse aumento onde todos os anos seguintes a participação do salário no PIB aumentou. Isso comprova a verdadeira distribuição de renda. E nesse caso é importante destacar que não foi necessário haver enfrentamento porque o que houve foi um crescimento total da renda, e neste crescimento trabalhadores se apropriaram de uma fatia maior do que capitalistas. Ambos ganharam, mas os trabalhadores ganharam mais, e isso prescindiu de enfrentamento.

E pelo enfoque do índice de Gini ainda assim verificamos crescimento. Conforme divulgou o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), entre 1995 e 2002 (08 anos), durante o governo FHC, a concentração de renda no Brasil caiu 1,89%, já de 2003 a 2011 (09 anos), durante o governo Lula e Dilma, a queda foi de 9,22%.

E na pesquisa recente do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, lançado em julho pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), verifica-se o crescimento alcançado pelo Brasil nos últimos dez anos; 74% dos municípios brasileiros, ou 4.122 deles, se encontram nas faixas de médio e alto desenvolvimento humano. Os demais municípios, 26%, ainda se encontram na faixa de baixo ou muito baixo desenvolvimento humano. Em 1991, 99,2% dos municípios brasileiros estavam nas faixas de IDH de Baixo e Muito Baixo desenvolvimento. Em 2000, 71,5% dos municípios, bem mais de dois terços do país, encontravam-se na mesma situação. Dez anos depois, esse número havia baixado para 25,2%, porcentagem menor do que a dos municípios no extremo oposto, de Alto e Muito Alto Desenvolvimento, que faziam 34,7% do país.


As informações afirmam a evolução apresentada pelo IDH do Brasil nas duas últimas décadas, ao sair da faixa de Muito Baixo (0,493) em 1991 para Alto (0,727) em 2010. E também afirma que o país está conseguindo reduzir as discrepâncias históricas de desenvolvimento humano entre os municípios das regiões Norte e Nordeste e aqueles localizados no Centro-Sul.
A Educação no Brasil foi o indicador que mais evoluiu, aproximadamente 128%. Pelos dados, em 1991, apenas três municípios (de um total de 5.565) estavam acima da faixa mais baixa de desenvolvimento humano em educação. Em 2000, a situação havia mudado sensivelmente no Sudeste e no Sul, mas continuava idêntica na maior parte do Brasil. O mapa de 2010 mostra a mudança em todas as regiões do país, puxada principalmente pelo aumento do fluxo escolar de crianças e jovens (156%).
Alguns dados de educação (entre 1991 e 2010):
- População adulta com ensino fundamental concluído passou de 30,1% para 54,9%
- Crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola passou de 37,3% para 91,1%
- Jovens de 11 a 13 anos nos anos finais do Ensino Fundamental passou de 36,8% para 84,9%
- Jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo passou de 20% para 57,2%
Porém: 40% dos jovens nesta faixa ainda não têm ensino fundamental completo
- Jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo passou de 13 para 41%
Ou seja: a maioria destes jovens ainda não possui médio completo
As pesquisas corroboram então, que o Brasil viveu grandes progressos em qualidade de vida, distribuição de renda e educação nos últimos dez anos. O Brasil deixou de ser um país só para as elites, e a doméstica, assim como a patroa, pôde ter carro, a filha da doméstica pôde fazer medicina e o filho do pedreiro pôde fazer engenharia, como nunca antes se pôde fazer na história do Brasil.

Raquel Montero

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