Cada vez pior.
Em 2001, no Estado de São
Paulo, 512 mil jovens concluíram o Ensino Médio e 670 mil concluíram o Ensino
Fundamental. Dez anos depois, em 2011, o número foi reduzido para 442 mil e 607 mil , respectivamente.
A taxa de analfabetismo
em São Paulo, em 2010, era de 4,3%, percentual duas ou mais vezes superior à de
muitos países de economia liberal e com renda per capita equivalente à
paulista, como Argentina, Chile e Uruguai (com taxas de analfabetismo de
2,2%, 1,3% e 1,9%, respectivamente). E quando a comparação é feita com países
socialistas, com renda per capita também equivalente à paulista, tais como
Lituânia, Romênia, Estônia ou Polônia, a diferença é assustadora: a taxa de
analfabetismo paulista é de cinco a dez vezes maior.
E o resultado não poderia
ser outro diante do abandono do Governo estadual sobre a Educação. Não há
investimento, há ínfima destinação de verba para a Educação. Não há valorização
dos professores e alunos, há violência e truculência com docentes e discentes.
Um exemplo categórico da
péssima gestão governamental paulista com relação a Educação é o bem fundamentado
programa de acompanhamento da progressão escolar, desenvolvido inicialmente na
Prefeitura da capital, sob orientação do educador Paulo Freire, o programa de Progressão Continuada, que
transformou-se, por falta de condição de trabalho para os professores, na
funesta aprovação automática, que
depois acabou contaminando também outros estados.
Eu fui uma das primeiras vítimas
desse "modelo" e senti no intelecto e na alma a pobreza desse ensino,
desde a sexta série do Ensino Fundamental, época em que ele foi instituído, até o último ano do Ensino Médio, quando concluí o ensino básico, sendo que todas essas séries cursei em escola pública estadual, a escola Professor Fernandes Palma, popularmente conhecida como Vilão. E as séries anteriores cursei na também escola pública estadual Professor Raul Peixoto, mas nesta escola o ensino era bem melhor porque ainda não haviam instituído a aprovação automática. Também presenciei o esvaziamento das salas de aula, alunos passando de uma série para outra sem ter aprendido as lições dadas na série
anterior, déficit cada vez maior na qualidade das aulas que recebemos e com
isso nossa segurança cada vez menor em concorrer num vestibular para acesso em
uma universidade pública, e a queda do estímulo das professoras e dos
professores que tive, outrora tão mais animados em ministrar aulas. Foram violências que me recordo, sinto e sofro as consequências até hoje. E assim
como eu, milhares de outras pessoas, numa sucessão que continua.
Quase não há professores
licenciados em várias áreas do conhecimento importantes para o desenvolvimento
nacional. A oferta de ensino superior público, contando universidades federais
e estaduais, é insuficiente em todo o Brasil, mas em São Paulo, é gritante.
Aqui são cinco matrículas em instituições públicas para cada mil habitantes,
contra dez matrículas nos demais estados.
No Estado de São Paulo o
investimento feito por município ou pelo Governo estadual é de 10% da renda per
capita, já nos países que têm sistemas educacionais que funcionam, sejam eles
economicamente desenvolvidos ou não, o percentual varia de 20% a 30% da renda
per capita anual.
A Constituição Federal é
flagrante e constantemente descumprida com esses comportamentos, principalmente
na parte referente à obrigatoriedade do ensino fundamental. A expressão
"obrigatoriedade" contida na lei maior só tem sentido se ela se
referir à conclusão do Ensino, não à matrícula no primeiro ano do Ensino
Fundamental, como vêm interpretando equivocadamente alguns governos.
Nessa conjuntura as metas
previstas no Plano Nacional de Educação (PNE) do período de 2001 a 2011, também não
foram cumpridas. O atual governador do Estado de São Paulo soma sete anos de
mandato desde a promulgação do PNE citado. No restante do período o Estado de
São Paulo foi governado por membros de seu próprio partido (PSDB). Portanto
fica explícita a total falta de comprometimento do atual Governo estadual com a
Educação paulista e sua enorme responsabilidade sob os nefastos resultados da
Educação no Estado de São Paulo.
E tendo em vista ser o
Estado de São Paulo um dos mais ricos estados da federação não há justificativa
plausível para esse desastre na Educação paulista, salvo o medo. Medo de que
com uma Educação qualitativa se promova verdadeira igualdade na oferta de
ensino para os alunos de todas as classes econômicas e com isso a emancipação das pessoas
do controle de governos neoliberais. Situações que fazem parte do conjunto de
medidas que esses mesmos governos neoliberais não querem e se esforçam por
repudiar.
Raquel Montero
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