Raquel Montero

Raquel Montero

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Ribeirão com mobilidade

As cidades, principalmente as grandes, como Ribeirão Preto, não param de crescer. Ao mesmo tempo, a cidade parou... ...parou no trânsito de carros, que, contraditoriamente foram criados (os carros) para ganharmos mais tempo na cidade e assim sobrar mais tempo para fazermos mais coisas.

Mas perceba como tudo ficou trocado. Hoje, em muitas cidades, o uso dos carros faz com que as pessoas percam tempo no trânsito truncado das ruas e assim, tenham menos tempo para fazer mais coisas. Uma incoerência.

Mas não podia ser outro o resultado da ausência de organização no trânsito e na mobilidade urbana. Não é de hoje que as políticas públicas se voltam para o automóvel, e tão somente para ele, restando pouca, ou nada, de atenção para os demais meios de locomoção que podem ser utilizados nas cidades. Ribeirão é um exemplo, lamentavelmente mau, da falta de investimento em mobilidade urbana. Até hoje, 2016, não temos na cidade um Plano de Mobilidade.

Em uma pesquisa feita na capital de nosso estado, São Paulo, carros particulares, que transportam apenas 28% de pessoas, ocupam cerca de 80% do espaço das vias. Enquanto isso, os ônibus de linha e fretados, que transportam 68% da população, ocupam somente 8% desse espaço.

Esses números só confirmam que, na verdade, a “má vontade” de nossos gestores sempre se voltou ao transporte coletivo e quem sempre usufruiu de “tratamento VIP” foram os carros, afinal, o transporte por ônibus em nosso país sempre foi considerado “coisa de pobre” e, como tal, nunca precisou ser eficiente, muito menos confortável.

Enquanto não se investe em meios coletivos de transporte e em meios alternativos aos automotores, se tem uma estrutura capenga nesses meios, sem investimento e isso se torna um grande estímulo para que as pessoas busquem carros ou motos, alimentando esse consumo.

Por um lado muita gente lucrando com a precariedade, por outro lado, muito mais gente ainda sendo prejudicada com a mesma precariedade.

A mobilidade urbana no Brasil não é um problema financeiro. Em 2.012 o governo Dilma anunciou verba de 32 bilhões para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da mobilidade urbana. O foco para os investimentos é a construção de metrôs, veículos leves sobre trilhos (VLT) e corredores de ônibus em cidades que possuem entre 250 mil a 700 mil habitantes.

O orçamento federal de 2.012 já previa uma verba de 2,1 bilhões de reais para obras de mobilidade urbana. Deste valor, até o final de 2013, foram gastos pelos municípios apenas 64,8 milhões. Daí se conclui que não há ausência de dinheiro para investimento em mobilidade urbana, mas sim, ausência de prioridades.

E o que fazer então?

Especialistas em tráfego dizem que a saída é grandes investimentos em transporte público coletivo.

O transporte público coletivo deve contar com todas as comodidades que atraem as pessoas para o transporte particular, tais como ar condicionado, rapidez, insulfim no lugar da cortina, limpeza, número limitado de pessoas por coletivo, de maneira  a não lotá-los. Se o transporte público não oferece as mesmas condições que o transporte particular, ele perde na disputa.

Devemos fazer a defesa do passe livre para todos, para concretizar o acesso das pessoas à cidade e, por conseguinte, aos direitos que cada um faz jus, bem como, como medida indispensável para atrair as pessoas para o transporte público coletivo, ciclovias com bicicletários espalhados pela cidade e locais de trabalho preparados com vestiários em que os trabalhadores possam tomar banho, integram um sistema organizado e sustentável de transitar pela cidade.

Investimento e prioridade para transporte público coletivo (ônibus, metrôs, veículos leves sobre trilhos, etc). No tocante à agilidade do transporte público, ela vem com corredores só para ônibus nas vias e um sistema como o de radiofrequência utilizada nos pedágios, para que os ônibus não tenham que parar no semáforo vermelho, isto é, assim que o ônibus estiver se aproximando o sinal automaticamente ficaria verde para o ônibus passar, Plano Municipal de Mobilidade Urbana, Conselho Estadual e Municipais de Mobilidade Urbana, integração das políticas de transporte público e uso e ocupação do solo, Plano Cicloviário. Assim poderemos de fato ter mobilidade urbana nas cidades.


Raquel Montero

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