Arte; Site Carta Capital
Foi aprovado na Universidade de São
Paulo (USP), no dia 04 de julho de 2.017, a reserva de vagas para alunxs oriundxs
de escolas públicas e alunxs autodeclaradxs pretos, pardos ou indígenas.
Pela primeira vez na história da USP
ela adota a política de cotas no seu vestibular tradicional, a Fuvest.
A proposta foi apresentada pelo Núcleo de Consciência Negra da USP
e protocolada pelo Conselho de Graduação no dia 18 de maio. O documento original
enviado pelo Núcleo seguiu a lei de cotas de 2012, que reserva 50% das vagas em
universidade públicas para alunxs oriundos de escolas públicas, e destas, 37,5% para candidatos autodeclarados
pretos pardos e indígenas (PPI), índice equivalente a proporção deste grupo no
Estado de São Paulo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
A conquista é muito mais uma vitória do
movimento negro do que uma flexibilização dos membros do Conselho da USP, do
contrário a USP não seria, até então, e desde que as cotas foram criadas, a
única universidade estadual sem cotas.
A medida, no entanto, é apenas o começo, pois são necessárias políticas
de investimento para a permanência desses alunos na universidade, tendo em
vista toda a desigualdade social existente entre xs candidatxs, e, posteriores,
alunxs, e que faz com que as condições desiguais, notadamente de renda, não
permitam ou prejudiquem que xs alunxs continuem o estudo.
As cotas possuem dupla função, uma é a
de democratizar o acesso à universidade, e a outra, a de transformação do
ambiente com a instalação da diversidade na convivência dos ambientes da
universidade.
A formação fica incompleta se o próprio
berço da formação não propicia no estudo e aprendizado a diversidade existente
na sociedade e que será elemento permanente de convivência com todxs xs
profissionais no mundo fora da universidade.
As mudanças no sistema de ingresso serão escalonadas. No processo
seletivo que ocorrerá no fim deste ano serão reservadas 37% das vagas em cada
unidade de ensino e pesquisa. No ano seguinte serão 40%, seguido de 45% em
2020. Somente em 2021 a metade das vagas de graduação oferecidas pelo
vestibular comum serão preenchidas por cotistas.
Até então, a USP era a única universidade estadual paulista a não
adotar cotas no seu principal sistema de ingresso. A pioneira foi a
Universidade Estadual Paulista (UNESP), que adotou o sistema em 2013. A USP só
tinha desde 2.006, como continua tendo, mas agora paralelamente às cotas, sistemas
de bonificação para xs candidatxs do vestibular que sejam oriundos de escolas
públicas.
A Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) aprovou no dia
30 de maio a adoção de 50% de cotas para alunos oriundos da rede pública, e
37,5% destes são reservados a candidatos autodeclarados pretos, pardos e
indígenas. A nova política passa a valer a partir do processo seletivo para
2019.
Bom, este foi mais
um passo, mas outros imprescindíveis, também têm que ser dados, como é o caso
de cotas nos concursos para docentes e funcionários, e nos cursos de pós-graduação, como especialização,
mestrado e o doutorado.
Raquel Montero
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