Raquel Montero

Raquel Montero

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Mais uma vez um homem!

Foto: Milena Aurea/ A Cidade



Tivemos recentemente a eleição da presidência da Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto, bem como de sua mesa diretora.

Por várias razões se pode contestar ou criticar os eleitos, notadamente, o Presidente da Casa de leis de Ribeirão. Mas agora, quero focar num ponto; mais uma vez um homem!

Sim, lastimavelmente, mais uma vez.

Sem entrar no mérito de quem seria ou seriam as candidatas vereadoras à presidência da Casa, de quais partidos são, mas focando unicamente, agora, no gênero - masculino/feminino - e buscando sua igualdade, verificamos que essa não se realiza. E há tempos não se realiza.

Voltando um pouco que seja na história, nos últimos 05 anos, quem foram os presidentes da Câmara de Ribeirão? Homem, homem, homem, homem, homem.

A situação já começa desigual na própria composição da Câmara. São 22 cadeiras na Casa, e apenas 02 delas são preenchidas por mulheres. Na legislatura anterior eram 20 cadeiras, e mais uma vez, apenas duas delas ocupadas por mulheres.

O foco agora é a recente eleição da presidência da Câmara, mas aproveitando o ensejo e para aprofundar na análise da desigualdade, lembro que a Prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera, pertencente a outro poder da cidade, o Executivo, é a primeira prefeita de Ribeirão. Antes, todos prefeitos.

Desigualdade que se verifica em todo o Brasil, e aqui, então, se tem mais um reflexo da cultura de um povo, no caso, do povo brasileiro. Para ficar em dois exemplos de âmbito nacional, e que podem ficar só em dois mesmo porque são contundentes e pela contundência revelam o grande abismo da desigualdade em que estamos; há apenas três anos (quase quatro) a primeira mulher ocupou espaço na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, Dilma é a primeira Presidenta da República.


Temos omissões e ações discriminatórias que fazem com que desde os primórdios até hoje sejamos consideradas menos em grau de importância nos diferentes trabalhos, e, notadamente, em cargos de direção. E com isso nossa participação nesses cargos ainda é muito pequena e muito menor que de homens, muito embora sejamos mais no total da população brasileira.


Todavia, quando a disputa ou escolha para um cargo se dá, realmente, por critério de melhor técnica ou conhecimento, as mulheres lideram a ocupação nos cargos de trabalho, exemplo enfático disso ocorre nos concursos públicos.


Em casa, no trabalho, nos relacionamentos, temos que ocupar o espaço que é da mulher, nem melhor, nem pior que o do homem, um espaço igual. Todos nós somos uma individualidade que coexiste coletivamente, sem ter poder e direito de anular o outro, portanto, a mulher não é substituível, ela é parte da sociedade e a sua diferença com o homem traz a complementação necessária para que possamos viver em harmonia em todos os aspectos.  


A igualdade de fato também trará o respeito que está faltando nas relações, e assim não veremos mais a violência praticada contra a mulher. A cada 05 minutos uma mulher é espancada no Brasil. Em 70% dos casos o marido ou namorado que bateu ou matou. Quase 70% das mulheres que procuram atendimento na rede pública de saúde para curar ferimentos foram agredidas dentro de casa. Toda essa violência também é resultado da discriminação. Discriminação que temos que destruir para que tenhamos respeito, igualdade.


Que o resgate histórico que os novos tempos estão buscando fazer sobre a discriminação sofrida pela mulher seja cada vez mais forte, aguerrido e incansável, do contrário as transformações sociais que queremos ter para uma sociedade mais justa e mais pacífica, não ocorrerão, porque só com igualdade de fato teremos igualdade em direitos.


Somos todos partícipes da mesma sociedade, e, desse modo, todos nós colheremos os frutos produzidos socialmente, sejam eles doces ou amargos. A discriminação à uma mulher não é só a discriminação à uma mulher, é uma agressão  à todo o gênero feminino, aos filhos e às gerações futuras que geradas com discriminação terão grande probabilidade de também reproduzirem discriminação.

Raquel Montero


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