Raquel Montero

Raquel Montero

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Espaço público é para o público


Na contramão do movimento internacional pró-mobilidade urbana, a ampliação das ciclovias na cidade de São Paulo (SP) tem sido duramente criticada por moradores de áreas nobres da capital. Por outro lado, as ciclovias já estavam previstas no planejamento urbano de São Paulo desde os anos de 1980.
Em reportagem publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”, neste domingo (7), cidadãos acusam as mudanças de serem as responsáveis por causar transtorno ao reduzir o número de vagas para carros em alguns bairros e atrair gente que “não presta”.
“Eles não podem perder o direito de estacionar os carros nas ruas. E a ciclovia vai atrair assaltantes”, argumentou uma das moradoras do bairro de classe média alta ouvidas pela reportagem. “Quem anda de bicicleta não presta, hoje nós sabemos disso. São pessoas não qualificadas. Então, vamos ficar sujeitos a esses riscos aqui?”, sustentou outro morador.
Hoje a capital paulista conta com mais de 200 quilômetros de ciclovias e mais de 6,7 mil vagas para bicicletas, segundo a Prefeitura. A previsão é que até o final de 2015, o espaço destinado exclusivamente para a travessia de ciclistas chegue a 463 quilômetros. Somente na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) foram instalados 139,2 quilômetros desse total.
Há ainda um projeto de lei de autoria da vereadora Juliana Cardoso (PT), da Assembleia Legislativa de São Paulo, que pretende oferecer desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) às empresas que estimularem o uso de bicicletas entre os funcionários como meio de transporte, disponibilizando bicicletários e vestiários, por exemplo.
Segundo o prefeito, a ação vai contra o esforço do governo local para cumprir o Plano de Mobilidade, estabelecido por lei. “Todos os prefeitos do Brasil têm de responder ao plano, que prevê faixa exclusiva para ônibus e ciclovias”, disse Haddad, em evento no mês passado.
Ribeirão Preto está caminhando para o caos que já existe em muitas cidades brasileiras. Em muitos lugares de Ribeirão esse caos já existe em horários pontuais, como às 12hrs e 18hrs. É só lembrar da Avenida Nove de Julho e Francisco Junqueira nesses horários...
Sabemos que combater o poder econômico infiltrado em vários setores e aspectos da vida em sociedade é tarefa muito, mas muito difícil. Há tantos obstáculos, resistência e estratagemas por trás das máscaras que fazem com que as soluções, que já existem, sejam proteladas injustificadamente.
Mas essa dificuldade, há tempos também, já faz parte de nossas ponderações e já sabemos que temos que contar com ela para dialogar sobre qualquer iniciativa de mudança. Então, por mais difícil que possa parecer, é necessário continuar e perseverar, já contando com esse ingrediente, nas tratativas que se fará. Isso não retira a dificuldade, mas facilita o entendimento e nos prepara melhor para as argumentações.
Especialistas em tráfego dizem que a saída é grandes investimentos em transporte público. O transporte público deve contar com todas as comodidades que atraem as pessoas para o transporte particular, tais como ar condicionado, rapidez, insulfim no lugar da cortina, limpeza, número limitado de pessoas por coletivo, de maneira  a não lotá-los. Se o transporte público não oferece as mesmas condições que o transporte particular, ele perde na disputa. A rapidez também vem com metrôs. Mas veja, não só com eles.
Outrossim, o Passe Livre, é medida indispensável para atrair as pessoas para o transporte público coletivo.
As ciclovias, como vem fazendo o Prefeito Haddad, com bicicletários espalhados pela cidade e locais de trabalho preparados com vestiários em que os trabalhadores possam tomar banho, integram um sistema organizado e sustentável de transitar pela cidade.
A mobilidade urbana no Brasil não é um problema financeiro. Em 2.012 o governo Dilma anunciou verba de 32 milhões para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da mobilidade urbana. O foco para os investimentos é a construção de metrôs, veículos leves sobre trilhos (VLT) e corredores de ônibus em cidades que possuem entre 250 mil a 700 mil habitantes.
O orçamento federal de 2.012 já previa uma verba de 2,1 bilhões de reais para obras de mobilidade urbana. Destes, até pouco tempo atrás, só haviam sido gastos apenas 64,8 milhões.
Daí se conclui que não há ausência de dinheiro para investimento em mobilidade urbana, mas sim, ausência de prioridades.
Da análise da conjuntura, mais um ponto positivo para os Prefeitos que têm a coragem de enfrentar o poder econômico e privilegiar o interesse público, como de fato deve ser. Nesse sentido, mais um ponto positivo para Haddad.

Raquel Montero

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