“O que me preocupa não é grito dos maus, é o silêncio dos bons.”
Assim disse poeticamente e de maneira indignada, Martin Luther King.
E foi exatamente a frase que veio em minha mente no triste
episódio praticado pelo deputado Jair Bolsonaro, no mais recente episódio
protagonizado por ele no plenário da Câmara dos Deputados.
Bolsonaro disse na tribuna da Câmara que
não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela não merece.
É óbvio o
desrespeito por parte de Bolsonaro. Criticar aqui sua conduta seria redundante.
Todos que defendem, minimamente que seja, direitos humanos, sabe da aberração
que praticou Bolsonaro. Ocorre
que não é a primeira vez que Bolsonaro ofende direitos humanos e tem atitude não
só desrespeitosa como também criminosa. Contudo, Bolsonaro ai está, e continua.
Seus pares sempre colocam “panos quentes” nos disparates de Bolsonaro. Ele
agride as mulheres e se empodera pelas recorrentes absolvições. Como conviver
com isso?
Me solidarizo com Maria do Rosário, e faço da ofensa que ela recebeu, minha ferida. Ferida que sangra com mais um ato de machismo praticado, pasmem, flagrantemente, na tribuna de uma das Casas que mais respeito, no plenário de um espaço que deveria ser cenário para avanços e não retrocessos como esse.
Não deixo de acreditar na mudança das
pessoas para melhorar. Deixar de acreditar nisso é desacreditar de nós mesmos.
Mas também, do que já vi de Bolsonaro, isso não me espanta. O que mais me
incomodou, no entanto, como está me incomodando, é o que proclamou Luther King;
“o silêncio dos bons”. No Congresso, para a maioria, o barco segue como se nada
tivesse acontecido. Agora foi Maria do Rosário, e amanhã pode ser eu, pode ser
minha vizinha, pode ser qualquer uma de nós, mulheres, a próxima vítima de
machismo. O silêncio, como a impunidade, leva a maior probabilidade de novos
disparates.
Quando Bolsonaro diz que “não estupraria Maria do Rosário porque ela não merece ser estuprada”, diz, também, que; 1) algumas mulheres merecem 2) que ele é potencial estuprador.
Mais se, muito embora, muitos silenciam diante de tal anomalia, outros dão voz a justiça. Meu partido, PT, liderado pelo nosso Presidente Rui Falcão, em requerimento protocolado no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pediu a cassação de Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar. Rui Falcão ainda afirmou para a imprensa que uma ação judicial para o caso também está sendo avaliada.
Mais grave que termos atitudes como a de
Bolsonaro, é termos uma Câmara que as protege, as blinda. Não podemos
compactuar com isso, e o PT não está compactuando.
Raquel Montero
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