Raquel Montero

Raquel Montero

terça-feira, 14 de julho de 2015

Governo nos Bairros... ..."cadê"?



Um programa auspicioso. Uma brilhante iniciativa. Conjugar a vontade da comunidade com a gestão do Executivo para definição e construção de políticas públicas a serem executadas em cada bairro da cidade. Com essa ontologia nasceu o programa municipal Governo nos Bairros. Uma ideia da gestão da, na época, 2011, prefeita Dárcy Vera, e pouco tempo depois, também candidata a reeleição para o Executivo municipal pelo PSD.

Já a caminho da campanha eleitoral de 2.012, referente as eleições municipais, a Prefeita Dárcy Vera, já prefeita mas também já buscando a reeleição, inicia a execução do programa Governo nos Bairros, fazendo reuniões nos bairros de todas as regiões de Ribeirão Preto. As cinco regiões - leste, oeste, norte, sul e centro - foram divididas em 18 sub-regiões, e cada uma das 18 sub-regiões recebeu do programa uma verba de 1 milhão para execução de obras públicas.

Funcionou assim: as obras selecionadas em 2.011, conjuntamente, entre o Governo e as comunidades, seriam, conforme estabeleceu o programa e foi anunciado pela Prefeira Dárcy Vera, executadas no ano de 2.012, e as obras selecionadas em 2.012, seriam executadas em 2.013, e assim sucessivamente.

Promessas feitas, reuniões realizadas (diversas reuniões) e pactos firmados. Acreditando na ideia, muitas pessoas saiam do trabalho e iam direto para as reuniões, levando até suas marmitas. Num exemplo de cidadania, as pessoas de cada uma das sub-regiões participaram ativamente do programa.

Após as tratativas vem o tempo da execução das obras. O ano de 2012 passa ileso, sem o cumprimento do programa. Chega 2.013, e a inércia continua. Sem obras. Só promessas.

Reivindicações de explicações são feitas, de várias formas e por várias vezes, à Prefeitura. E as promessas continuam, porém, sem obras.

Reforça-se as reivindicações por respostas que expliquem a pendência das obras. E respostas evasivas são dadas, que vão alimentando o descrédito nas promessas feitas.

No eco das perguntas que não encontraram respostas, a Câmara de Vereadores foi provocada para fiscalizar também esta situação, ou seja, POR QUE AS OBRAS DO PROGRAMA GOVERNO NOS BAIRROS NÃO FORAM EXECUTADAS ATÉ O PRESENTE MOMENTO? EXISTE DE FATO A VERBA ANUNCIADA PARA O PROGRAMA? COMO SE CHEGOU AO ORÇAMENTO ATRIBUÍDO A CADA OBRA SELECIONADA NO PROGRAMA?

Perguntas simples, até serem perguntadas para o Governo, onde se tornaram bem complexas para serem respondidas.

A Câmara, por sua vez, também não trouxe as respostas para o caso.

Governo e Câmara foram levadas ao Ministério Público Estadual, para as devidas averiguações.

No afã das respostas, as reivindicações continuaram. E o Governo é procurado mais uma vez. E em mais essa tentativa, já em julho de 2.013, o Governo marca uma reunião para prestação de contas sobre o programa. O Governo ainda não tinha as respostas e "precisava de tempo" para prepará-las. A reunião é aceita pelo movimento dos moradores que reivindicam as obras.

Já na reunião marcada a verdade é revelada, a luz se acende. "Não há dinheiro para executar as obras pendentes", diz o Chefe da Casa Civil, Lair Luchesi Júnior.

Poucos dias atrás, porém, Luchesi havia dito para a imprensa que o dinheiro estava guardado no cofre público. Tudo devidamente guardado para o cumprimento do programa. 

Perguntado sobre propostas para resolver as obras pendentes e os 36 milhões acumulados para a execução do programa, disse ele que não há como acumular os 36 milhões para serem executados. Em outras palavras, "o que passou, passou", fica no passado. Disse ele que o que podemos fazer é pensar nos orçamentos futuros e ver o que se pode fazer com eles.

Xeque-mate. Conseguimos a declaração formal e oficial que precisávamos para publicizar o que foi o programa até agora; mera promessa, inclusive, promessa utilizada em campanha eleitoral. Um programa, todavia, que poderia ter sido o melhor instrumento de efetivação de políticas públicas do atual governo. Agora está claro, para todos que tenham olhos de ver e ouvidos de ouvir. Para que ninguém alegue desconhecimento e para que, diante de novas promessas, se analise criteriosamente as promessas feitas e por quem são feitas.

Sem propostas para resolver o problema e sem dinheiro para cumprir com o prometido. O que existem, como sempre existiu, são promessas.
Para quem acredita nas promessas desse Governo, o programa Governo nos Bairros continua, no entanto, as reuniões que deveriam ter sido chamadas em 2.013 para selecionar as obras a serem executadas em 2.014, não ocorreram, bem como as audiências que deveriam ter sido chamadas em 2014 para selecionar as obras a serem executadas em 2.015 também não ocorreram. Por que será?

Durante as audiências públicas realizadas em 2.011 e 2.012, a Prefeitura recebeu 187 indicações de obras, sendo que até agora só 32 foram entregues à população. O Programa não aparece mais no orçamento, mesmo devendo 155 obras.

Um governo que não consegue realizar políticas públicas se apóia em promessas. Promessas que venham a substituir as omissões. Assim como aquele que tem verborragia para tentar camuflar sua inação. Promessa é a típica gestão do gestor que não tem competência para concretizações.


Raquel Montero

Artigo também publicado no site do PT;



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