Raquel Montero

Raquel Montero

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Mulheres e trabalhadoras de todo o mundo, uni-vos contra ele! Ele não!


Foto: Reprodução


A nossa primavera de 2018 trouxe uma multidão de mulheres que tem um projeto para o Brasil, que tem um projeto para o povo brasileiro. Um projeto que liberta o povo brasileiro do fascismo, do racismo, da discriminação, do machismo. Sim, do machismo também e inclusive, porque não haverá liberdade para o povo brasileiro se não garantirmos liberdade para as mulheres.


Nós, mulheres, somos mais da metade da população brasileira e temos que ter a certeza, assim como os homens, que não existirá projeto de desenvolvimento para o Brasil sem que as mulheres estejam na parte central desse projeto.


Não existirá projeto de desenvolvimento para o Brasil e nem desenvolvimento efetivamente, sem a valorização do trabalho da mulher, acabando com a discriminação que faz com que mulheres ganhem menos do que os homens em seus salários, apesar de prestarem o mesmo trabalho e desempenharem a mesma função. Não haverá desenvolvimento para o Brasil se não acabarmos com a discriminação no mercado de trabalho que faz com que mulheres sejam discriminadas simplesmente porque podem engravidar, e que faz com que mais de 50% das mulheres que tiram licença-maternidade não consigam voltar para o mercado de trabalho porque se tornaram mães.


Não existirá projeto de desenvolvimento para o Brasil se não acabarmos com a Emenda Constitucional 95 que cortou investimentos para as áreas sociais no Brasil - Saúde, Educação e Assistência Social - congelando esses investimentos por 20 anos. Não se cortou dinheiro para o pagamento da dívida pública, para os bancos e financeiras, mas se cortou investimentos para as áreas sociais.
Foi depois desses cortes que voltamos a ter epidemia de febre amarela no Brasil. Foi depois desses cortes que a fome voltou. Nós tínhamos acabado com a fome nesse país e pessoas como Ele fizeram a fome voltar e agora as pessoas estão morrendo de fome nesse país.


Quando o Estado falta na Saúde, nos postos de saúde, nos hospitais, nas creches, são as mulheres as responsáveis por cobrirem essas ausências, porque são as mulheres que ficam nas filas dos postos de saúde para levar seus filhos, são as mulheres que largam seus trabalhos para ficarem em casa com seus filhos porque não tem vagas em creches.


Não existirá projeto de desenvolvimento para o Brasil com a reforma trabalhista que precarizou as condições de trabalho no Brasil e permitiu que trabalhadores e trabalhadoras ganhem menos que um salário mínimo (R$ 954,00). Reforma que Ele (o inominável) defendeu e votou a favor. Que trabalhadores/trabalhadoras Ele representa para votar a favor da retirada de direitos trabalhistas? Quantas vezes Ele passou fome na vida? Quantas vezes Ele teve que recorrer à Justiça do Trabalho para ter respeito seus direitos trabalhistas? Quantas vezes Ele levou marmita para o trabalho para fazer suas refeições? Quantas vezes Ele sacolejou 40, 50 minutos dentro de um transporte público para chegar ao trabalho, e depois, 40, 50 minutos para voltar para casa?


A cabeça dele é escravocrata, na mesma linha e do mesmo grupo de pessoas que nesses mais de 500 anos de Brasil vivem às custas da exploração da classe trabalhadora e da usurpação das riquezas do nosso país.


É para lutar contra tudo isso que Ele fez, que Ele defende, contra o que Ele já fez e quer fazer, que estamos a dizer Ele não! Ele nunca!
É para que mulheres, meninas, adolescentes e crianças possam andar nas ruas sem terem medo de serem violentadas, que dizemos Ele não! ´


Ele não para que nenhuma outra mulher escute o que Ele já disse para uma mulher; "que ela só não merecia ser estuprada porque era feia".


A ameaça de termos um presidente como ele nos faz viver tempos tristes. Mas revendo a história rapidamente nos lembramos que muitos momento tristes e sombrios como esse já vivemos e, com êxito, superamos. Assim foi também numa noite triste que antecedeu mais de 20 anos de ditadura no Brasil que Tancredo Neves, que hoje deve se envergonhar de sua descendência, disse alto e com firmeza; canalhas, canalhas, canalhas!


E ontem, em plena primavera, repetimos em atos lindos, pacíficos e cheios de esperança em todo o Brasil e em vários outros países; "Canalha, canalha, canalha, golpista, fascista, racista, machista, não passará! Não passará! Ele não! Ele nunca!


O Brasil é amor. O Brasil não é ódio.

Raquel Montero


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Entrevista para a Revide sobre baixo número de candidaturas de mulheres


Foto: Reprodução


Região de Ribeirão não consegue atingir número mínimo de mulheres candidatas

Especialistas apontam desproporcionalidade na disputa e dificuldades de renovação na política nacional

   
A Região Metropolitana de Ribeirão Preto atingiu pouco mais da metade do número mínimo de mulheres candidatas nas eleições de 2018. Desde 1997, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exige que os partidos e as coligações respeitem a cota mínima de 30% de mulheres na lista de candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras municipais.
Apensas 18% dos candidatos da região são mulheres: ao todo, são 54 candidatos, sendo dez mulheres e 44 homens. E, das dez mulheres na disputa, nove são de Ribeirão Preto e uma de Batatais.
O número, por sua vez, não corresponde ao perfil do eleitorado ribeirãopretano. Esse perfil é composto por mulheres, de meia idade e com a escolaridade até o ensino médio. Os dados foram extraídos de relatórios da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Tribunal Superior Eleitora (TSE).
Maioria em Ribeirão, segundo dados do Instituo Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), as mulheres também representam maior parte do eleitorado: são 53,8% votantes ante 46,2% de homens.
Desproporcional
Para a advogada Raquel Montero, a baixa quantidade de mulheres candidatas não é um fato restrito apenas a Ribeirão Preto, mas um reflexo do que acontece no Brasil e no mundo.
Raquel explica que uma série de fatores impede a mulher de chegar aos cargos de poder. A advogada analisa que não se trata apenas do voto - a eleição, segundo Raquel, é apenas a última etapa do processo.   
"Para termos mais mulheres na política, precisamos de condições para viabilizar isso. [...] Mulheres casadas, com filhos, e que fazem serviços domésticos além do trabalho têm menos tempo livre do que os homens", analisa a especialista.
Além da falta de tempo, que impede muitas mulheres de participarem de reuniões em diretórios ou se filiarem a partidos, o machismo também tira a credibilidade de candidatas mulheres. “No inconsciente coletivo, é sempre esperado que o homem se proponha a fazer política”, explica.
Isso implica, também, em mudar a forma como os partidos enxergam a cota de 30% de mulheres candidatas. “Porque quando temos uma mulher lá, é simplesmente para cumprir a cota. Se você parar para analisar, elas não possuem ou mal fazem uma campanha”, critica.
Portanto, de acordo com Raquel, para aumentar a representatividade feminina na política e em demais espaços de poder, não basta apenas votar em mulheres. É preciso reestruturar a sociedade a fim de diminuir as distâncias e proporcionar melhores oportunidades para as mulheres que tenham interesse em se candidatar.
Velhos hábito
Uma das críticas da advogada Raquel Montero recai sobre um machismo arraigado na sociedade e na classe política brasileira. Mudar esse cenário também passa por mudar velhos hábitos na política, como incluir mulheres, apenas, para cumprir uma cota. "Infelizmente, também contamos com o machismo das mulheres, que não têm a consciência desses problemas", aponta Raquel.
Para o cientista político Luiz Rufino, a renovação política vai um pouco além da reeleição de candidatos que estão há muito tempo no cargo.  “A renovação variou nas quatro últimas eleições em torno de 45% das cadeiras. Contudo, quase a metade dos deputados eleitos são netos, filhos, irmãos ou casados com políticos”, comenta.
Rufino explica que, dessa forma, as ideias são passadas de um político para o outro, como uma herança de família, criando uma “falsa renovação”. Na região de Ribeirão Preto, dos 54 candidatos, cinco buscam a reeleição.


Sob supervisão de Marina Aranha.
Fotos: Elza Fiúza/ABr

terça-feira, 7 de agosto de 2018

ENTREVISTA SOBRE OS 12 ANOS DA LEI MARIA DA PENHA


Abaixo, entrevista que dei em matéria feita pela revista Revide sobre os 12 anos da Lei Maria da Penha, completados hoje. 
Abaixo, entrevista que dei em matéria feita pela revista Revide sobre os 12 anos da Lei Maria da Penha, completados hoje. 


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TEXTO É CONSIDERADO UMA DAS MELHORES LEGISLAÇÕES DE REPRESSÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DO MUNDO

   
A Lei Maria da Penha completa nesta terça-feira, 7, 12 anos no País. Decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, ela entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006. 

Desde a publicação, a regulamentação é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das três melhores legislações do mundo no combate à violência contra mulheres. 

Quando a lei completou 10 anos, em 2016, a ONU divulgou uma nota elogiando o projeto. “A Lei Maria da Penha é um legado feminista para o Brasil, cuja transformação profunda nas políticas do Estado brasileiro conduziu o direito das mulheres viverem sem violência à centralidade do ordenamento jurídico nacional”.

Além disso, segundo os dados de 2015, divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Lei Maria da Penha contribuiu para uma diminuição de cerca de 10% na taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro das residências das vítimas.

Para a advogada Raquel Montero, o ínterim de vigência da Lei foi um período de experiência, aprofundamento, enfrentamento e aprimoramento dos mecanismos de defesa da mulher. “Não digo que a situação está boa do jeito que está, ainda temos muito que evoluir e aprofundar, mas a Lei Maria da Penha com certeza é um marco no enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher no Brasil”, destaca.


Violência em Ribeirão Preto
Em Ribeirão Preto, entre 2011 e 2016, o número de ocorrências registradas sobre casos de violência doméstica contra mulheres caiu 66,4%, segundo dados divulgados pela prefeitura. Entretanto, a diferença entre casos sofridos por mulheres é, geralmente, quatro vezes maior do que os passados por homens. 

Contudo, Raquel aponta que estes números não representam a totalidade de casos de violência contra a mulher em Ribeirão Preto. A advogada destaca que a Lei sozinha não é o suficiente para dar conta de coibir, prevenir e punir todos os casos. “Muito embora a Lei tenha trazido mecanismos de defesa, a falta de estrutura, principalmente nas instâncias mais próximas da realidade, como na esfera municipal, por exemplo, ainda é um problema”, explica.

Segundo ela, há muito o que evoluir e aprimorar, principalmente, no que diz respeito à estrutura. “Não temos Casas de Abrigo suficientes, Coordenadorias dos Direitos das Mulheres, Secretarias e Conselhos equipados e estruturados como deveriam estar”, critica. A especialista destaca que neste tipo de situação específica, a rapidez nos processos é determinante para a mulher, o que não acontece devido à falta de estrutura. 

Além disso, Raquel também explica que somente punir o agressor não resolve o problema. "Não vamos mudar a situação simplesmente punindo o agressor. Temos, é claro, que responsabilizá-lo, mas também tratá-lo neste desequilíbrio para que ele entenda que não é normal ser violento com uma mulher", conclui. 


Patrulha Maria da Penha
No dia 27 de julho de 2018, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) sancionou uma Lei que cria e estabelece diretrizes para a atuação da Patrulha Maria da Penha em Ribeirão Preto. Segundo a superintendente da Guarda Civil Municipal, Mônica da Costa Noccioli, a patrulha atuará na proteção, prevenção, monitoramento e acompanhamento das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. O projeto será aplicado pela Guarda Civil Municipal (GCM) de forma articulada.

O Ministério Público Estadual e o Tribunal de Justiça de São Paulo irão selecionar e analisar os casos que serão monitorados pela GCM. De acordo com Mônica, esse tipo de violência tem sido recorrente na sociedade e não são raras as solicitações de urgência.

No processo de combate à violência, a vítima terá ciência de que será acompanhada. “Esta medida é necessária para darmos uma garantia de que a Lei será cumprida, permitindo que a vítima se sinta protegida e segura”, diz Mônica.

Para as vítimas de violência doméstica ou familiar, a central 153 ou o telefone 3632-4747 estarão à disposição para qualquer medida emergente em relação à mulher vitimizada. Atualmente, a Guarda Civil Municipal conta com 80 GCM’s capacitados para atuarem na patrulha. Essa habilitação foi feita pela juíza Carolina Gama.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Depressão e as portas de saída


Foto: Thaís Ilyna


Refleti e conclui que seria bom compartilhar aqui. Então, aqui vai.

Tenho visto pessoas na vida, próximas e outras que não conheço, que andam tristes, sofrendo com depressão. Pessoas, inclusive, imbuídas de tantas ideias boas, idealistas, que tanto bem podem fazer no mundo. Tivemos suicídios recentes em Ribeirão. Só na USP de Ribeirão noticiou-se recentemente 04 suicídios praticados esse ano. Em junho desse ano houve mais um suicídio no Shopping Santa Úrsula, de Ribeirão.

Depressão é uma doença, em minha opinião, a pior delas. Mas é absolutamente passível de tratamento e cura. E como doença, cumprindo com a função da doença, ela vem para nos mostrar algo que estamos fazendo errado ou que não estamos fazendo da melhor forma, e assim, nos fazer uma pessoa melhor. Foi nesse sentido que o pai da Medicina, Hipócrates, disse que não existe doença, existe doente. Alguém que está doente. Não é doente, está, mas pode se curar e ser melhor.

Eu tive depressão em dois momentos da minha vida. Na primeira vez que eu tinha 09 anos. Na segunda vez eu tinha 12 anos. Duraram alguns anos. Algumas pessoas podem pensar "ah, mas você era uma criança, e na outra uma pré-adolescente, nem deve ter percebido". Mas justamente por ser criança, e pré-adolescente, é que talvez possa doer mais, porque com tão pouca idade não temos tanto conhecimento e habilidade para lhe dar com dores emocionais.

Me lembro que quando o sol ia indo embora, e começava a escurecer, era o pior momento do dia, e eu vivia isso todo dia. Nesse momento, em nenhum lugar do mundo e com nenhuma pessoa eu me sentia bem, feliz e segura. Esse sofrimento eu sentia todo dia. À noite era pior. Aos 14 anos, eu me curei. Nunca mais tive depressão. É claro que não sinto só alegria o tempo todo, ao contrário, vivo me equilibrando na corda bamba, com acontecimentos felizes e outros tristes. Ás vezes reclamo, só comigo mesma, não com outras pessoas, mas na maioria das vezes, não reclamo, porque aprendi, ao tentar me equilibrar, que é melhor mesmo a corda ser bamba, porque quando ela está muito "esticadinha" a chance de ela se romper é muito maior do que quando está bamba. É tentando se equilibrar que a gente encontra o equilíbrio, assim como o caminho da paz é com a própria paz que trilhamos, e não com a guerra.

E o que fez, então, eu superar a depressão que me atingiu e nunca mais tê-la? Na experiência que tive, superei a depressão ao buscar autoconhecimento e ao olhar mais para as outras pessoas, suas vidas e suas dificuldades. Foi quando comecei a estudar autoconhecimento e olhei mais para as outras pessoas, enxerguei suas vidas e ouvi mais, que senti menos o que, supostamente, era um problema para mim, e vi mais onde podia me lapidar e ser melhor. Exatamente como disse Sócrates, "conhece-te a ti mesmo", e exatamente como aquela estória do copo de sal repartido no mar. A vida estava muito salgada enquanto eu estava olhando só para o copo com sal que eu segurava e bebia com um pouco de água. Quando eu soltei aquele copo no mar, ele se dissolveu nas águas salgadas do mar.

Dos estudos do autoconhecimento ainda desenvolvi um otimismo e esperança que nunca havia tido. O estudo e o conhecimento, como se diz, realmente são libertadores.

Existe harmonia, equilíbrio e beleza na vida, e é, sobretudo no caos, que a gente pode enxergar isso. Minha experiência foi essa, e nunca mais tive depressão. Tenho sim, como disse, as nuances de acontecimentos bons e ruins, que continuam a me ensinar e me lapidar, e desde então vivo esses acontecimentos com otimismo, esperança e luta, com o sentimento e o pensamento de que com boas lutas, otimismo e esperança, tudo vai dar certo e amanhã vai ser ainda melhor.

O que escrevi aqui eu quis dizer com muito respeito e amor. Torço para que eu tenha conseguido. Amorosos abraços.

Raquel Montero

Texto publicado também no jornal Tribuna Ribeirão;
http://www.tribunaribeirao.com.br/site/depressao-e-as-portas-de-saida/


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

PROBLEMAS COM O NÃO FORNECIMENTO DE PEÇA DE REPOSIÇÃO PARA CARRO NOVO? É CASO DE POLÍCIA!

Foto: Reprodução





Imagine a seguinte situação; você compra um carro novo em uma concessionária, cumpre com a sua parte pagando pelo carro, e o carro lhe é entregue.


   Tudo flui bem até que num belo dia você tem um problema com o carro e precisa de uma peça de reposição para o carro. Você, então, solicita a peça na concessionária onde comprou o carro, e a concessionária, por sua vez, responde dizendo que não tem a peça e não tem data de previsão para o fornecimento da peça.


   Imaginou?


  Pois é, isso acontece e, infelizmente, recentemente, tem acontecido muito, em prejuízo de muitos consumidores e muitas consumidoras. Um absurdo e desrespeito com as pessoas.


   No caso mais recente tivemos a situação de uma consumidora que comprou um carro da marca Hyundai na concessionária New Hyundai de Ribeirão Preto. Antes de entrarmos no caso ela já estava aguardando há um mês pelo fornecimento da peça, após entrarmos no caso e tomarmos as providências que iremos explicar, a peça foi fornecida em menos de 15 (quinze) dias.


   E o caminho da solução não foi uma ação judicial cível. A ação cível deve ser feita, mas só após ser conseguida a peça, e deve ser feita para pleitear indenização por dano moral que é perfeitamente cabível na situação. Mas para resolver de maneira urgente a situação o caminho é o da denúncia do caso em redes sociais da internet, na Polícia Civil e no Ministério Público. Isso mesmo, é caso de Polícia!


   É caso de Polícia porque o caso, em tese, caracteriza crime contra as relações de consumo, previsto no Código de Defesa do Consumidor (CDC), nos termos do artigo 32, 66 e 67 do CDC, com as respectivas sanções penais à pessoa que autorizou a venda, no caso, o Diretor/Gerente da concessionária, nos termos do artigo 75 do CDC, com as agravantes previstas no artigo 76, incisos II e III do CDC.


   Levar o caso para a esfera criminal para resolver o problema do não fornecimento da peça se mostra o melhor caminho, eis que mais rápido, porque a esfera criminal gera mais consequências e consequências mais graves para o infrator, no caso, a concessionária, e a concessionária sabe disso. Dai porque esse caminho tem poder maior de eficácia e mais agilidade, em comparação com a esfera cível.


   Depois de conseguida a peça pode, e em meu entendimento, deve ser feita a ação judicial cível para pleitear, na esfera cível, indenização por danos morais em razão dos prejuízos que a demora no fornecimento da peça causa na vida da pessoa, como perda de dias de aula, de dias de trabalho, etc.


   No caso em questão, da consumidora que comprou na Hyundai, após levarmos o caso para exposição em redes sociais da internet e para a esfera criminal da Polícia Civil e do Ministério Público, a peça foi fornecida em menos de 15 dias.

   No entanto, em uma rápida busca no Google se pode verificar que pessoas que vão por outros caminhos que não esse, notadamente, o caminho da ação judicial cível, chegam a aguardar por mais de 08 (oito) meses pelo fornecimento da peça. A ação judicial cível deve ser feita, mas depois de conseguida a peça através dessas medidas da esfera criminal, que têm mais poder de eficácia e intimidação para apressar a concessionária a fornecer a peça faltante.


   Se a única medida tomada, e emergencial, for o da esfera cível, o problema pode ser resolvido, no entanto, como a prática tem demonstrado, com muito mais demora, tendo em vista que esse caminho, de judicializar a situação, se mostra mais favorável para a concessionária do que para o consumidor e a consumidora, uma vez que a concessionária se aproveita da demora do Judiciário para procrastinar o fornecimento da peça.


   Raquel Montero

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Algo errado na política habitacional ou tem pessoas que gostam de viver na rua?

Foto: Thaís Ilyna - Jardim Aeroporto, zona norte de Ribeirão Preto/SP


Recentemente tivemos o incêndio e desabamento do prédio localizado na Avenida Rio Branco, na região do Largo do Paissandu, em São Paulo/SP, que ocorreu na madrugada de terça-feira, dia 01/05/2018.  
 
 
E ai, dentre tantas coisas que foram faladas sobre esse assunto, e dentre todas as outras coisas que se poderia falar sobre esse assunto, muito pouco se falou do que era mais importante e emergencial; o direito a moradia daquelas pessoas.
 
 
Tem algo de errado nas políticas públicas habitacionais ou tem pessoas que gostam de viver na rua, em favelas ou em imóveis abandonados?
 
 
Vejamos.
 
 
Para muitos o crescimento das cidades trouxe solução para a moradia, que, na sua falta, antes era um problema. Para muitos outros, que são bem mais que os anteriores, que têm moradia, o crescimento das cidades trouxe o problema da falta de moradia.
 
 
No fim da década de 70 a cidade de São Paulo/SP não contava com mais de 5% da sua população moradora em favelas. Já na década de 80, esse número foi para 20%, e em 2.018, segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo, 1,2 milhão de famílias não têm uma moradia digna para morar.
 
 
Em Ribeirão Preto o déficit habitacional é de 63.207 mil casas. Esse número só vem crescendo. Analisando a última década em Ribeirão Preto, constata-se um crescimento exorbitante desse déficit. De 4.404 famílias na fila da Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto (COHAB) no ano de 2.007 para 63.207 no ano de 2.017. Os dados são da COHAB de Ribeirão Preto.
 
 
Na sequência da falta de moradia, vem as favelas, como consequência óbvia. Em 2.016 eram cerca de 50 núcleos de favelas em Ribeirão. Em 2.018 já somam 96 núcleos, abrangendo uma população de cerca de 43 mil pessoas moradoras de favelas.
 
 
Hoje estima-se que 40% do déficit habitacional poderia ser resolvido pela ocupação de imóveis vazios que não estão atendendo à função social da propriedade, prevista no artigo 5º, inciso XXIII da Constituição Federal. Imóveis vazios são tanto os abandonados como aqueles que estão servindo para a especulação imobiliária estando à venda ou para alugar.
 
 
No sul e sudeste, diversas cidades têm mais imóveis vazios do que falta de moradias. Olha a violência da especulação imobiliária. É uma lógica atroz, uma subversão de valores que patrocina o caos e faz com que a terra valha mais do que a pessoa.  
 
 
 Enquanto empresários conseguem altos financiamentos para construírem edifícios luxuosos nos melhores lugares da cidade, pessoas de ínfima renda não têm casa, ou moram em barracos que agridem os seus mais elementares direitos constitucionais, e a elas é negado o direito de financiarem uma moradia ao não serem incluídas em programas habitacionais públicos, ou, ainda, têm casa proveniente de programas sociais que também ofendem seus essenciais direitos, na medida em que são construídas em lugares distantes de infraestrutura, que não contemplam escolas, postos de saúde, transporte público, empregos, lazer, cultura e esporte, como aconteceu várias vezes recentemente em Ribeirão, durante a gestão Dárcy Vera (PSD), que entregou conjuntos habitacionais na periferia de Ribeirão, distantes de toda a infraestrutura necessária para atender aos direitos essenciais das pessoas, para que as mesmas tenham não só uma moradia digna, mas uma vida digna. Assim ocorreu em Ribeirão com os conjuntos habitacionais Paulo Gomes Romeu, Wilson Toni e no Eugêncio Mendes Lopes.




Foto: Thaís Ilyna - Jardim Aeroporto, zona norte de Ribeirão Preto/SP



E ao mesmo tempo em que esses conjuntos habitacionais foram construídos em lugares afastados, na periferia, existiam diversos vazios urbanos na cidade em que cabiam esses conjuntos habitacionais, e já tinham toda a infraestrutura necessária para atender aos direitos sociais das pessoas. E aproveitando os vazios urbanos que já tem infraestrutura, o município ainda economizaria com a construção de equipamentos em outros locais desprovidos da infraestrutura necessária.
 
 
E isso tudo não é por falta de dinheiro, porque a construção foi feita, porém, feita em lugar errado, de maneira errada, desordenada, sem planejamento.
 
 
Há famílias que estão na lista da COHAB de Ribeirão, aguardando para serem incluídas num programa habitacional para terem atendidas o direito social de financiarem uma moradia, previsto no artigo 6º da Constituição Federal, a mais de 30 anos. Ou seja, até mesmo o direito de serem incluídas num financiamento para moradia está sendo negado à essas pessoas.
 
 
E então, há algo de errado nas políticas públicas habitacionais ou tem pessoas que gostam de viver na rua, em favelas ou em imóveis abandonados?
 
 
Raquel Montero