Raquel Montero

Raquel Montero

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Dando o peixe e ensinando a pescar

  


   O programa Bolsa Família, do governo federal, completou, em 20 de outubro, 12 anos de existência. Lançado pelo então presidente Lula, ele teve sequência com a presidenta Dilma. Em Ribeirão Preto o Programa atende 9.936 famílias. No acumulado entre janeiro e julho de 2015, as famílias beneficiárias ribeirão-pretanas receberam R$ 10.386.323,00.


    Em recente manifestação da Secretária Municipal de Assistência Social de Ribeirão, Maria Sodré, foi dito por ela que o programa Bolsa Família é muito bom, notadamente pelas exigências que precisam ser seguidas para receber o benefício mensal do Programa, além de acabar com a extrema pobreza e de movimentar o comércio de Ribeirão Preto, o que é bom para os comerciantes e também para os usuários.

  Através do Bolsa Família providências são atendidas pelos beneficiários, de maneira tal, quiçá, talvez nunca fosse atendidas tão rápido se não fosse pelo Programa, como manter as crianças na escola e ter acompanhamentos de saúde, como vacinação, exames pré-natal das mulheres, entre outros. Maria Sodré declarou ainda que pelos dados de junho de 2015, 96,8% das crianças de 6 a 15 anos de Ribeirão Preto estavam frequentando as escolas, ou seja, de um total 13.002 crianças, 12.591 delas estavam nas salas de aula. No mesmo mês, os dados relativos à saúde indicam que 71,1% das 9.109 famílias, ou seja, 6.476 delas, tiveram registros de acompanhamentos médicos. 

  Pois bem, os benefícios do Bolsa Família já ficaram comprovados nos 12 anos de existência do Programa e com os 48 milhões de brasileiros beneficiados. Apesar disso, no entanto, paralelamente sempre existiu o preconceito contra o Programa, em resumo, atacando-o de assistencialista e gasto de dinheiro público. 

  Contudo, o preconceito, com fundamento nesses ataques, sempre foi em vão, pois a própria experiência tratou de os refutar. Na prática o Programa mostrou que não dá para chamar o Bolsa Família de assistencialista se ele mesmo fez com que mais de 2 milhões de famílias saíssem do Programa porque melhoraram sua renda e não precisaram mais do Bolsa Família. Foi na prática que também mostrou que o Bolsa Família é investimento ao invés de "gasto do dinheiro público". Senão vejamos, cada R$ 1,00 investido no Bolsa Família retorna em R$ 1,78 para o PIB brasileiro. Gasto ou investimento do dinheiro público?

  Enfim, isso tudo já é sabido. O que me faz repetir, e com alegria, tais informações, é a ocorrência de mais um fato recente na coletânea de boas experiências que o Bolsa Família vem colecionando. O fato foi contado através de um artigo de Moisés Mendes no jornal gaúcho de Porto Alegre, o Zero Hora. Conta o artigo, que pode ser visto na íntegra no Zero Hora; 
  
   A personagem do ano é a mulher que sai de casa arrastando chinelos e se dirige a uma repartição do município para dizer:
– Vim aqui devolver o cartão do Bolsa Família.
A cena repetiu-se durante todo o 2015 em prefeituras do sertão nordestino ou daqui mesmo, de Canguçu, de Rosário, de Cacequi. A mãe aprochega-se do balcão para anunciar uma decisão importante. Enfia a mão na bolsa em busca do cartão e puxa aquilo que é provisório em meio a outras coisas muito permanentes. E a moça do guichê pergunta:
– A senhora pode me dizer por que está devolvendo o cartão?
– Porque agora, e enquanto Deus desejar, não preciso mais disso.

  São as mulheres que fazem a gestão do benefício do Bolsa Família. Multiplicam os contadinhos. Mas, segundo alguns contrariados com tanta fartura, seriam o exemplo de povo viciado em esmolas. Uma mãe viciada em cento e poucos reais por mês.

  Uma mãe assim deveria dar curso de bons modos aos que atacam o Bolsa Família como distorção que não faz bem ao povo e ao país. 

  E também juízes, promotores e procuradores beneficiados com auxílio-moradia e auxílio- alimentação perpétuos podem aprender com uma mãe pobre que se dispõe a devolver aquilo de que não precisa mais, porque arranjou um emprego ou descobriu um jeito de se virar sem o socorro do governo.

  A personagem de um ano de crise braba não é uma, são as milhares de mães que entregaram o cartão do Bolsa Família em 2015, sem que ninguém lhes pedisse.

  Os outros agarrados a benefícios mais graúdos, que ainda se lambuzam em privilégios que eu, você e todos nós pagamos, deveriam conversar com essas mães. Mas é difícil. Eles preferem continuar viciados em bolsas fartas que também as mães do Bolsa Família ajudam a sustentar.


 Despeço-me desejando vida longa ao Bolsa Família. Uma bolsa de transformações sociais.

Raquel Montero

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