Neste domingo, 30 de outubro de 2.016, ficou definido o cenário político
do governo municipal de Ribeirão Preto para os próximos quatro anos.
Com 13,88% de diferença, o ex-Deputado Federal e ex-Secretário Estadual
de Transportes e Agricultura do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira (PSDB),
venceu a disputa do 2º turno contra o candidato Ricardo Silva (PDT).
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nogueira teve 56,94% dos
votos válidos, o que redunda em 147.705 mil votos, e Ricardo 43,06%, o que
redunda em 111.697.
Porém, Nogueira não foi eleito pela maioria dos(as) eleitores(as) de
Ribeirão, ao contrário, a maioria dos(as) eleitores(as) não votaram em
Nogueira.
Só os votos nulos, brancos e abstenções que somam 175.979 mil votos,
também somam mais do que os votos recebidos por Nogueira. Tivemos 27,62% de
abstenção nesse 2º turno. Foi a maior abstenção do País entre os 57 municípios
que tiveram 2º turno. Percentual não muito diferente do 1º turno em Ribeirão,
que ficou com 25,2% de abstenção.
111.697 votos foram destinados ao outro candidato, vencido no 2º turno.
Somando os votos brancos, nulos e abstenções (que totalizam 175.979 mil
votos), mais os votos destinados ao outro candidato (111.697 mil votos), temos
um total de 287.676 mil votos que não foram destinados para o candidato eleito.
Ribeirão tem 435.381 mil eleitores(as). Abstraindo de 435.381 os votos
destinados ao candidato eleito (147.705), temos que 287.676 eleitores(as), que
corresponde a mais de 66% do eleitorado de Ribeirão, não votou no candidato
eleito Nogueira.
Em outras palavras, Nogueira foi eleito por tão somente 34% do eleitorado
de Ribeirão.
Mas, enfim, como com base na legislação eleitoral só se computam os votos
válidos, na análise desses Nogueira conseguiu a maioria, e por isso foi eleito.
Repito aqui, o que eu já disse acerca da democracia nas eleições dos
candidatos à vereança de Ribeirão. Ainda não podemos dizer que o resultado de
nossas eleições municipais foi democrático em razão de vários fatores que
restringem ou impossibilitam a democracia, senão vejamos;
- a falta de acesso
a internet, a jornais, a televisão para instruir as pessoas;
- a ausência de escola de
qualidade para a educação e formatura das pessoas;
- o desinteresse das
pessoas pela vida política;
- a
barganha que se faz com o voto, seja por interesse particular egoísta de
alguns, seja por necessidade financeira de muitos;
- a disparidade
econômica dos(as) candidatos(as) que concorrem às eleições. No Brasil o
financiamento de campanhas políticas pode ser de fundos públicos e de
origem particular, e, dessa forma, candidatos que podem contar com particulares
que queiram financiar suas campanhas políticas tem vantagem sobre os(as)
candidatos(as) que não podem contar com tal medida. Nesse sentido sabemos que o
candidato eleito teve gastos de campanha eleitoral bem maiores que a maioria
dos demais candidatos ao Executivo Municipal, situação que o coloca em condição
de superioridade sobre os demais candidatos e ratifica desigualdade de
condições na competição eleitoral. Poder contar com mais instrumentos para a
campanha traz sempre mais chances de sucesso nos resultados, isso é óbvio;
- grande coligação
que o partido de Nogueira fez, contando com 07 partidos coligados. Veja, por
exemplo, o PT só coligou com um partido, o PCdoB. Há uma grande diferença entre
02 partidos coligados e 07 partidos coligados.
Todos esses fatores contribuem não só para a eleição mas também para um
voto desapegado de significado e que não representa a vontade legítima do povo,
e a porcentagem de votos não destinados para a eleição de Nogueira corrobora
essa afirmação (66%).
Por derradeiro, esse é o resultado que temos e, pela lei atual que temos,
democrático ou não, temos que aceitá-lo.
Críticas há e houveram várias, desde a vida pregressa de Nogueira, seu
partido político (PSDB) até o resultado efetivo que ocorreu no domingo (Nogueira foi citada na investigação que apura esquema de fraude e corrupção na venda de produtos agrícolas para a merenda de escolas municipais e estaduais, votou a favor da PEC 241, votou a favor do impeachment da Presidenta Dilma, foi chamado de machista ao citar a vida amorosa de uma colega deputada federal durante os trabalhos na Câmara dos Deputados, e por ai vai...)
A crítica, inclusive, reforça a fiscalização que deve ser feita sob a
gestão pública e os gestores públicos. Se a eleição tem que ser respeitada, a
fiscalização, principalmente para aqueles que discordaram do resultado, tem que
ser reforçada.
Para as mentes progressistas, há o que se lamentar (e muito), todavia, apesar de e acima de tudo, o tempo é de
trabalho, de resistência, de luta, de militância, de identificar os erros e
aprender com eles. É tempo de LUTA. É tempo de CIDADANIA.
Passemos a exercer nossa cidadania rumo ao que queremos de melhor para a
cidade, para o país, e assim, quiçá, conseguiremos fazer também a reforma
política que pode estabelecer a real democracia nas eleições futuras, e assim,
um resultado que agrade, senão a todos, à legítima maioria.
Raquel Montero
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