Raquel Montero

Raquel Montero

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Reunião com a comunidade da "Favela João Pessoa"


Continuando as ações de cidadania, foi realizada uma reunião com a comunidade do núcleo de favela denominada João Pessoa, no bairro Jardim Aeroporto em Ribeirão Preto, no feriado do dia 06/04/2012, às 09hrs. Veja fotos abaixo feitas pelo arquiteto e urbanista e membro ativo do movimento pró moradia e cidadania, Mauro Freitas.
A reunião foi acertada com o líder da comunidade, Senhor Jamil, que é o morador mais antigo dessa favela. Senhor Jamil mora na favela da João Pessoa há aproximadamente 30 anos.
O papel do líder da comunidade nessa reunião foi convocar todos os moradores da comunidade para participarem da reunião e assim, todos receberem as instruções objetivadas com a reunião. Também o líder, junto com demais colaboradores, buscou disponibilizar aparelho de som, microfone e uma casa como local para o encontro.
Essa reunião é parte de ações estratégicas que estão sendo realizadas nos núcleos de favelas que ficam ao redor do aeroporto de Ribeirão Preto. Iniciou-se com a carta dirigida para a Prefeita Darcy Vera onde foi relatada toda a situação dessa comunidade, inclusive a existência do direito ao usucapião da terra que a comunidade está ocupando. A carta foi postada nesse blog em momento anterior, sob o título “Carta para a Prefeita”, o qual pode ser lido na íntegra todo o relatório.
Assim dando sequência as plano de ações a serem realizadas nesses núcleos de favela, a reunião teve como objetivo, nesse momento, instruírem as pessoas da comunidade a irem na Defensoria Pública para ajuizarem ações judiciais de usucapião, e assim, resguardarem seus respectivos direitos.
Antes disso fiz contato com o coordenador geral da Regional da Defensoria Pública de Ribeirão Preto, o Defensor Público Victor Hugo Albernaz Júnior, para combinarmos como poderia se dar um mais ágil e eficaz atendimento, tanto para a comunidade como para a entidade Defensoria.
Com isso estabelecemos um plano de atendimento onde já informamos para a comunidade, na reunião feita, quais documentos cada pessoa teria que levar, para evitar várias idas das pessoas à Defensoria, e um rodízio de atendimento para evitar lotações e perda de tempo para as pessoas da comunidade.
Quando falei desse plano de atendimento para as pessoas da comunidade, prontamente elas começaram a ser organizar com carros, caronas e divisão de gasolina, num concreto socialismo.
O evento foi muito positivo. Houve muita interação das pessoas com perguntas, denúncias e solidariedade para colaboração. 
Povo organizado tem mais poder e consegue mais e melhor.

Raquel Bencsik Montero







sábado, 7 de abril de 2012

Chuva




A música do vídeo é bonita o coral canta bem mas o que mais me agradou nessa apresentação foi a interpretação da chuva que o coral reproduziu. Belíssima reprodução! Magnífico som!

Existe a explicação científica para o acontecimento que se denominou chuva. Mas em que pese essa explicação e suas coerências, a chuva tem também sua magia. Ela pode ser brava ou calma, aterrorizar ou apaziguar, aquecer ou esfriar, alegrar ou entristecer, produzir ou destruir, lavar ou sujar, encher ou transbordar, acolher ou afastar, ventar ou abafar, ajudar ou atrapalhar. Ela pode trazer muitas lembranças e sensações... 

...começava a chover e ai era o momento de ficar dentro de casa olhando pela janela a chuva forte que caia na rua, de ficar dentro de casa contando histórias e rindo, o que se tornava um momento muito aconchegante e prazeroso. Era o momento de ir dormir porque dormir com chuva é a própria benção, de escorregar de papelão na grama molhada da praça do “escadão”, de não ir na escola porque tinha começado a chover e já que era muito cedo e estava chovendo, melhor mesmo era ficar na cama, porque nada era mais acolhedor naquele momento, de sentir medo dos trovões e raios e reconhecer nossa própria fraqueza, a proteção da mãe que gera e a grandeza da mãe natureza, de ficar olhando as plantas dançarem ao vento e se lavarem do pó acumulado em suas folhas, de ver os pássaros molhados que não conseguiram se abrigar da chuva, de ver as goteiras que ser formam na árvores, de observar toda a harmonia que existe no universo e de aprender com ela, de ficar feliz ao sentir o cheiro da chuva antes que começasse a chover porque junto com a chuva se poderia reviver os acontecimentos bons que com as chuvas passadas ocorreram.

É o momento de temer tragédias que a negligência e corrupção humana permitem com que aconteçam quando seus governantes deixam de ser administradores de suas cidades para serem estelionatários populares e fazem sofrer muitos, como todos aqueles que em época de chuva ficam com suas casas alagadas, e para os que não tem casa, são seus próprios corpos que molham.  É o momento de pensar nos animais de rua, vítimas de seus respetivos donos, que os abandonaram quando não os queriam mais. 

É o momento de ser humano, porque todo esse contraste nos permite pensar que embora existam mazelas, existe o belo e se ele existe é porque é possível o melhor, ser melhor, fazer melhor, viver melhor.

Só algo transcendental pode proporcionar tantas sensações. Abençoada chuva!

  Raquel Bencsik Montero

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Panelaço na Câmara





Em um terceiro panelaço na Câmara Municipal de vereadores de Ribeirão Preto, os manifestantes conseguiram ler a moção de repúdio ao aumento de aproximadamente 40% na remuneração dos vereadores e ao aumento do número de vereadores, passando de 20 para 27 na próxima legislatura (veja notícias abaixo).
A moção de repúdio fez críticas contundentes aos vereadores de Ribeirão Preto. Foi lido que o trabalho dos atuais vereadores pode ser resumido a votações para nomes de ruas e a elaboração e aprovação, em destacada maioria, de leis inconstitucionais e leis sem relevância pública.
Foi lido que esse tipo de trabalho revela que os atuais vereadores não nos representam e assim sendo, não são merecedores de aumento e de reeleição, e fatos recentes, como o próprio ato de desprezo dos vereadores ao clamor público manifestado no movimento que pleiteia a revogação do aumento da remuneração e do número de vereadores, corroboram a falta de representatividade alegada.
A íntegra da moção de repúdio pode ser lida na página virtual do movimento intitulado “Panelaço”, disponível no Facebook como Movimento Panelaço.
A moção formaliza com elegância e inteligência um desabafo da maioria da população ribeirãopretana, senão de toda a população.
Diante da persistência do movimento, que pela terceira vez foi à Câmara Municipal para contestar os aumentos, do salário e do número de vereadores, e após o cumprimento de exigências burocráticas, a moção de repúdio pôde ser lida na tribuna do plenário da Câmara e após sua leitura, apenas o Presidente da Câmara, vereador Cícero Gomes, se manifestou para pedir desculpas pelo ato de seu servidor, quando este rasgou listas de assinaturas de pessoas que concordam com a revogação dos aumentos.
Muito embora a retratação do vereador Cícero Gomes, os comentários que sucederam à retratação foram lamentáveis. Disse Cícero Gomes que não responde pelos atos de seus servidores. Ora, se o vereador não responde pelos atos de seus respectivos servidores, quem responde então?
Em meio a tantos panelaços (o do dia 03/04/2012 foi o terceiro), com cartazes, faixas, apitos, panelas, frases de protesto gritadas em coro, música feita para a manifestação http://youtu.be/OM9kIKpi-ig , moção de repúdio, máscaras, maquiagem, cobertura de todos os meios de comunicação da cidade, os vereadores estão intimidados e receosos, seja com o resultado dessas manifestações seja com as eleições que se aproximam.
E nessa sintonia alguns vereadores ainda tentam justificar a situação para tentarem dissolver o protesto e ficarem com uma boa imagem diante do povo. E ai o vereador André Luiz (PCdoB), o vereador Gilberto Abreu (PV) e o vereador Cícero Gomes (PMDB) dizem que os aumentos estão baseados na lei, portanto, são legais. Especificamente sobre o aumento nos subsídios, disseram que o aumento além de estar coerente com a lei, está aquém do permitido, porque, conforme a lei, o aumento poderia ter sido maior.
Mais uma vez, lamentável.
Esquecem nossos vereadores que o campo da legalidade é muito menor que o campo da moralidade e nem tudo que é legal é moral, bem como nem tudo que é moral é legal.
O tempo já revelou que muitas leis são deveras injustas e demonstram que só foram feitas para atender a interesses particulares que sobressaíram ao interesse público.
E dessa forma, tendo em vista o contexto social que vivemos atualmente em nossa cidade, é moral um aumento de aproximadamente 40% nos subsídios dos vereadores de Ribeirão Preto?
Mas ainda que os vereadores queiram resolver a questão no campo limitado da legalidade, ainda sim seus atos são reprováveis. Isso porque se a questão se resume à obediência à lei, o salário mínimo deveria ter sido aumentado em pelo menos 300% tendo em vista que a Constituição Federal (que é lei) diz que é direito dos trabalhadores o salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo.
E de acordo com lei, o salário mínimo atual de R$ 622,00, atende as necessidades vitais básicas como descritas no texto constitucional?
Ou a lei é para todos ou não é para ninguém.

Raquel Bencsik Montero

Vídeo: http://www.jornaldaclube.com.br/videos/5242/manifestantes-se-mobilizam-contra-vereadores

03/04/2012 - 21h35

Grupo chama presidente da Câmara de Ribeirão Preto (SP) de 'coronelista'

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GABRIELA YAMADA
DE RIBEIRÃO PRETO

Atualizado às 22h37.
Em mais um protesto contra o aumento salarial dos vereadores de Ribeirão Preto (313 km de SP), na noite desta terça-feira, manifestantes classificaram a gestão do presidente da Casa, Cícero Gomes da Silva (PMDB), de "coronelista".
O professor de história Jonas Paschoalick, 30, que representa o Movimento Panelaço --criado na rede social Facebook--, leu uma "carta de repúdio" com críticas ao presidente da Casa e aos demais vereadores.
"Os vereadores não estão aptos a representar a população ribeirão-pretana", leu Paschoalick.
Depois da leitura da carta, nenhum vereador quis responder diretamente as críticas.
Apenas o presidente da Casa falou. Ele se desculpou pelo fato de um de seus funcionários ter rasgado uma carta dos manifestantes na semana passada.
"Não respondo pelo meu assessor, mas isso causou indignação e eu peço desculpas", afirmou. Ele não comentou as demais críticas e já disse em entrevistas que os aumentos serão mantidos.
Em 22 de março, a Câmara aprovou aumento de quase 40% nos vencimentos dos parlamentares para 2013. Com isso, os vereadores passarão a ganhar R$ 12.991 --hoje recebem R$ 9.288.
Além de pedir a revogação do aumento salarial, o movimento quer também que os vereadores recuem na decisão de ampliar de 20 para 27 o número de vagas na Câmara a partir de 2013.
A carta também afirma que os vereadores usam o Legislativo para defender interesses pessoais. O movimento diz que o aumento dos salários representa abuso de poder político e profissionalização do cargo político.



Quarta, 04 de Abril de 2012 - 09h33

Carta aberta ‘detona’ trabalho de parlamentares na Câmara

Panelaço 3: Manifestante usa a tribuna para criticar os vereadores, que se calam

Monize Zampieri
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Os 20 vereadores foram humilhados ontem (3), na Câmara, durante leitura de uma carta aberta de repúdio ao aumento de quase 40% no próprio salário para a próxima legislatura. O documento foi lido na tribuna da Casa de Leis por um representante do grupo, que promoveu seu terceiro manifesto e manteve os cerca de cem participantes, mobilizados por meio do ‘Facebook’. Vereadores silenciaram.
A carta exigia a revogação do aumento do subsídio e do aumento do número de cadeiras para 2013, além da retratação do presidente da Câmara, Cícero Gomes (PMDB), devido à atitude de um de seus assessores durante o protesto de terça-feira da semana passada - que acabou sendo a única solicitação atendida.
"Entendemos que a Câmara de Ribeirão Preto não está apta a representar os interesses da sociedade ribeirão-pretana. Entendemos que tais deliberações da Câmara representam um desrespeito ao povo de Ribeirão Preto", leu o professor de História e universitário Jonas Paschoalick.
O documento ainda menciona que a Câmara de Ribeirão Preto é recordista nacional em projetos inconstitucionais e que mais de 50% dos projetos apresentados pelos vereadores no segundo semestre de 2011 se destinam a nomear ruas e praças.
"Entendemos que o aumento no subsídio dos vereadores, votados por estes, representa um abuso do poder político e a ratificação da equivocada profissionalização da política", destacou. "Esse acréscimo de vereadores em nada aperfeiçoa a representatividade da população ribeirão-pretana", acrescentou.
Os vereadores ouviram atentamente à carta, que dizia também que os "atos realizados só reafirmam o caráter coronelista que tem a gestão desta casa. Deixa clara uma confusão entre o público e o privado quando aqueles que foram eleitos para representar o povo, ao invés de o fazerem com orgulho, fazem em defesa de interesses particulares".
"Ao invés de se dirigirem aos eleitores com respeito e consideração, usurpam a cidadania e a democracia participativa com atitudes autoritárias", diz a carta.
Cícero pede desculpas por assessor
 O presidente da Câmara, Cícero Gomes (PMDB), pediu desculpas aos manifestantes por seu assessor José Donizete Paixão ter rasgado e descartado no lixo documento que o grupo "jogou" para os vereadores no manifesto de terça-feira passada. "Eu não respondo pelos atos do meu assessor, mas, se causou indignação, peço desculpas", declarou.
A indiferença dos vereadores à carta aberta e aos pedidos de revogação do reajuste aumentou a revolta dos manifestantes, que pretendem voltar à Câmara, na próxima semana.  "Demos o nosso recado hoje, mas exigimos as revogações", declarou Jonas Paschoalick.
Os manifestantes permaneceram em silêncio durante as votações, mas emendaram gritos de protesto ao perceberem que os vereadores não se pronunciariam. Dentre eles: "Revoga o seu aumento, sou eu que te sustento", "20 bastam para Ribeirão" e "Não reeleja", além de cantarem o Hino Nacional.


03/04/2012 17h50 - Atualizado em 03/04/2012 18h02

Abaixo-assinado rasgado por assessor

 




vira samba em Ribeirão, SP



Música de protesto pede para que funcionário não rasgue o documento.
Atitude gerou tumulto entre manifestantes e guardas civis na Câmara.

Leandro MataDo G1 em Ribeirão e Franca

Música pede para assessor não rasgar moção de repúdio em Ribeirão (Foto: Reprodução/YouTube)Música pede para assessor não rasgar moção de
repúdio em Ribeirão (Foto: Reprodução/YouTube)
Músicos de Ribeirão Preto fizeram um protesto bem humorado contra o assessor da presidência da Câmara Municipal que rasgou e jogou no lixo uma moção de repúdio pelo aumento salarial de quase 40% dos vereadores da cidade, aprovado no final de março. O documento tinha, segundo os organizadores, 350 assinaturas e o objetivo era entregá-lo ao presidente da Casa, Cícero Gomes da Silva (PMDB).
O episódio, que terminou em confusão na sessão do dia 27 de março – após os manifestantes serem expulsos da Câmara por guardas municipais – se transformou em samba. A música “Não rasgue o meu documento” é de autoria de Márcio Bá. O autor é amigo de pessoas que fazem parte do protesto contra o aumento salarial dos parlamentares, apelidado de panelaço. Segundo ele a inspiração veio espontaneamente.
“Eu saí do espetáculo teatral e na caminhada para a minha casa ela (a música) veio”, disse Bá.
A canção tem frases que dizem “Meu senhor não rasgue o meu documento” e “largue de ser rabugento”. O autor espera que ela se torne um canto para os manifestantes.
“Eu fiz uma música e se isso puder unificar as vozes eu fico feliz”, afirmou.
Manifestantes se revoltaram após assessor parlamentar rasgar monção de repúdio (Foto: Leandro Mata)Manifestantes se revoltaram após assessor
rasgar moção de repúdio (Foto: Leandro Mata)
O caso
O panelaço organizado pelo Facebook contra o aumento salarial acabou em confusão após o assessor parlamentar José Donizete Paixão rasgar uma moção de repúdio contra o aumento salarial dos parlamentares, que deveria ser entregue ao presidente da Casa. Os manifestantes foram tirar satisfação com Paixão, que acabou escoltado até uma sala do prédio.
Para conter a revolta, guardas civis que estavam na Casa – acompanhando a votação de um reajuste salarial e do plano de carreira da categoria, que acabou aprovado – expulsaram os manifestantes da Câmara.
Aumento salarial 
Os vereadores de Ribeirão Preto aumentaram os salários em cerca de 40% no final de março. O projeto foi colocado em discussão sem qualquer aviso prévio, surpreendendo parte das pessoas que acompanhavam os trabalhos. Com a decisão, o rendimento mensal de um parlamentar passará de R$ 9,2 mil para R$ 12,9 mil a partir do próximo mandato.
Para chegar ao valor, os vereadores levaram em conta o reajuste dado aos servidores municipais de 6,5%, referente à defasagem dos rendimentos diante da inflação. Eles calcularam a perda salarial dos últimos cinco anos que o cargo ficou sem aumento – o último ocorreu em 2007.

Edição do dia 04/04/2012
04/04/2012 10h24 - Atualizado em 04/04/2012 10h28

Aumento de salários de vereadores em


 

Ribeirão é imoral, diz manifestante



Câmara abriu tribuna para representante do Movimento do Panelaço.
Vereadores não comentaram as palavras de repúdio até o fim da sessão.

Do G1 Ribeirão e Franca
A Câmara de Ribeirão Preto (SP) abriu a tribuna na noite desta terça-feira (3) para a leitura de uma carta redigida pelo chamado ”Movimento do Panelaço”, contra o aumento dos salários dos vereadores e do número de parlamentares na Casa.
Após reclamar que os manifestantes foram criminalizados e tratados como terroristas, Jonas Paschoalik chamou de antiético e imoral o reajuste salarial dos parlamentares através de uma votação de urgência.
Além disso, o jovem salientou o despreparo dos vereadores para lidarem com a pressão popular e a postura dos políticos da cidade em colocar interesses particulares à frente dos coletivos.
“Não descansaremos enquanto não formos atendidos”, concluiu. Ao final da leitura, os vereadores não fizeram comentários até o final da sessão, apesar de serem incitados pelo público presente a darem uma resposta.
Com placas e vestidos de preto, como forma de representar um luto pelo aumento salarial dos vereadores, os manifestantes realizaram o terceiro protesto na Câmara seguido em uma semana.
O manifestante Jonas Paschoalik lê carta de repúdio a vereadores durante sessão da Câmara de Ribeirão Preto (Foto: Reprodução EPTV)O manifestante Jonas Paschoalik lê carta de repúdio a vereadores na Câmara (Foto: Reprodução EPTV)http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2012/04/aumento-de-salarios-de-vereadores-em-ribeirao-e-imoral-diz-manifestante.htm


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Embriaguez no volante


O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgamento apertado, que se deu por um voto de minerva, julgou esta semana que apenas o bafômetro e o exame de sangue podem comprovar a embriaguez no volante para efeito da caracterização do crime previsto no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Então, demais provas, tais como testemunhas, não servem para comprovar a embriaguez no volante e assim, o crime.
Embora essa decisão do STJ não decida definitivamente o assunto, podendo ainda ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ter julgamentos diferentes em outras instâncias e tribunais, tendo em vista que não é uma decisão que vincula os demais órgãos julgadores do Poder Judiciário, é uma decisão que marcou uma posição do STJ e julgou vários processos que, se tratando da mesma matéria foram unidos para serem julgados de uma só vez.
Para justificar sua decisão o STJ se manifestou explicando que o crime de embriaguez no volante, definido pelo art. 306 do CTB, traz elementos objetivos que não deixam lacuna ou margem para vários entendimentos, ou seja, a redação do art. 306 caracteriza como crime conduzir veículo automotor estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência.
Na íntegra, preleciona o art. 306 do CTB; “Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único – O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.
Dessa forma, para a caracterização do crime de embriaguez no volante é necessário que se demonstre a concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 decigramas ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência.
E para que se demonstre essa concentração de álcool é necessária a utilização de métodos que possam atestar com exatidão essa concentração exigida pela redação do art. 306 e os métodos hoje existentes para essa averiguação são o bafômetro e o exame de sangue, testemunhas, por sua vez, não darão essa precisão que exige a lei.
Muito bem, a questão estaria resolvida se não tivessem levantado a tese de que ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo.
Tendo por base essa tese, o condutor de veículo que for flagrado dirigindo, aparentemente, sob a influência de álcool ou outras drogas, pode se furtar de fazer o teste do bafômetro e o exame de sangue porque estes testes podem afirmar a concentração de álcool e de outras drogas no sangue do condutor e, assim, provar contra o condutor do veículo e o condutor do veículo, segundo a tese acima mencionada, não pode ser compelido a produzir prova contra si mesmo.
Diante dessa alegação os condutores já se resguardaram, se negando a fazer os aludidos testes quando surpreendidos em fiscalizações, e os mais “preparados” fazendo habeas corpus preventivo na hipótese de serem constrangidos pela autoridade pública a fazerem qualquer dos testes.
Com isso alguém tem dúvida de que a lei se tornou inútil?
Pois é, e o julgamento do STJ só veio a corroborar essa inutilidade.
Certo julgou o STJ porque a lei realmente é objetiva, diz exatamente o que tem que ser analisado para que se caracterize o crime de embriaguez no volante, condições sem as quais, o crime não se caracteriza. Não há lacunas ou margem a dúbias interpretações. Há coerência com o Direito Penal brasileiro que diz que o crime só se configura quando preenchidos todos os elementos de sua descrição legal.
Então sem os testes aludidos, não há comprovação da concentração de álcool ou de outras drogas no sangue e assim, falta um dos elementos para a caracterização do crime do art. 306 e, por conseguinte, o condutor não pode ser condenado.
Volta a reinar a impunidade.
Questão tormentosa?
Se por um lado existe na Constituição Federal o inciso LXIII do art. 5º prescrevendo que o preso tem o direito a ficar calado, onde se abstrai o princípio jurídico de que ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo, em sentido oposto existe em lei federal, o Código de Processo Civil brasileiro, dispositivo dizendo que é dever das partes que estão participando do processo dizer a verdade, agir de boa-fé, agir com lealdade, sob pena de pagar indenização à outra parte do processo (artigos 16, 17 e 18).
Então temos, em uma situação, o direito a ficar calado, e o dever, em outra situação, de dizer a verdade.
O direito constitucional de o preso poder ficar calado diante uma acusação nasceu das experiências vividas durantes ditaduras e regimes absolutos de governos ocorridos em várias partes do mundo.
Nessas experiências foram usados meios tortuosos para obter provas contra o acusado e muitas vezes a própria prova obtida, tal como a confissão, era falsa, eis que o acusado era torturado para dizer ou confessar algo que não era verdadeiro, mas que, sob tortura ele era obrigado a dizer que era verdade.
Então a confissão do acusado realmente pode ser idônea, mas se foi obtida mediante tortura ela perde a legitimidade porque a tortura é abominável, não pode ser praticada em hipótese alguma. As provas devem ser obtidas por meios que respeitem a dignidade, senão o que teremos é justificativa para violências e violência em hipótese alguma deve ser aceita.
E, ao mesmo tempo, a confissão pode ser falsa, tendo em vista a possibilidade de o acusado ter sido torturado para dizer algo.
Daí vem a idéia de o preso ter o direito de ficar calado e a previsão em nosso próprio Código de Processo Penal de que a confissão do acusado deve analisada em conjunto com o contexto dos fatos e ela não basta ou determina nada, eis que, justamente, o acusado pode ter sido torturado, como muitas vezes ocorreu em experiências passadas (e infelizmente ocorre até hoje, mas hoje sob o manto da clandestinidade), para fazer a confissão que está sendo utilizada no processo.
Mas, no entanto, se por um lado o direito constitucional de ficar calado diante de uma acusação é poderosa arma para tentar impedir ações ilegais por parte das autoridades públicas, por outro ele dificulta e frequentemente inviabiliza a condenação, já que sem determinadas provas, como é o caso do bafômetro e do exame de sangue, não há como condenar o acusado no contexto atual.
Eis o problema com que nos deparamos.
E ai surgem algumas ideais como é o caso de uma iniciativa popular de lei, disponível no site da empresa jornalística Bandeirantes (http://naofoiacidente.org/site/assine/ ) onde se estabelece dentre outras propostas que a caracterização do crime de embriaguez no volante  se dá com qualquer quantidade de álcool ou demais drogas no sangue do condutor do veículo e que o exame de sangue e o bafômetro devem ser feitos independentemente da vontade do condutor do veículo.
Mas penso que a proposta da obrigatoriedade dos testes para auferir a existência de drogas no sangue do condutor continuará esbarrando no princípio de que ninguém pode ser obrigada a produzir prova contra si mesmo, pelas razões já expostas acima, e com isso, o problema persistirá.
Contudo, a questão estaria facilmente resolvida se as pessoas agissem com bom senso, ou seja, se a pessoa fica mal quando bebe bebidas alcoólicas e depois terá que dirigir, não beba. Se o problema na combinação em beber e dirigir está em beber muito, beba o pouco suficiente para não ter problemas.
Não existe bom senso no sujeito gago de tão bêbado querer dirigir veículo automotor e achar que não tem perigo nenhum nisso.
Bom senso é o que nos remete a pensar se o que estamos fazendo ou iremos fazer é certo ou errado dentro de uma concepção que também nos coloque no lugar do próximo.
As palavras aqui expostas tentam um convite ao debate, com o objetivo de pacificar essa situação do trânsito, que tanto prejuízo e tristeza vem causando, notadamente, no Brasil, e nesse sentido foi que também assinei a proposta de iniciativa popular aludida acima, isto é, para fazer com que a questão volte à discussão no Congresso Nacional e assim, que encontremos a melhor saída.

Raquel Bencsik Montero