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Na
sexta-feira passada, 18 de janeiro, ocorreu uma reunião na Prefeitura de
Ribeirão Preto onde foi falado sobre soluções para a implantação de novas
creches na cidade, tendo em vista o déficit de vagas. Participou dela o
Prefeito Nogueira (PSDB), o vice-presidente do Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJSP), Desembargador Artur Marques da Silva Filho, o Desembargador José
Carlos Gonçalves Xavier de Aquino, o Juiz da Vara da Infância e Juventude de
Ribeirão Preto, Paulo Cesar Gentile, e o Juiz da 1º Vara da Família de
Ribeirão, Ricardo Braga Monte Serrat.
O
assunto é antigo em Ribeirão. Já existia o problema de déficit de vagas em
creches no governo anterior. Continua existindo agora, sobre a administração de
Nogueira que já está em exercício de mandato há dois anos. São cerca de 3 mil
crianças sem creche em Ribeirão, e no Brasil, para
cada quatro crianças de zero a três anos que vivem no Brasil, apenas uma está
matriculada nessa etapa de ensino. Como falar em cidade rica com esse cenário?
Precisamos
alertar; crianças não são felizes
sozinhas! Crianças são felizes e se desenvolvem bem sendo cuidadas! Crianças
serão felizes com educação e saúde públicas de qualidade.
Crianças
estimuladas nos primeiros anos de vida e que passam pela educação infantil têm
mais chances de ter bons resultados no ensino fundamental, de concluir a
educação básica e de contribuir para quebrar o ciclo de pobreza no país,
afirmam especialistas em Educação. O
aprendizado em creches e pré-escolas ajuda no desenvolvimento cognitivo, físico
e nas atividades relacionadas à criatividade, socialização e memória.
A falta de vagas em creches leva,
ainda, a outro problema; o desemprego da mãe, que tem que ficar em casa para
cuidar da criança e o menor poder aquisitivo da família que não pode contar com
a mãe trabalhado fora de casa, só podendo contar com um dos genitores para
fazer isso. As que ainda tentam superar essa barreira, não por opção, mas por
necessidade, e vão trabalhar fora de casa, passam os próximos dias de suas
vidas angustiadas, porque tiveram que deixar uma “vizinha” cuidando do bebe em
ambientes não adequados, porque não tiveram vaga em creche.
A absoluta maioria das mulheres torce
pra conseguir uma vaga em creche quando o bebe tem 100 dias, para fazer a
adaptação nos últimos 20 dias da licença. Muitas mulheres são demitidas ao
voltar para o trabalho, simplesmente porque se tornaram "mães" e o
patrão não gosta porque acha que passaram a ser empregadas "problema"
pelo simples e natural fato de se tornarem mães.
E para ajudar nesse déficit de nossa
cidade e de quase todas as cidades do Brasil, o governo Temmer (MDB), através
da Emenda Constitucional 95 congelou por 20 anos os investimentos (investimentos,
não "gastos") em saúde e educação.
Prefeito Nogueira, veja as crianças de
nossa cidade como se fossem os seus três filhos, Antônio, Otávio e João, aqueles para os quais acredito que o
senhor quis dar o melhor. O senhor sabe que elas precisam, sim, de cuidados. E
para isso precisam também do Estado. Esse investimento tem que ser priorizado. E
toda vez que o Estado falta, se ausenta, mais uma vez, sobra para as mulheres,
porque são elas que abandonam seus trabalhos para ficarem em casa cuidando dos
filhos, são elas que ficam nas filas dos postos de saúde e de hospitais para
levarem seus filhos. E ai, Prefeito, aprofundamos um outro problema antigo, o
da discriminação e desigualdade entre homens e mulheres.
Alguém
já disse que se pode reconhecer o valor de um país pelo modo como trata suas
crianças. Entendo que vale o mesmo para uma cidade, e acredito que o senhor
concorda com isso.
Raquel
Montero