Foto: Reprodução
A nossa primavera de 2018 trouxe
uma multidão de mulheres que tem um projeto para o Brasil, que tem um projeto
para o povo brasileiro. Um projeto que liberta o povo brasileiro do fascismo,
do racismo, da discriminação, do machismo. Sim, do machismo também e inclusive,
porque não haverá liberdade para o povo brasileiro se não garantirmos liberdade
para as mulheres.
Nós, mulheres, somos mais da
metade da população brasileira e temos que ter a certeza, assim como os homens,
que não existirá projeto de desenvolvimento para o Brasil sem que as mulheres
estejam na parte central desse projeto.
Não existirá projeto de
desenvolvimento para o Brasil e nem desenvolvimento efetivamente, sem a valorização
do trabalho da mulher, acabando com a discriminação que faz com que mulheres
ganhem menos do que os homens em seus salários, apesar de prestarem o mesmo
trabalho e desempenharem a mesma função. Não haverá desenvolvimento para o
Brasil se não acabarmos com a discriminação no mercado de trabalho que faz com
que mulheres sejam discriminadas simplesmente porque podem engravidar, e que
faz com que mais de 50% das mulheres que tiram licença-maternidade não consigam
voltar para o mercado de trabalho porque se tornaram mães.
Não existirá projeto de
desenvolvimento para o Brasil se não acabarmos com a Emenda Constitucional 95
que cortou investimentos para as áreas sociais no Brasil - Saúde, Educação e
Assistência Social - congelando esses investimentos por 20 anos. Não se cortou
dinheiro para o pagamento da dívida pública, para os bancos e financeiras, mas
se cortou investimentos para as áreas sociais.
Foi depois desses cortes que
voltamos a ter epidemia de febre amarela no Brasil. Foi depois desses cortes
que a fome voltou. Nós tínhamos acabado com a fome nesse país e pessoas como
Ele fizeram a fome voltar e agora as pessoas estão morrendo de fome nesse país.
Quando o Estado falta na Saúde,
nos postos de saúde, nos hospitais, nas creches, são as mulheres as
responsáveis por cobrirem essas ausências, porque são as mulheres que ficam nas
filas dos postos de saúde para levar seus filhos, são as mulheres que largam
seus trabalhos para ficarem em casa com seus filhos porque não tem vagas em
creches.
Não existirá projeto de
desenvolvimento para o Brasil com a reforma trabalhista que precarizou as
condições de trabalho no Brasil e permitiu que trabalhadores e trabalhadoras
ganhem menos que um salário mínimo (R$ 954,00). Reforma que Ele (o inominável)
defendeu e votou a favor. Que trabalhadores/trabalhadoras Ele representa para
votar a favor da retirada de direitos trabalhistas? Quantas vezes Ele passou
fome na vida? Quantas vezes Ele teve que recorrer à Justiça do Trabalho para
ter respeito seus direitos trabalhistas? Quantas vezes Ele levou marmita para o
trabalho para fazer suas refeições? Quantas vezes Ele sacolejou 40, 50 minutos
dentro de um transporte público para chegar ao trabalho, e depois, 40, 50
minutos para voltar para casa?
A cabeça dele é escravocrata, na
mesma linha e do mesmo grupo de pessoas que nesses mais de 500 anos de Brasil
vivem às custas da exploração da classe trabalhadora e da usurpação das
riquezas do nosso país.
É para lutar contra tudo isso
que Ele fez, que Ele defende, contra o que Ele já fez e quer fazer, que estamos
a dizer Ele não! Ele nunca!
É para que mulheres, meninas,
adolescentes e crianças possam andar nas ruas sem terem medo de serem
violentadas, que dizemos Ele não! ´
Ele não para que nenhuma outra
mulher escute o que Ele já disse para uma mulher; "que ela só não merecia
ser estuprada porque era feia".
A ameaça de termos um presidente
como ele nos faz viver tempos tristes. Mas revendo a história rapidamente nos
lembramos que muitos momento tristes e sombrios como esse já vivemos e, com
êxito, superamos. Assim foi também numa noite triste que antecedeu mais de 20
anos de ditadura no Brasil que Tancredo Neves, que hoje deve se envergonhar de
sua descendência, disse alto e com firmeza; canalhas, canalhas, canalhas!
E ontem, em plena primavera,
repetimos em atos lindos, pacíficos e cheios de esperança em todo o Brasil e em
vários outros países; "Canalha, canalha, canalha, golpista, fascista,
racista, machista, não passará! Não passará! Ele não! Ele nunca!
O Brasil é amor. O Brasil não é
ódio.
Raquel Montero
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