Ontem fui convidada para palestrar no encontro sobre
Segurança Pública, convocado pela Associação de Moradores do Complexo do
Mirante, composta pelos bairros Portal do Alto, Arlindo Laguna, Jamil Seme Cury
e Lacerda Chaves. O encontro reuniu a Polícia Civil através de uma delegada, a
Polícia Militar, através de seu Capitão e um soldado e moradores.
Em minha fala manifestei que
enquanto faltar qualidade na educação e oportunidade de trabalho, sempre haverá
saída para a criminalidade e qualquer outra medida será mero paliativo.
É fundamental oferecer serviços
públicos básicos que evitem que as pessoas recorram à criminalidade. Havendo
essa oferta, ainda é necessário investimentos para que tenhamos uma segurança
pública que tenha condições de prevenir o crime. Porém, na prática, não é nada
disso que verificamos em São Paulo.
A Polícia Militar do estado de São
Paulo é a terceira pior remunerada. Os baixos salários, a precariedade das
instalações e das condições deixam as Polícias Militar e Civil do Estado de São
Paulo desassistidas em um momento em que as duas forças são peças fundamentais
na luta contra o aumento dos índices de criminalidade.
Viaturas quebradas, coletes à prova
de balas vencidos e armamento defasado, muitas vezes em situação de inferioridade
ao utilizado pelos bandidos, são alguns dos pontos citados por policiais
militares de São Paulo.
Na Polícia Civil, os salários
considerados baixos para delegados iniciantes (R$ 5,4 mil) levaram a Associação
dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) a iniciar uma campanha
para incentivar delegados da ativa a fazerem concurso para trabalhar no Paraná,
onde o salário inicial é de R$ 13 mil.
Segundo informações da ADPESP, a
cada dez dias um delegado desiste do cargo.
O que vemos são profissionais que
trabalham, mas o empenho poderia ser outro e, com isso, a agilidade e o
resultado da investigação seriam totalmente melhores. A grande maioria não está
feliz e muitos pensam em deixar a carreira porque não vale a pena. E não é só a
vida do profissional que está em risco e, sim, de toda sua família, que acaba
sofrendo ameaças e vinganças de criminosos.
Segundo as entidades, o nível
salarial da polícia civil paulista está classificado em 26º lugar entre os 27
Estados brasileiros. O empobrecimento da corporação tem provocado uma enorme
debandada de policiais, que optam por trabalhar em outros Estados ou
simplesmente mudam de profissão.
O vencimento médio de um Bombeiro
no Estado de São Paulo é de R$ 2.000,00. Esta em 8º lugar dentre os vencimentos
de Bombeiros com relação aos demais estados e o Distrito Federal, sendo que o
mais alto valor é pago pelo Distrito Federal, R$ 3.453,70.
Somos o estado mais rico da
federação, mas, no entanto, o que nosso estado paga para profissionais que têm
a função de salvar vidas, uma função altamente nobre portanto, é vergonhoso, e
está atrás de vários outros estados que, por sua vez, tem menos condições
financeiras que o Estado de São Paulo.
As fotos são da querida fotógrafa, Thaís
Ilyna, que fez o registro do evento.
Raquel Montero
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