Enquanto a decisão parcial do judiciário era tomada no Tribunal
Regional Federal da 4º Região de Porto Alegre, sobre o processo sem provas
contra o ex-presidente Lula nesta quarta-feira (24), multidões se
reuniam em todas as capitais de todos os estados, e, principalmente, em Porto
Alegre. Em São Paulo uma multidão se reuniu na Praça da República, no centro da
capital. Eu também fui para lá.
Pessoas das mais
diferentes profissões, estudantes, militantes de movimentos sociais e de sindicatos,
representantes de diversos partidos políticos e pessoas que defendem a
democracia compareceram em peso.
Estiveram presentes lideranças do PT, como a presidenta do
partido, Gleisi Hoffmann, a
senadora Fátima Bezerra, o senador Lindbergh Farias, a deputada Maria do Rosário, os deputados Paulo Pimenta, Paulo Teixeira, Zeca Dirceu, Reginaldo Lopes, José Guimarães, Arlindo Chinaglia, Nilto Tatto,
o vereador Eduardo Suplicy, entre
outras lideranças de outros partidos.
Foram mais de 50 mil
pessoas, lotando a região central da cidade. A divulgação da decisão de manter
a condenação do ex-presidente nem de perto abalou os manifestantes, que estavam
firmes no apoio a Lula. Após o ato na Praça da República fizemos uma passeata
pelas ruas da capital.
O ex-presidente foi o último a
falar na Praça da República, antes do ato seguir rumo à Avenida Paulista, onde
terminou de maneira pacífica.
Ele começou afirmando que o ato era primeiramente em defesa da
soberania nacional. “Eu nunca tive nenhuma ilusão com a decisão do Moro. Nem
com a decisão dos desembargadores. Porque houve um pacto entre a imprensa e o
poder judiciário para acabar com o PT”.
“Eles não suportavam mais o aumento da escolaridade. Eles não
suportavam um programa que mandava 100 mil jovens para o exterior. Eles não
suportavam mais o aumentos dos créditos para ajudar os mais pobres a comprar
casa”, afirmou o ex-presidente.
A senadora e
presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que pela
manhã participou do ato em Porto Alegre, foi até São Paulo e afirmou aos
manifestantes que a Constituição tem sido rasgada e desrespeitada. “Porque a
constituição foi um marco na história do Brasil e nela dizia que a democracia
seria decidida no voto popular direto. Os direitos de defesa, direitos humanos, isso tudo não está valendo
desde o impeachment.”
Gleisi citou a volta
do Brasil ao Mapa da Fome e os cortes em programas
sociais, afirmando que “essa gente não tem nenhum respeito ao povo brasileiro,
governa para uma elite que tem dinheiro. Essa é uma sentença corporativa, de
proteção de Sérgio Moro. Eles disseram que a gente deu tom
político ao processo. Quem deu foram eles.”
“Estamos num momento histórico deste país”, ressaltou a presidenta
do PT. “Eu acho que só temos um caminho: reagir firmemente, defender a
democracia e defender o Lula. Nós não aceitamos esta sentença. É uma sentença
com visão de classe. A coisa mais importante que temos na nossa democracia é o
voto popular, e eles querem impedir o voto.”
“É impedir que milhões de
brasileiras e brasileiros tenham o direito de votar em quem eles já mostraram
que querem como presidente. Três desembargadores não podem decidir sobre a vida
deste país. Se eles levantarem o tom nós vamos levantar. Se eles trucaram nós
vamos aceitar, mas vamos para cima. Este país não é uma republiqueta de
bananas."
Raquel Montero
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