Em Admirável Mundo Novo, Aldous
Huxley, nos descreve as abomináveis formas de manipulação da sociedade. É um
mundo que corrói e vai aniquilando a alma das pessoas, que sobrevivem dai como
zumbis mendigando. Assim também 1984,
de George Orwell. As obras se tornaram clássicos pela maneira como retrataram
muitas realidades e como profetizaram várias outras. Décadas se passaram e tais
obras se mostram ainda tão atuais, senão vejamos os tempos atuais. São de sucessivos ataques
golpistas. A América Latina é o principal foco. E no foco dos focos, trago a
análise para o Brasil atual.
O pacto
político e social da Constituição de 1988 está sob um ataque de exceção. Exceção
de diversas formas, inclusive no destinatário dos ataques. Os que se manifestam
contra a corrupção, dirigem seus ataques a um só partido político, que são os
mesmos que se dizem "apartidários". Os que se dizem de movimentos
sociais vão para a rua sem defender um tema ou pauta específica, são contra
tudo e não defendem nada. Admirável Mundo Novo!
Este ataque
representa a maior ofensiva organizada pelas forças políticas da direita e pelo
oligopólio da mídia conservadora, desde 1964.
A luta contra
a corrupção, que deveria ser imparcial, está sendo instrumentalizada por setores
reacionários e foi colocada a serviço de um projeto autoritário de restauração
de uma democracia restrita e de redução das funções públicas do Estado.
Ou não é a
isso que se presta uma intervenção militar, proclamada nas ruas?
Ou não é a
isso que se presta o financiamento empresarial de campanhas eleitorais mantido
pelos partidos políticos que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no
foco dos atuais ataques?
Ou não é a
isso que se presta a redução da maioridade penal, defendida pelos partidos
políticos que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no foco dos atuais
ataques?
Ou não é a isso
que se presta os ataques às conquistas
das mulheres, negros e homossexuais, defendida
pelos partidos políticos que não estão no foco dos atuais ataques?
Ou não é isso
que se presta a terceirização irrestrita, defendida pelos partidos políticos
que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no foco dos atuais ataques?
Ou não é a isso
que se presta o monopólio e oligopólio dos meios de comunicação, defendida
pelos partidos políticos que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no
foco dos atuais ataques?
Alguém viu no dia
16 de agosto manifestações contra esses temas?
A direita e o
grande empresariado fomentam o ativismo judicial seletivo, antidemocrático,
para desestabilizar o pacto político de 1988.
Nesse diapasão,
as esquerdas e as forças comprometidas com a democracia e com o avanço social
precisam se unir em torno da reforma política e pela democratização dos meios
de comunicação, tumores do Brasil. Estas são as grandes causas da corrupção.
Estas deveriam ser os focos das manifestações.
Unir-se pela
verdadeira liberdade de imprensa, que implica no direito à livre circulação da
opinião, normalmente censurada pelos oligopólios, e pela transparência e
democratização das concessões para rádios e TVs, que hoje são feitas no subsolo
da política nacional.
O nosso
“ajuste” deve ser outro. Deve garantir o crescimento com a ampliação dos
investimentos para combater desigualdades sociais, regionais e gargalos
produtivos. Deve visar um projeto de nação democrática e justa. E todos os
temas citados acima, e que não estão sendo reivindicados nos ataques golpistas
atuais, são imprescindíveis para esse projeto e crescimento, inclusive, a democratização da estrutura tributária
brasileira é essencial para que o desenvolvimento soberano e inclusivo receba a
contribuição dos que podem contribuir mais. E este é mais um ponto que essas
"manifestações" não atacam. Ou alguém viu alguma reivindicação na rua
pela tributação das grandes riquezas? Por que será que os ataques golpistas não
reivindicam isso?
Vamos manifestar sim, em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos sociais, e essa defesas passam, necessariamente, pela defesa de Dilma como Presidenta do Brasil, eis que foi o exercício da democracia que a elegeu, através do voto, e retirá-la será o maior desrespeito e violência à democracia e todos os outros direitos que com ela se efetivam num país que se descreve como Estado Democrático de Direito, dentre estes, a liberdade e todos os direitos sociais.
Raquel Montero
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