Em
cerimônia nesta quarta-feira (18), a Presidenta Dilma lançou o que ficou
denominado de "Pacote Anticorrupção". “A guerra contra a
corrupção deve ser, simultaneamente, uma tarefa de todas as instituições, uma
ação permanente do governo e também um momento de reflexão da sociedade de
afirmação de valores éticos”, afirmou Dilma durante a solenidade.
São sete medidas ao todo, sendo que cinco delas dependem de aprovação do
Congresso.
A primeira
é a assinatura de um acordo
de cooperação entre
diversas entidades, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a
Controladoria-Geral da União (CGU), a OAB e o Conselho Nacional do Ministério
Público para a avaliação de propostas para agilizar processos judiciais,
procedimentos administrativos e demais procedimentos relacionados à prática de
ilícitos contra o patrimônio público. A segunda é a publicação do decreto que regulamenta a Lei
Anticorrupção. O texto incentiva as empresas privadas a adotarem
códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes para detectar desvios e
irregularidades contra a administração pública, além de disciplinar o acordo de
leniência com empresas culpadas de corrupção e estabelecer multas e outras
punições às companhias condenadas.
Todas as outras cinco medidas dependem do Congresso. No
pacote, o governo pede urgência
para a votação do projeto de lei nº 2.902/2011, que prevê a alienação antecipada de
bens sobre os
quais haja provas ou indícios suficientes de ser produto ou proveito de crime,
e a votação do projeto de lei nº
5.586/2005, que tipifica o enriquecimento ilícito e prevê penas de 3 a 8 anos para quem possuir, adquirir ou fizer uso de bens
incompatíveis com renda ou evolução patrimonial.
Além disso, o governo enviará três projetos de lei ao
Congresso, um pedindo Ficha
Limpa para Servidores dos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; outro viabiliza o confisco dos bens que sejam fruto ou proveito de
atividade criminosa, improbidade e enriquecimento ilícito; e um terceiro com a criminalização do Caixa 2 no âmbito da lei eleitoral, com pena
de três a seis anos ou de três a dez anos conforme o tipo de utilização desse
recurso.
Em seu discurso, Dilma tentou se mostrar aberta às reivindicações dos
manifestantes de 15 de março, levados às ruas, em grande parte, pela bandeira
anticorrupção. Dilma afirmou que seu governo tem um "compromisso" e
"obrigação" de combater a impunidade, encarada
por ela como "o maior fator que garante a reprodução da corrupção".
"Todos
os brasileiros de bem, de boa fé, mesmo aqueles que não votaram em mim, sabem
que a corrupção no Brasil não foi inventada recentemente", afirmou.
"O Brasil de hoje combate a corrupção. As notícias sobre casos aumentam
porque eles não são mais varridos para baixo do tapete", disse.
É fato que num país regido por leis expressas, o seu
arcabouço jurídico e legal deve contemplar medidas como essas. Há os que podem
dizer agora; "veio tarde". Mas enfim, até o presente momento, após
todos os demais presidentes que nos antecederam, elas nunca existiram. Foi a
Presidenta Dilma que as concretizou. Ponto para ela.
É fato, também, como disse a Presidente, e razão assiste a
ela, que corrupção existe por conluio de pessoas, no mínimo duas. Existe em vários
setores, e não só no público, como faz prova as denúncias contra igrejas,
padres, empresas privadas, famílias, etc. Portanto, o fim da corrupção ou sua
inexistência, depende da decisão de cada um que é testado em diferentes
momentos da vida.
Nesse sentido, cito, a título de exemplo, uma situação
recente ocorrida na Câmara de Ribeirão Preto para mostrar o contraste de condutas (de um lado o da Presidenta Dilma, e de outro, o dos vereadores). Em 10 de
dezembro de 2013, 20 dos 22 vereadores de Ribeirão Preto aprovaram as contas da
Prefeita Dárcy Vera que foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado
(TCE).
Eu discordo absolutamente dessa aprovação.
As contas tinham que ter sido reprovadas pelos vereadores, pois os fundamentos
usados pelo TCE para a reprovação das contas revelam flagrantes de graves
irregularidades que inclusive levam a inelegibilidade da Prefeita por oito anos.
Na época, dezembro de 2013, listei os principais motivos pelos quais defendi a
reprovação das contas apresentadas pela Prefeita, sendo estes;
- nos últimos 4 anos a Prefeitura registrou
déficit orçamentário seguido. O déficit orçamentário atual é de 8,52%;
- há incompatibilidades entre programas e ações
previstas no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei
Orçamentária Anual;
- houve aumento de terceirização de servidores
por intermédio de contratos com a Companhia de Desenvolvimento Econômico de
Ribeirão Preto (CODERP);
- não houve recolhimento de precatórios;
- despesas com publicações não licitadas;
- em contrato da Prefeitura com a CODERP a
Administração passou a pagar preços muito superiores aos que vinha praticando,
configurando preços superiores ao de mercado. Tal prática se deu sem cobertura
contratual durante 3 meses;
- Município ainda não tem Plano Municipal de
Saneamento Básico;
- alto número de comissionados que extrapolou
o limite legal.
São motivos graves e suficientes para
reprovação das contas e, por conseguinte, para a inelegibilidade da Prefeita.
Porém, os vereadores aprovaram as contas e seguimos com essas irregularidades. Nenhum dos vereadores que votaram pela aprovação subiu na tribuna para justificar o voto.
Dos 22 vereadores, tão somente dois não
votaram pela aprovação; Gláucia Berenice (PSDB)
e Cícero Gomes (PMDB). Cícero não votou porque, na época, era o Presidente da Câmara
e não precisava votar, e a oposicionista por ter deixado o plenário momentos
antes.
É a decisão de cada um que faz a situação mudar ou não.
Raquel
Montero
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