Assim que tomou posse do
cargo de Secretário Estadual de Transportes do Governador Geraldo Alckmin,
Duarte Nogueira pronunciou que um dos seus principais compromissos será a
internacionalização do Aeroporto Leite Lopes. Um novo Secretário, porém,
incorrendo em velhos erros.
Não há condições legais,
sociais, ambientais, urbanas e técnicas que permitam a ampliação do aeroporto
Leite Lopes (LL), fazendo-se necessário, então, a construção de um novo aeroporto em outra área de Ribeirão Preto ou de
cidades próximas.
O projeto de ampliação do
Aeroporto LL inicia-se com a construção de um terminal de cargas.
Isso em 1.990.
Em 1.997 o estudo de viabilidade dessa ampliação foi feito por uma
empresa americana.
O prefeito da época,
Roberto Jábali, aprovou o estudo, porém, foi acusado de não observar, na
aprovação desse estudo, o Plano Diretor da
cidade, e de não fazer os estudos de impacto ambiental (EIA) e do risco de
impacto ao meio ambiente (RIMA), e assim, os estudos não foram validados pelo
Ministério Público Estadual (MPE).
No mesmo ano a Câmara de
Vereadores de Ribeirão Preto, aprovou o projeto após constituir uma Comissão
Especial de Estudo para estudar a situação.
Em 2.001, foi aberta
licitação para a construção de um terminal internacional de cargas.
Na sequência foi elaborado
EIA/RIMA, mas os resultados desses estudos geraram polêmica, por suspeitarem
que houve manipulação de dados e em razão da insuficiência de
informações, tais como o risco viário, a presença de urubus na área, o risco de
crianças que brincam nas proximidades.
Com isso, o Departamento
Aéreo do Estado de São Paulo (DAESP),
desiste do EIA/RIMA e o arquiva, e, dialogando com o MPE faz um acordo judicial para a não ampliação do aeroporto.
Já em 2.011 a discussão sobre o
assunto retorna com a vontade da Prefeita Dárcy Vera de ampliar o aeroporto
Leite Lopes.
Insistente nessa vontade a
Prefeita coloca na revisão da lei de uso, ocupação e parcelamento do
solo as áreas próximas do aeroporto a serem desocupadas para se tornarem
industriais e ou comerciais, sendo que a previsão dessa desocupação na lei foi
feita com base em estudo de zoneamento de ruído que ainda não foi aprovado pela
Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Contudo, sem os estudos
EIA/RIMA, por determinação legal, nenhuma ampliação na estrutura atual do
aeroporto LL pode ser feita, portanto, como esses estudos ainda não existem
qualquer ampliação que se avise, é, além de falaciosa, proibida, impossível,
inviável e contraproducente.
Há, ainda, além desse
impedimento legal à ampliação do aeroporto LL, impedimentos de ordem social;
·
o aeroporto situa-se
na zona norte da cidade, região que concentra mais
núcleos de favelas do município (27 núcleos), ou seja, se for ampliado muitas
famílias que moram nas favelas lá existentes, serão expulsas de lá com grande
probabilidade de não terem para onde ir e veja, não estamos falando de poucas
pessoas, são aproximadamente 19.000 pessoas;
·
existem muitas casas
nas proximidades do aeroporto, que foram construídas com alvará da prefeitura
seguidas de habite-se, e muitas dessas casas terão de ser desapropriadas
acaso o aeroporto seja ampliado e outras, que permanecerem, ficarão sob risco
permanente de acidentes que podem acontecer com os aviões
voando;
·
na hipótese de
desapropriação, já se avaliou que a indenização devida aos proprietários será
pouca, não compensando de forma alguma para os proprietários;
·
a pavimentação asfáltica e o espaço das ruas não são adequadas
para comportar o trânsito de caminhões ou grandes veículos que passarão a
transitar com a criação de um terminal de cargas, além de que, toda essa
movimentação atrapalhará o sôssego e a segurança das pessoas que já residem nas
proximidades;
Impedimentos de ordem técnica;
·
O aeroporto LL tem problemas
estruturais gerais, tais como ausência de rede de esgoto, coberturas em caso de chuva e acessibilidade para deficientes;
·
para que o aeroporto
possa ser um aeroporto cargueiro internacional, deveria ter uma pista com o comprimento, preferencialmente, de 3.900 metros de
comprimento ou, no mínimo, 3.300
metros . O projeto que se pretende executar para a
ampliação admite uma pista curta de apenas 2.100 metros . Isso
significa que o aeroporto não poderá operar com carga plena e com aeronaves
operando com meia carga o custo do frete será em dobro. Será considerado o
menor aeroporto de cargas do planeta, com 170 hectares quando a
média mundial é de 1.200
hectares ;
Impedimentos de ordem
ambiental;
·
o aeroporto LL está
situado na área de recarga do aquífero Guarani;
·
a ampliação da pista
do aeroporto LL consistirá no aumento da área
impermeável e o emborrachamento da pista somente é possível de ser eliminado
com grandes quantidades de produtos altamente poluentes, que irão escorrer e
contaminar o solo e depois o lençol freático através do sistema de drenagem da
pista, e, por fim, contaminará o aquífero Guarani;
·
a quantidade de
combustíveis e lubrificantes estocadas que podem ser derramados na pista e nos
pátios aumenta a possibilidade de infiltrações, que podem, consequentemente,
atingir o aquífero guarani;
·
aumento de poluição sonora com a ampliação do aeroporto.
Com todos esses
impedimentos não é melhor deixar o aeroporto como está e construir um novo
aeroporto em outra área?
Claro que é melhor. Além de
melhor é o certo a ser feito, é o que deve ser feito.
Construir em cima do aquífero Guarani, não é só
insistência de quem quer a construção, é maldade com a natureza e com os seres
que dela dependem.
Ideia errada,
contraproducente, proibida, inviável e maléfica, muito maléfica.
Deixem o LL como está e
vamos construir um novo aeroporto em outra área. Isso é vanguarda, isso será
progresso.
Raquel Montero
*artigo escrito em 27 de
setembro de 2012 para o meu blog (http://raquelbencsikmontero.blogspot.com.br/2012/09/por-que-nao-ampliar-o-aeroporto-leite.html#)
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