Raquel Montero

Raquel Montero

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Cerca de 80% do eleitorado de Ribeirão não votou nos 27 vereadores eleitos

Foto: Reprodução/Site Deputado Baleia Rossi



Foto: Reprodução/Blog do Gasparini




Domingo realizamos as eleições municipais de 2016 para os cargos de vereador e vereadora, e, em muitas cidades, para o cargo de Prefeito(a).


Em Ribeirão Preto teremos segundo turno para saber quem será o próximo prefeito da cidade. A escolha será difícil eis que teremos um candidato do PDT que apoiou o golpe em Ribeirão, o candidato Ricardo Silva, filho do atual deputado estadual Rafael Silva (PDT) e um do PSDB, o deputado federal Duarte Nogueira, filho do ex-prefeito de Ribeirão, Nogueira. Um de um Partido com um histórico reacionário, conservador, elitista, o outro, um candidato que apoiou um golpe de Estado contra a Presidenta Dilma.


Ambos filhos de políticos que estão fazendo hereditariedade na política, e Rafael Silva acumulando mandatos no tempo, numa contradição com a oxigenação e a alternância que deve ter na política e em uma democracia.


Foram eleitos os seguintes novos vereadores: 


Igor Oliveira (PMDB) – 8.489 votos
Orlando Pesoti (PDT) – 6.006 votos
Lincoln Fernandes (PDT) – 3.601 votos
Otoniel Lima (PRB) – 3.506 votos
Nelson das Placas (PDT) – 3.283 votos
Mauricio Vila Abranches (
PTB) – 3.283 votos
Luciano Mega (
PDT) – 3.267 votos
Isaac Antunes (PR) – 3.111 votos
Alessandro Maraca (PMDB) – 2.898 votos
Andre Trindade (DEM) – 2.536 votos
João Batista (PP) – 2.452 votos
Marmita (PR) – 2.244 votos
Marinho Sampaio (PMDB) – 2.168 votos
Renato Zucoloto (PP) – 1.980 votos
Elizeu Rocha (PP) – 1.963 votos
Jean Corauci (PDT) – 1.906 votos
Boni (Rede) – 1.595 votos
Fabiano Guimarães (DEM) – 1.274 votos




Foram reeleitos:

Marcos Papa (Rede) – 7.124 votos
Bertinho Scandiuzzi (PSDB) – 6.546 votos
Glaucia Berenice (PSDB) – 5.548 votos
Mauricio Gasparini (PSDB) – 4.504 votos
Dr. Waldyr Villela (PSD) – 3.244 votos
Rodrigo Simões (PDT) – 3.189 votos
Paulo Modas (PROS) – 2.576 votos
Dr. Jorge Parada (PT) – 1.844 votos
Capela Novas (PPS) – 1.188 votos




Não foram reeleitos os nove vereadores investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público na Operação Sevandija, sendo eles; Cicero Gomes, Walter Gomes, Giló, Samuel Zanferdini, Bebé, Maurilio Romano, Genivaldo Silva.



Depois de 40 anos como vereador, Cícero Gomes (PMDB) não foi reeleito. Cícero teve 2.000 votos em 2016, já em 2012, teve 4.141 votos.


Já o presidente da Câmara, Walter Gomes (PTB), recebeu 1.312 votos,  e na eleição anterior ele teve 5.575 votos. O genro da prefeita Dárcy Vera (PSD), Evaldo Mendonça (PTB), o Giló, teve 960 votos, em 2012 foram 6.050 votos.

Outro investigado na Sevandija, Samuel Zanferdini (PSD) recebeu apenas 833 votos,  já em 2012 foram 8.101 votos.  José Carlos de Oliveira (PSD), o Bebé teve 1.158 votos, em 2012 foram 4.331.

Maurílio Romano (PP), teve 1.241 votos, em 2012 ele tinha recebido 6.361 votos. E Genivaldo Silva (PSD), líder do governo municipal na Câmara, recebeu 1.023 votos, já em 2012 ele teve 3.446 pessoas.

Saulo Rodrigues (PRB) também é investigado na Operação Sevandija, mas não concorreu à essa eleição.


Também não foram reeleitos Viviane Alexandre (PSC), André Luiz (PTN) e Beto Cangussu (PT).


Coraucci Netto (PSD) não concorreu à essa eleição, mas no lugar dele foi eleito seu filho, Jean Coraucci (PDT).


Além de Jean Coraucci na linha da eleição hereditária, veio Igor Oliveira (PMDB), que é filho de Léo Oliveira (PMDB), ex-vereador e agora deputado estadual, e Mauricio Gasparini (PSDB), filho do ex-prefeito de Ribeirão e agora deputado estadual, Welson Gasparini.


Léo Oliveira e Welson Gasparini, assim como Rafael Silva e Nogueira, fazendo hereditariedade na política e acumulando mandatos no tempo,  numa ofensa à alternância que deve haver em uma democracia.


Capela Novas (PPS), embora investigado na Operação Sevandija, foi o único reeleito dentre os nove vereadores investigados e proibidos de exercerem seus mandatos de vereador desde a deflagração da investigação no dia 01 de setembro de 2.106.


Nenhuma nova mulher eleita. A única mulher presente dentre 27 vereadores é a reeleita Gláucia Berenice.


Nenhum(a) jovem eleito(a).


Pela totalidade dos votos de cada candidato eleito, verificamos que se não fosse pelas coligações e pela regra do coeficiente eleitoral, eles não teriam sido reeleitos e eleitos, por não representarem a vontade da maioria, senão vejamos;


Ribeirão tem um eleitorado de  435.381 pessoas. Nessa eleição tivemos uma abstenção de  109.709  (25,20% do total do eleitorado de Ribeirão).


Sendo assim tivemos em Ribeirão um comparecimento de 325.672 (74,80% do eleitorado de Ribeirão).


Além da abstenção tivemos votos brancos num total de 21.042 (6,46% do eleitorado) e votos nulos num total de 49,023 (15,05% do eleitorado).


O total de votos que todos os 27 eleitos receberam foi de 91.325. E ai, considerando que Ribeirão tem um eleitorado de 435.381, abstraindo 91.325 de 435.381, verificamos o resultado de 344.056 eleitores que não votaram nos candidatos eleitos em Ribeirão.

Ou seja, 344.056 eleitores e eleitoras não votaram nos 27 eleitos em Ribeirão, seja porque destinaram seu voto à outros(as) candidatos(as), porque anularam seus votos, porque votaram em branco ou porque não foram votar.  


Em resumo cerca de 80% dos eleitores e eleitoras de Ribeirão não votaram nos 27 vereadores eleitos. E se em uma democracia a maioria é que decide, a democracia em Ribeirão não foi respeitada.


 Outros argumentos atestam a assertiva de que não houve efetiva democracia nessas eleições e para que houvesse, efetivamente, vários requisitos teriam que ter sido respeitados, mas, ao revés, não foram, a ver;


·         a falta de acesso à internet, à jornais, à televisão, à escola de qualidade e o desinteresse das pessoas pela vida política, prejudicam muito um voto responsável, bem como a barganha que se faz com o voto, seja por interesse particular egoísta de alguns, seja por necessidade financeira de muitos;



·         a disparidade  econômica dos candidatos que concorrem às eleições. No Brasil o financiamento de campanhas políticas pode ser  de fundos públicos e de origem particular, e, dessa forma, candidatos(as) que podem contar com particulares que queiram financiar suas campanhas políticas, além de poderem contar com seus próprios recursos financeiros, têm vantagem sobre os(as) candidatos(as) que não podem contar com tal medida;



·         candidato(a) filho(a) de quem já foi ou é político tem vantagem sobre aqueles(as) candidatos(as) que não são filhos de políticos;


·         candidato(a) que já tem mandato e utiliza da estrutura do mandato para se beneficiar na campanha em detrimento dos(as) candidatos(as) que não têm;


·         candidato(a) que não pode deixar de trabalhar em seu respectivo trabalho em comparação com aqueles(as) candidatos(as) que podem deixar de trabalhar ou tem licença remunerada para poder fazer campanha.


      
Se cerca de 80% do eleitores não votaram nos eleitos não se pode dizer que o resultado da eleição foi a vontade do povo. A vontade da grande maioria dos eleitores do povo, cerca de 80%, não foi destinada aos eleitos, e a eleição dos eleitos só ocorreu por determinação legal do coeficiente eleitoral,  que, em suas regras permite que vereadores com pífia quantidade de votos sejam eleitos desde que seu partido ou coligação tenham atingido o número mínimo de votos para conquistar cadeira  na Câmara de Vereadores.


De tudo ficam duas conclusões claras; a vontade da grande maioria do povo não foi pela eleição dos 27, e, talvez, se tivéssemos realmente igualdade de condições na disputa eleitoral o resultado teria sido diferente, e para todo(as) os(as) candidatos(as).



Raquel Montero




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