Raquel Montero

Raquel Montero

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Vamos manifestar sim, em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos sociais



Em Admirável Mundo Novo,  Aldous Huxley, nos descreve as abomináveis formas de manipulação da sociedade. É um mundo que corrói e vai aniquilando a alma das pessoas, que sobrevivem dai como zumbis mendigando. Assim também 1984, de George Orwell. As obras se tornaram clássicos pela maneira como retrataram muitas realidades e como profetizaram várias outras. Décadas se passaram e tais obras se mostram ainda tão atuais, senão vejamos  os tempos atuais. São de sucessivos ataques golpistas. A América Latina é o principal foco. E no foco dos focos, trago a análise para o Brasil atual.

O pacto político e social da Constituição de 1988 está sob um ataque de exceção. Exceção de diversas formas, inclusive no destinatário dos ataques. Os que se manifestam contra a corrupção, dirigem seus ataques a um só partido político, que são os mesmos que se dizem "apartidários". Os que se dizem de movimentos sociais vão para a rua sem defender um tema ou pauta específica, são contra tudo e não defendem nada. Admirável Mundo Novo!

Este ataque representa a maior ofensiva organizada pelas forças políticas da direita e pelo oligopólio da mídia conservadora, desde 1964.
       
A luta contra a corrupção, que deveria ser imparcial,  está sendo instrumentalizada por setores reacionários e foi colocada a serviço de um projeto autoritário de restauração de uma democracia restrita e de redução das funções públicas do Estado.

Ou não é a isso que se presta uma intervenção militar, proclamada nas ruas?

Ou não é a isso que se presta o financiamento empresarial de campanhas eleitorais mantido pelos partidos políticos que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no foco dos atuais ataques?

Ou não é a isso que se presta a redução da maioridade penal, defendida pelos partidos políticos que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no foco dos atuais ataques?

Ou não é a isso que se presta  os ataques às conquistas das mulheres, negros e homossexuais,  defendida pelos partidos políticos que não estão no foco dos atuais ataques?

Ou não é isso que se presta a terceirização irrestrita, defendida pelos partidos políticos que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no foco dos atuais ataques?

Ou não é a isso que se presta o monopólio e oligopólio dos meios de comunicação, defendida pelos partidos políticos que votaram a favor dessa anomalia, e que não estão no foco dos atuais ataques?

Alguém viu no dia 16 de agosto manifestações contra esses temas?

A direita e o grande empresariado fomentam o ativismo judicial seletivo, antidemocrático, para desestabilizar o pacto político de 1988.

Nesse diapasão, as esquerdas e as forças comprometidas com a democracia e com o avanço social precisam se unir em torno da reforma política e pela democratização dos meios de comunicação, tumores do Brasil. Estas são as grandes causas da corrupção. Estas deveriam ser os focos das manifestações.

Unir-se pela verdadeira liberdade de imprensa, que implica no direito à livre circulação da opinião, normalmente censurada pelos oligopólios, e pela transparência e democratização das concessões para rádios e TVs, que hoje são feitas no subsolo da política nacional.

O nosso “ajuste” deve ser outro. Deve garantir o crescimento com a ampliação dos investimentos para combater desigualdades sociais, regionais e gargalos produtivos. Deve visar um projeto de nação democrática e justa. E todos os temas citados acima, e que não estão sendo reivindicados nos ataques golpistas atuais, são imprescindíveis para esse projeto e crescimento, inclusive,  a democratização da estrutura tributária brasileira é essencial para que o desenvolvimento soberano e inclusivo receba a contribuição dos que podem contribuir mais. E este é mais um ponto que essas "manifestações" não atacam. Ou alguém viu alguma reivindicação na rua pela tributação das grandes riquezas? Por que será que os ataques golpistas não reivindicam isso?

Vamos manifestar sim, em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos sociais, e essa defesas passam, necessariamente, pela defesa de Dilma como Presidenta do Brasil, eis que foi o exercício da democracia que a elegeu, através do voto, e retirá-la será o maior desrespeito e violência à democracia e todos os outros direitos que com ela se efetivam num país que se descreve como Estado Democrático de Direito, dentre estes, a liberdade e todos os direitos sociais.

Raquel Montero



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